sexta-feira, agosto 03, 2007

A senhora, se calhar...

A senhora, se calhar, nunca andou à porrada e se calhar até pensa que tem medo de andar à porrada.
Mas eu já andei muito à porrada. E a senhora, se andar à porrada é muito capaz de não ter medo nenhum.
Isso a senhora só sabe depois de andar à perrada. Ele dá cá uns nervos que a gente, a gente vai tudo à nossa frente.
Eu fui criada no Casal e a gente no Casal aprende muita coisa. Mas agora o Casal já não existe. Foi abaixo! Agora são só as casas modernas...
- Sabe a senhora? Isto são lutas de rua. Estas pessoas aprendem estas coisas nas lutas de rua. Começam logo quando são crianças, imagine!
- Eu já há muitos anos que não ando à porrada, mas... (sorriso extasiado)
- Confesse que tem saudades!
- Eu confesso que tenho saudades!
- Sabe, esta gente é assim. são as lutas de rua... aprendem tudo nas lutas de rua...
- Algumas mulheres são lixadas!
- Eu já andei à perrada com cinco!
- É verdade , é... é muito capaz de ser verdade!
- Eu andei à perrada com aquela gorda, chamavam-lhe a rainha do Casal. Toda a gente tinha medo dela. Foi ela e mais quatro!
Eu fui-me a ela e a mais quatro. E esfarrapei-a toda. Até lhe pus as ________ [os seios] à mostra. E depois o meu vizinho disse-me assim:
- Olha que tu és lixada! Esfarrapastes a Rainha do Casal toda. E até lhe pusestes as ________ à mostra e tudo!
- Não, sabe a senhora, algumas mulheres à perrada são lixadas! Piores do que nós, os homens. A senhora nunca andou à perrada, pois não? É que isso nota-se. Vê-se logo.
- Eu, o meu marido deu-me tanta porrada! Que eu tinha medo dele, eu tinha medo, terror, respeito, entende a senhora?
E um dia, logo pela manhã, o meu marido disse-me assim:- Olha que eu dou-te um murro! Ainda estava eu deitada na cama e ele disse-me assim: Olha que eu dou-te um murro! Ouvistes?
E eu, que já estava farta de apanhar perrada, eu disse-lhe assim:
- Então anda cá dar-me o murro!
E ele veio para mim e eu dei-lhe tanta porrada, tanta, tanta, tanta, que ele queria sair pela janela, por aquela janela ali, vê a senhora, que é onde eu moro, que é para onde eu fui morar quando saí do Casal.
Imagine a Senhora que ele até teve que ir Morgue.
- Morgue? Morreu?!
- Não, o que ela quer dizer é que o marido teve que ir ao Instituto de Medicina Legal para analisar os ferimentos. É assim que se faz, quando há agressão física, entende?
- Entende a Senhora, ele fez queixa de mim à guarda e queria-me meter na cadeia. Mas eu não fui.
- Ele há mulheres que são lixadas!
- Por exemplo, eu que lutei no boxe, eu digo-lhe a si: - Ele há mulheres que são lixadas! Por exemplo, alguns homens, se virem três, um contra três, acobardam-se. Mas algumas mulheres não, se virem três mulheres não se acobardam!
- São lixadas!
- E eu fui sozinha contra cinco, que era a rainha do Casal, mais a mãe e as duas irmãs e mais a filha! E não tive medo, saiba a senhora. Deu-me uns nervos!!!!!
- Então e depois, o seu marido nunca mais lhe bateu?
- Ele às vezes batia-me, que os homens quando têm amantes batem nas mulheres. Quer-se dezer, alguns têm amantes e batem nas mulheres. Que alguns têm amantes e não batem nas mulheres. É conforme a maneira de ser. Está a ver a senhora?
- Pois, eu, por exemplo, como fui do boxe, eu se der um murro num, mato um. Eu sou muito calmo. Quando há algum problema eu sou o mais calmo. Olhe aqui. Apalpe aqui a senhora este músculo: vê? Isto é pedra. Se me derem aqui um murro não dói nada. Ora dê-me aqui um murro! A sério! Dê! Com força! Com mais força! Eu aguento, não dói nada! Mas há mulheres que são lixadas!
- Que eu agora, sabe a senhora, com este marido, este marido que eu tenho agora, eu às vezes dou-lhe perrada!
- Ai sim?! Você a ele?
- Pois. São os nervos. E ele só me diz assim: ele agarra-me e diz-me assim:
- Está queta! És meluca!?
- Há mulheres que são lexadas!
- Eu uma vez peguei numa faca assim deste tamanho e fui para ele... E ele dizia:
- Está queta!! És meluca!?
Que é muito perigoso, sabe a Senhora? É um perigo, pegar a gente assim numa faca deste tamanho, mas a gente...´São os nervos...
- Há algumas mulheres que são lexadas! Saiba a Senhora!
- Ora ponha aqui a mão na minha barriga! eu nem tenho barriga, vê? Dê-me um murro aqui na minha barriga! Com força! Com mais força! Eu, como sou do boxe, eu a mim não me dói nada!
- Está a ver a senhora?


