sexta-feira, julho 31, 2009

E quem corrige os exames de Português?


Esta pergunta deveria ser também tema de investigação jornalística. Senão, reparem:
Os exames de Português do 12º apresentam sempre incríveis oscilações, dado que a nota depende em grande parte de quem corrige. Como se avalia uma redacção sobre a liberdade ou sobre o consumismo? Um professor acha-a original, o outro absurda. Um acha-a banal e o outro interessante.
Há ainda o caso das vírgulas, por exemplo: alguns professores acrescentam vírgulas não obrigatórias e descontam por cada uma que falta. Se o texto é extenso, arrisca-se a perder muitos pontos, por erro de quem corrigiu.
Há ainda o caso da incompetência: quem disse que todos os professores são competentes? E que todos se esforçam por fazerem o trabalho bem feito? E por merecer o que ganham, seja muito ou pouco? Mas este assunto não está na moda.

Por estas e por outras, o exame de Português era até há dois anos corrigido por um júri de 2 pessoas, mas agora já não é.

Resultado: na mesma escola, alunos que costumam ter 18 têm 10 ou mesmo 8, até à letra M. A partir dessa letra, alunos que costumavam ter negativa tiveram 11 ou 12. Porquê? Porque os exames foram corrigidos por uma pessoa até à letra M e por outra a partir daí. Isto aconteceu em várias escolas. Daí que haja muitos mais pedidos de reapreciação a Português do que a qualquer outra disciplina e nalgumas escolas quase todos pedem.
Vejamos 2 alunos ou alunas da mesma turma: uma tinha 19 a Português, a outra tinha 8, notas dadas por vários testes, comparadas com outras notas a outras disciplinas, tudo perfeitamente legítimo. No exame, corrigido apenas por uma professora, ambas tiveram 12. Pior, a de 19 teve 10, a de 8 teve 11. Isto é vulgar e banal. Basta que a aluna boa se chame Andreia e a má Teresa, ou vice-versa, o que significa que os exames foram corrigidos por pessoas diferentes.

Outra pergunta legítima: o que é que acontece a estas pessoas que corrigem mal, perguntar-se-á? Se as notas que deram forem alteradas de forma substancial?
Resposta: nem sequer são informadas disso e ainda podem oferecer-se para fazer reapreciações, que são bem pagas.
Quanto aos estudantes, se querem ver o seu exame reapreciado, deverão pagar 15 Euros e sujeitarem-se a que a nota baixe, em vez de subir. O que pode acontecer porque...
Se o professor subir a nota 2 ou mais valores, o teste será reapreciado por uma terceira pessoa. Terceira pessoa a chatear... Se baixar, mesmo que seja mais de 2 valores, não é necessária outra opinião.
Mas parece que ninguém se toma destas dores... nem de outras.

Este post comenta esta notícia do Público



quinta-feira, julho 30, 2009

Gripe suína de 1976

O medo da gripe suína, que afeta todo o mundo neste momento, foi sentido nos Estados Unidos há 33 anos. Em 1976, o então presidente Gerald R. Ford determinou a vacinação em massa da população como forma de evitar a doença, medida que resultou em um fim trágico: uma pessoa morreu pela gripe --e ao menos 25 por terem tomado a vacina.

Clicar em cima deste texto


Também recebi este mail, não sei qual é a sua origem, mas faz sentido, pelo menos em parte.

Que interesses económicos se movem por detrás da gripe porcina??? No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária, que se podia prevenir com um simples mosquiteiro. Os noticiários, disto nada falam! No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarreia que sepoderia evitar com um simples soro que custa 25 cêntimos. Os noticiários disto nada falam! Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas,provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano. Os noticiários disto nada falam! Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves… …os noticiários mundiais inundaram-se de noticias… Uma epidemia, a mais perigosa de todas…Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves. Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas,em 10 anos…25 mortos por ano. A gripe comum, mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25. Um momento, um momento. Então, porque se armou tanto escândalo com a gripe das aves? Porque atrás desses frangos havia um “galo”, um galo de crista grande. A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflú vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflú seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população. Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro. Antes com os frangos e agora com os porcos. Sim, agora começou a psicose da gripe porcina. E todos os noticiários do mundo só falam disso… Já não se fala da crise económica nem dos torturados em Guantánamo… Só a gripe porcina, a gripe dos porcos… E eu pergunto-me: se atrás dos frangos havia um “galo”… atrás dos porcos… não haverá um “grande porco”? A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflú.O principal accionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretario da defesa de George Bush, artífice da guerra contra Iraque…