(Este  diálogo passou-se num café, não longe do extinto Casal Ventoso, referido como "Casal". 
São intervenientes no diálogo: a Nadinha, que quase não fala porque é uma pessoa discreta e observadora, uma senhora que gosta de andar à porrada, o senhor dono do café e um senhor que foi pugilista e que até ganhou medalhas de pugilismo. Tentar adivinhar de quem são as falas.)

quinta-feira, agosto 02, 2007

Livros de Auto-ajuda

Tenho lido opiniões muito consensuais sobre um livro de Auto-ajuda muito polémico, intitulado O Segredo ou Secret. É acusado de só dizer verdades evidentes, ou, pelo contrário, de ser inverosímil, mas sempre acusado com veemência.
Ainda não o li, mas gostava de dar a minha opinião sobre este tipo de livro.

Como vos contei recentemente, deixei de fumar (fumando mutíssimo) com a ajuda de um livro. E sem pensos de nicotina, nem rebuçados, nem mais nada.
Esse livro também só diz verdades evidentes, mas eu nunca as tinha ouvido nem lido: diz, por exemplo, que é muito fácil eu não fazer aquilo que não quero fazer. Neste caso não há nada de místico, é tudo muito racional.

Penso que, com a globalização do conhecimento, assistimos à divulgação e interacção de sabedorias regionais ou antigas, ou até pessoais, o que também se nota muito ao nível das medicinas alternativas.

Estas coisas chocam com o choque do novo, da novidade absoluta.

Não se lembram de como muitas pessoas ficaram chocadíssimas com os telemóveis? E não é verdade que essas pessoas já têm um ou dois? Este episódio é muito recente. Foi muito polémico porque punha em causa verdades evidentes:
Não se deve andar na rua sozinho e a falar, ou sozinho e a rir, os pobres não devem ter aparelhos supérfluos, etc. Até os meus amigos mais jovens se lembram disto e é algo que não devemos esquecer, pois é um comportamento recorrente em relação à modernidade.

Em questões de evidências, damos muito mais importância à opinião da nossa tia ou da nossa vizinha (Ó tia Inácia, eu não me refiro a si!, é só um exemplo).
Enfim, damos muito mais importância à opinião da nossa tia ou da nossa vizinha, por ser igual à nossa. Mas, por isso mesmo, não nos traz nada de novo...

A modernidade parecia ir só no sentido da técnica, do racionalismo puro, mas já desde os fins do século XIX que se desenha uma tendência mística, cada vez mais evidente e que não é incompatível com nada.

terça-feira, julho 31, 2007

Novos Blogs Favoritos

Andava há tempos para fazer isto: acrescentar alguns blogues aos meus favoritos, retirando outros, por razões várias.
Cada um dos novos substitui um dos velhos.

Amizade Virtual

Dedicado à minha amiga virtual Ave Canora Nocturna que quebrou recentemente uma asa

Tendemos a idealizar os ausentes.
Os que estão próximos irritam-nos pela mesquinhez do quotidiano e pelas conversas inúteis.
A amizade virtual é tão leve como uma pena
E tão bela como um pássaro.


Já agora, dedico estas palavras a todos os meus amigos virtuais.
E também àqueles que passaram de reais a virtuais.

domingo, julho 29, 2007

Cidadã da Roma Antiga

 



Cidadã da Roma Antiga vestida à moda da época, no momento de ser fotografada por cidadã portuguesa do Sec. XXI, vestida à moda da época, estando as duas a serem fotografadas por por cidadã portuguesa do Sec. XXI.
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D. Urraca

 


Espanha, Idade Média
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O Papel da Moda

O Papel da Moda foi uma exposição no El Corte inglés sobre a história da moda do vestuário feminino, toda feita de vestidos em papel. fotografei ialguns.
Ver os outros no meu outro blog (clicar em "ver meu perfil" e clicar no outro nome que lá está).

DEIXAR DE FUMAR

Fez ontem cinco anos que deixei de fumar.
Dêem-me os parabéns!
Eu era uma grande, enorme fumadora, mas, a ser verdade o que dizem, dentro de 5 anos vou estar quase igual a alguém que nunca fumou. Se ainda estiver viva!

Perguntarão por que deixei. Por nada, porque fumava demais. Houve um livro que li e que me ajudou muito, encontrei-o ao procurar informação sobre o assunto.
O autor chama-se Karr ou Carr, o título em inglês é "Stop Smoking", em português tem muitos títulos.
O autor tinha sido um grande fumador e morreu recentemente de cancro de pulmão. Estou a falar a sério. Mas só morreu 20 anos depois de ter deixado de fumar e estava muito doente quando deixou. Disse sempre que foi muito feliz durante esses anos. E eu acredito.

sexta-feira, julho 27, 2007

"O Império à Deriva"

Tenho lido e relido algumas coisas e deixo aqui algumas sugestões para férias.
"O Império à Deriva" de Patrick Wilcken. Ver entrevista


Não é um romance histórico, para variar, é mesmo história real, mas contada de modo aprazível. Alguns episódios são tão incríveis que nem podiam ser inventados, como este: à chegada ao Brasil, os que lá viviam esperariam ver uma corte europeia em todo o seu esplendor, mas o que viram foi bem diverso: a nossa rainha e muitas nobres da corte chegaram lá de cabeça rapada porque tinha havido uma praga de piolhos no barco em que seguiam.
Para além disso, muitos nobres (homens e mulheres) tinham fugido com a roupa que levavam no corpo e, como a viagem foi péssima, horrível, chegaram lá imundos e esfarrapados (e carecas). Viram-se mesmo na necessidade de pedir roupa e perucas emprestadas ao que já lá viviam. Enfim, o primeiro impacto não foi famoso e parece até que os brasileiros ficaram sempre com uma impressão horrenda dessa gente. Como o autor não é português nem brasileiro, a perspectiva é interessante e fiável. Acha, além disso, que foi um momento único e irrepetido da história do mundo, explicando porquê.

Ando a ler também, à mistura com outros, "O Terramoto de Lisboa e a Invenção do Mundo" de Luís Rosa. Isto segue mais ou menos a moda do romance histórico, mas as partes que se referem à realidade histórica são muito interessantes. O autor não resiste (sabe-se lá porquê) a tentar demonstrar que os portugueses são todos mais ou menos tarados sexuais, desde os reis e até aos bispos, passando pelo povo. Isto corresponde em parte à moda do romance histórico, que seduz desta maneira, mas este torna-se chato, porque parece uma tese sobre o assunto. Também corresponde à mentalidade comum e à ideia de que os portugueses foram por esse mundo fora a fazer filhos, embora não tivessem essa intenção, nem fosse essa a ideia; eu creio que era essa a ideia, precisamente, e acredito na castidade, não só motivada pela religião, mas mesmo por razões várias.
De qualquer modo, o terramoto de Lisboa foi algo de realmente grandioso, sobretudo porque se estava no verdadeiro início da sociedade da comunicação, com os jornais. (Estou a falar a sério). Foi falado em todo o mundo e aparece nas obras de autores russos, filósofos franceses, etc. E todos os lisboetas sabem de cor a data: 1 de Novembro de 1755.