quarta-feira, julho 29, 2009

Romances best-sellers esquecidos

Continuando o post anterior, são de facto vários os escritores e mesmo as escritoras que foram autores de best-sellers a meados do século XX e que, algumas décadas depois, foram já inteiramente esquecidos.
Ouviram falar da escritora portuguesa Virgília Vitorino? Ainda são muitos os que sabem ou souberam de cor os seus poemas, mas são muitos mais aqueles que nunca ouviram falar de tal personagem.
E o livro famosíssimo "John o Chauffer Russo"? Li-o, assim que ouvi falar dele, comprado num alfarrabista, isto já há uns anos. O autor é Max du Veuzit.
Pessoalmente não tenho memória destes escritores, apenas sei que foram uma coqueluche do seu tempo, uma nacional e a outro internacional.
De quem me lembro bem é do Lobsang Rampa. Muita gente ainda tem a obra completa deste autor, que se dizia tibetano mas era um inglês que nunca tinha ido sequer, ao Tibete. Afirmava, logo no início, que o livro era verdadeiro e finalmente, para explicar todas estas incongruências, disse que tinha sido todas aquelas personagens em encarnações anteriores.
A própria mulher, senhora qualquer coisa Rampa, chegou a publicar uns livros sobre gatos, sobre as reencarnações do seu gato, livro que também foi best-seller.


Parece que estamos sempre no mesmo ponto.


Pessoalmente, estou a reler pela eneésima vez um livro da Pearl Buck "Mulheres": Não é o meu preferido, mas não posso ler sempre "Terra Bendita" e "Os Filhos de Wang Lung (Estes último livro é a continuação do primeiro referido). De certa forma, é um dos poucos escritores que ganhou o prémio Nobel da Literatura e que o mereceu.
Seguramente, Winston Churchill não foi um dos outros, apesar de o ter ganho com a sua autobiografia. Para só dar um exemplo. Há neste momento um movimento na Internet contra a sua atribuição ao dramaturgo italiano Dario Fo, para dar outro exemplo.

terça-feira, julho 28, 2009

Romances Pink

Morreu recentemente Corin Tellado, a autora mais lida em Espanha a seguir a Cervantes e à Bíblia. A sua morte passou quase despercebida, pois os seus romances cor-de-rosa já não são lidos, as pessoas têm mesmo vergonha de os ter e as bibliotecas deitam-nos ao "lixo" (reciclagem) aos milhares para desentupir as estantes, até porque estão estragados e mesmo apodrecidos de terem sido lidos tanta vez.


Vem isto a propósito de 2 best-sellers que li recentemente, um deles promovido planetariamente pela Oprah, juntamente com tachos e panelas e sem nenhum lucro para ela, claro.
Chama-se esse "Comer, Orar, Amar".
Conta a história verídica duma americana que resolveu divorciar-se e se sentiu muito culpada por isso. Ficou tão infeliz que resolveu passar a vida a viajar para esquecer.
Em Itália fica um pouco melhor de tanto comer massa, no Oriente, sobretudo na Índia e depois na Indonésia, sente-se muito melhor devido às experiências místicas que decidiu viver, tudo muito "new age" e na Indonésia, no fim do livro, acaba por se sentir fantástica, devido a um rapagão que conheceu e com o qual descreve um relacionamento tórrido à americana. Resta acrescentar que este homem seria dum nível sócio-económico muito inferior, sobretudo porque, nos Estados Unidos, seria imigrante, asiático e não-branco. Acabou tudo muito bem, ele ficou na terra dele, ela foi para a dela e encontram-se muitas vezes.


Segundo livro "O Quarto Mágico". Este livro oferece um saquinho vermelho com chá de alfazema e com fitinhas.


É uma história muito complicada, passada numa terreola da América do Norte (Estados Unidos), com toda aquela mentalidade hiper-moralista, tendo à mistura fantasmas que falam e interagem com todo o mundo.
Donde se concui que os bons e desinteressados têm sempre sucesso, ao contrário dos maus e interesseiros que são sempre castigados. Como todos nós sabemos, de resto.
Os rapagões dão murros uns nos outros, à americana, as raparigas sentem-se protegidas. Tal como no romance de que falei antes e nos de Corin Tellado, os rapagões pobres são desinteressados, bons e belos.
Neste último, por exemplo, o carteiro entra no enorme Cadillac da namorada e diz-lhe qualquer coisa assim: "Este carro não é mau. Chega-te para lá, que eu conduzo." A jovem sente-se muito agradecida, claro, embora se surpreenda que um rapaz que nem tem automóvel só ache que o Cadillac não é mau.
Neste interim, a mãe da rapariga, uma viúva riquíssima e cheia de manias chiques, reapaixona-se pelo taxista da cidade (mais aldeola que cidade) e são todos muito felizes.