Estou também a reler um livro que me agrada por razões puramente literárias, "O Menino de Areia" de Tahar Ben Jelloun e que encontrei num alfarrabista.
Narra a história, inteiramente fictícia e às vezes falada de modo poético, de uma mulher árabe muçulmana, que o pai decidiu, logo desde o nascimento, que seria um homem. Como já tinha sete filhas e era uma humilhação para ele não conseguir ter um rapaz, além de se perder a herança, que, segundo "O Alcorão" se transmite por via masculina, resolveu espalhar aos quatro ventos que tinha um filho, obrigando-a a viver uma existência falsa, mas que não lhe desagrada, uma vez que a coloca acima de todas as outras mulheres, incluindo as irmãs, a mãe e a esposa.

quinta-feira, julho 26, 2007

Cavaco Silva e Os Lusíadas

Quando o nosso Presidente da República, Cavaco Silva, era primeiro-ministro, foi muito gozado pelas gaffes culturais que cometia.
Também é rigorosamente verdade que o pobre do homem não perseguiu ninguém por isso. A comunicão social e o cidadão comum quase que lhe chamavam ignorante, mas tudo bem, ao contrário do que faz este primeiro-ministro, que manda para a rua quem disser que ele não é mesmo Sr. Engenheiro.
Vem isto ao caso, pelo seguinte:
Nessa época criticaram muito Cavaco Silva por ter dito que Os Lusíadas tinham nove cantos. Sempre me pareceu isso um pormenor sem importância. Mas não direi o mesmo do que passo a narrar.


No dia 10 de Junho 2007, dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, antigamente também se chamava Dia da Raça (portuguesa, que deve ser uma raça rafeira, julgo eu)...
Pois no dia 10 de Junho, dia de Camões, de Portugal e etc. até ver, foi feita uma cerimónia em que personalidades importantes liam algumas estrofes de Os Lusíadas.
Naturalmente, coube ao nosso Presidente da República ler a 1ª estrofe, que muita gente sabe de cor. Muita gente, mas não o nosso presidente!
Depois de se ter enganado a ler Taprobana, que leu doutra maneira qualquer, a gosto, sai-se com esta:
" E entre gente remota identificaram [deveria ser edificaram]/ Novo reino que tanto sublimaram"


Queridos: logo na 1ª estrofe de Os Lusíadas, o tio Luís glorifica o quê? quem? porquê?
Ora, os portugueses que identificaram um novo reino... qual seria o reino? Escrever um livro daqueles só para isso?
Terem os portugueses construído um "novo reino" há-de ter sido irrelevante, no entender do tio Luís.


Curiosamente, muita gente se deu conta disto, mas não se falou no assunto.


Ver também neste blogue

quarta-feira, julho 25, 2007

Bater latas e serrar a velha

Temos falado de tradições populares como algo de interessante, mas estas duas eram péssimas.

Quando um viúvo ou viúva tinham a intenção de voltar a casar, iam pessoas (homens) de noite, colocavam-se em volta da casa deles e batiam em latas.
ouvi uma vez este barulho e tive medo, porque era a voz estrondeada e muda de gentinha que tinha uma mentalidade arcaica e não queria dar a cara. Era suposto ser divertido e devia ser para quem participava, sobretudo pelas sugestões sexuais que insinuava. Mas era um atrevimento!

Sempre ouvi falar em serrar (sarrar) a velha no Entrudo (Carnaval), mas só agora, ao ler o livro "Fogo Morto" de Lins do Rego fiquei a saber o que era:
Quando uma rapariga passava a idade de casar, iam de noite para perto da casa dela e serravam madeira, para assim gozarem com ela e insinuarem isto.

Estas duas tradições eram criancices, ou melhor dizendo, canalhices.

Vocês não acham?

terça-feira, julho 24, 2007

E ainda a propósito...

Mas talvez o problema mais grave seja este:
Encontramos hoje em dia raparigas inteligentíssimas, sensíveis, ultra-trabalhadoras, que sabem cozinhar e lavar a loiça e que são óptimas no desporto. Não é raro ver-se uma rapariga assim.
E como é que uma miúda destas vai encontrar um namorado entre os palermas que conhece e que nem lêem um livro, porque acham uma seca?
Estarão condenadas a não se reproduzirem? Ou a reproduzirem-se a que custos, aos níveis emocional, económico, de carreira e de paciência de Job?

Enxadórium! Campórium!

Aí vai uma das histórias do meu avô, que neste caso deve ser uma anedota vulgar, embora antiga.
Era no tempo em que os estudantes (todos rapazes) que não dessem para os estudos iam cavar batatas, (sendo filhos de proprietários agrícolas médios e até grandes). Existiam cursos de agricultura, mas isso seria para os bons... e ninguém tirava esses cursos, talvez fosse para os idiotas e nobres? Não sou muito entendida em sociologia...

É assim a história:

O filho chega a casa de férias e de manhã não se levanta da cama. O pai pergunta-lhe se está doente e ele responde, num latim macarrónico, pois não sabia o latim verdadeiro:

- Paizórum, querum cafézorium in camórium!
O pai, que não sabia latim, percebeu e respondeu.
- Filhórium! Esse latinórium já se cá sabórium:
Enxadórium! Campórium!

Pois. Isto não é muito politicamente correcto, mas é verdade.
andam estes tipos a aborrecerem-se de morte, pois não são capazes de ler um livro e a aborrecerem de morte os colegas e os professores. Estes últimos metem atestados aos molhos e se calhar, tudo tinha uma solução:

Enxadórium! Campórium!

LOL LOL LOL
Boas Férias!

domingo, julho 22, 2007

Sexualidade (s)

Quando hoje cheguei a casa, muito cansada por razões várias, estava a dar na televisão um programa sobre sexualidade.
(Este hoje refere-se ao dia em que escrevi, claro!)

Ouvi e vi com alguma curiosidade, por ser um assunto sobre o qual ninguém pára de falar, mas ninguém sabe dizer nada. Há pessoas que sabem fazer, mas nem isso é muito relevante. Sabem fazer com quem tiver vontade de fazer o mesmo... com elas...

A certa altura, um sexólogo disse isto: para a mulher o acto sexual pode implicar gravidez, aborto, dor, hemorragias, etc., mas para o homem não há problemas. Concluiu também que as mulheres têm uma atitude de responsabilização e os homens uma educação irresponsabilizante a respeito do assunto.

Pareceu-me muito bem este comentário. De facto, os homens geralmente não se preocupam com a hipótese de a mulher engravidar, pois isso é um problema dela...
Embora os testes de ADN tenham introduzido uma mudança absoluta, as pessoas demoram muito tempo até se darem conta das mudanças.
Penso até que os rapazes têm hoje em dia uma educação desresponsabilizante a respeito de tudo. Pois se isto é o essencial, que mais lhes pode importar?


Por exemplo, em Portugal, e é de Portugal que tenho falado, todos os anos entram para a universidade muito mais raparigas que rapazes, sobretudo nos cursos difíceis. E todos os anos reprovam muito mais rapazes do que raparigas em todos os níveis de ensino.

Que eu saiba, ainda não foi concluído que as raparigas são mais inteligentes que os rapazes. Pelo contrário, as nossas ancestrais deveriam ser quase todas ultra-ignorantes e fúteis por falta de informação e de educação.

Até quando um país com tão pouca população poderá sustentar esta irresponsabilidade e irresponsabilização completa dos rapazes e homens e continuar a viver (como sempre viveu) à custa das mulheres, parvas ou não?
Antigamente os homens com sentido de aventura iam pregar a outra freguesia, no Brasil, na Índia e não voltavam.
As mulheres, ainda que ignorantes, conseguiram laborar e manter esta terra separada de Espanha. Com a ajuda dos reis, que só saíram daqui para fugir.

Vocês não acham?

sexta-feira, julho 20, 2007

D. Afonso Henriques

 


D. Afonso Henriques, Castelo de São Jorge, Lisboa.


Só o capacete e a espada deveriam pesar uns dez quilos cada um.
Não creio que o vestuário fosse inoxidável e muito menos climatizado.
Enfim, os fundadores de nações e de impérios podem ter muitos defeitos, mas a preguiça não é um deles...
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quarta-feira, julho 18, 2007

Yá! Tá-se bem, meu

Tenho escrito aqui uns posts sobre a preguiça nacional, mas esses posts foram procurados e encontrados por pessoas que não procuravam nada disso. A Juanolla aconselhou-me até a escrever um post sobre pesquisa incríveis que trazem as pessoas aqui. Lá iremos.


E aqui vai:




- Ó mãe, traz-me um pedaço grande de pizza e uma coca-cola!
- Pede à mãe que também traga para mim um pedaço grande de pizza e uma coca-cola.
- Pede tu!
- Acho aborrecido falar tão alto.
- Fala baixo!
- E se falar baixo ela não ouve, porque a nossa televisão está com o som muito alto e a dela também!
- Fala no telemóvel
- Chega-me o telemóvel
- Ai eu não acredito! Tu só tens que estender o braço para pegar nele e queres que eu me levante do sofá para to chegar!
- Está, mãe? Traz-me um pedaço grande de pizza e uma coca-cola grande. Tá-se bem?
- Olha lá! Então tu chumbaste outra vez este ano e tu ainda tens a lata de mandares em mim? Traz-me um pedaço grande de pizza e uma coca-cola das grandes? Olha que porra! querias?!
- Ó mãe, eu não mandei em ti, eu disse "Tá-se?"
- "Tá-se?" E tu, que estás aí a falar no telemóvel e a gastar dinheiro? Não podes ir à cozinha, ou vir aqui ao meu quarto, ou mandar um berro como faz a tua irmã?
- É que a televisão está muito alto e os phones da música também...
- Então se estão muito alto, põe-nos mais baixo, olha que porra! Seu preguiçoso! E os vizinhos que estão fartos de resmungar que não conseguem dormir porque a música está muito alto e a televisão também!
- Tá-se...
- Tá-ser muito bem aí deitado no sofá, não é? E a moura que alombe!
- Também não exagere! A mãe também tá deitada na cama e é de dia...


etc.,


Filhos: o que diria o nosso rei Afonso Henriques, o fundador da pátria, se ouvisse ou lesse isto? Que a preguiça é hoje a característica principal dos jovens mancebos lusos? E das mães? (O pai não estava em casa).
Felizmente, creio que não sabia ler, como era normal à época. E espero bem que ainda não tenha aprendido, para não ler isto e não dar voltas no túmulo escandalizado com estes descendentes lusitanos! E com as mães! (O pai estava no futebol).

As maçãs também são melhores quentes

Recentemente escrevi aqui um post em que dizia que as cerejas são melhores quentes, molhadas da chuva e em cima da árvore.
Vocês se calhar nunca mais pensaram nisso, mas eu confesso que fiquei a pensar e que cheguei à seguinte conclusão:


As maçãs são melhores quentes (e molhadas da chuva em cima das árvores)
Os pêssegos são melhores quentes (e molhados da chuva em cima das árvores)
As ameixas são melhores quentes (e molhadas da chuva em cima das árvores)


E também são melhores verdes! Quem é que tem paciência para esperar que amadureçam?


Eu peço desculpa às minhas amigas brasileiras (em número crescente) mas não me posso pronunciar sobre certos temas, como estes:


Não sei se as bananas e os abacaxis são melhores quentes e verdes, pois nunca provei.


De resto, aqui (à Europa???) só chegaram há séculos as frutas muito boas no que diz respeito ao sabor. Agora estão a chegar as que são boas noutros aspectos, como o kiwi, as papaias, não sei mais o quê.
Confesso que sou muito conservadora neste aspecto.

sábado, julho 14, 2007

Tempo de reflexão

Hoje não podemos falar de política. É um dia de reflexão. Acho até que devíamos fazer jejum e abstinência, etc., enfim, um retiro espiritual. Para pensar melhor. Mas só em Lisboa.

Proponho para reflexão o seguinte poema de Sophia de Mello Breyner

Exílio

Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades



in "Livro Sexto" ou "Grades"

segunda-feira, julho 09, 2007

Surpresas tropicais e belas

Após a surpresa encantadora de ter encontrado na rua um pássaro tropical e belo, que tive a ilusão de ter ajudado (VER AQUI), surgiu-me agora outra incrível surpresa, não menos tropical e nem menos bela.
Deu-se o caso de que, em Novembro, fui à estreia de uma peça brasileira, no Teatro Nacional, que adorei .
Como fiquei muito impressionada, escrevi um comentário neste blogue sob a forma de carta dirigida, talvez à actriz, talvez à personagem, creio que às duas, pois era tal a mimese, que se tornava difícil distinguir uma da outra.
Agora a actriz, Kelzi Ecart, respondeu-nos num comentário a esse post.
Se querem ler, o post chama-se "As Confissões de Leontina - teatro" e
está aqui:

http://terraimunda.blogspot.com/2006_11_01_archive.html

Kelzi, prometo responder-lhe individualmente para o e-mail que deixou.