Todos estes livros se lêm muito bem e depressa, até por nos quererem fazer acreditar que o mundo é exctamente como deveria ser. O amor resolve tudo, o dinheiro não importa mas está sempre do lado dos bons e do amor.


Curioso este repescar do tópico romântico (sec. XIX) da união amorosa entre pessoas de classes diferentes. É estranho porque hoje em dia, através da educação e do desenvolvimento económico, há um cero nivelamento e as pessoas tendem a esquecer estas diferenças. A não ser as pessoas que gostam de ler as revistas cor-de-rosa e os romances que antigamente se chamavam cor-de-rosa e eram lidos às escondidas por esse motivo e que agora se chamam pink (traduzido: cor-de-rosa) e que toda a gente lê.
Como mais de metade da nossa população não é capaz de ler uma história a uma criança, ou se ler, a criança não a percebe por ser muito mal lida, ainda bem que há livros simples e fáceis...

segunda-feira, julho 27, 2009

Até ao fim da existência

Esta frase "até ao fim da existência", parece bastante bombástica e filosófica, mas engana muito.
Vemo-la em cartazes publicitários que dizem assim:

- Esta promoção é válida só até ao fim da existência.

Se entrarmos na loja e perguntarmos:
- Então esta promoção é válida até ao fim dos tempos, ou seja, para sempre?
Ou, se V. for muito religioso e for até ao ponto de perguntar:
Então esta promoção é válida até ao juízo final, ao Apocalipse, ao 2º Advento, etc...?

Invariavelmente respondem assim:

- Ó Nadinha, não seja ingénua! Isto quer dizer até ao fim do stock, que, em português, se chama existência! Deve acabar já amanhã.
- Mas eu pensei... então amanhã já é o fim da existência?
- Ó Nadinha, não seja filosófica. Não faça filosofias caras! Ou então ponha-as em promoção até ao fim da existência. Para serem filosofias baratas.

sexta-feira, julho 24, 2009

Gripe A - Não é Esquisito?

Estávamos todos exactamente à espera de um pretexto qualquer para que fosse proibido, ou pelo menos desaconselhado e considerado suspeito, abraçar e beijar os amigos.
E também benzermo-nos com água-benta ou mesmo tomar uma hóstia da maneira normal (não é que eu faça estas últimas coisas, mas...).
Sejamos razoáveis e sensatos: é muito bom as pessoas aprenderem que lavar as mãos, lavar mesmo a sério, pode salvar vidas, ou pelo menos livrar-nos a nós e a outros, de doenças.
Isto não é evidente: as pessoas dizem que os "antigos" vivem muito mais tempo, até aos 100, esquecendo que é por haver mais cuidados de higiene e de saúde que vivemos, todos nós, mais tempo. Que poderemos nós viver até aos 100 anos (não os antigos, cuja esperança de vida chegou a andar pelos 30 e tal anos). Há pessoas que, ao mesmo tempo, sabem isto e afirmam o contrário, o que também é esquisito, como se a cultura pertencesse a um donmínio do conhecimento que não é o da realidade.

Mas esta questão da gripe A é muito estranha: sempre houve gripes, esta cura-se como as outras...

Vou referir aqui uma opinião de um jornalista americano, que me enviaram por mail. Existem vídeos deste homem no youtube, em Inglês, se alguém quiser, procure. Aqui vai a citação.

Uma maneira fácil de reduzir a população mundial, deixando acreditar que tudo é feito para seu bem.

- Propor vacinas e tratamentos que, não só são ineficazes contra vírus em constante mutação, mas que também prejudicam gravemente a saúde das populações.
- Criaram o problema (vírus) nos laboratórios militares dos E.U.A e sugerem soluções (vacinas).

Isto permite obter vários resultados:
1 - reduzir a população mundial devido à superlotação,
2 - controle populacional pela injecção, através das vacinas, do chip RFID micronizados ao estado de grãos em pó
3 - o enriquecimento de Laboratórios farmacêuticos

Autor: Jornalista dos E.U.A Alex Jones

Isto continua por aí fora, deve ser a teoria da conspiração, ou não.

terça-feira, julho 21, 2009

Sugestão de férias no mar

Como todos vocês sabem, não gosto de praia, mas sou passada dos carretos pelo mar e por tudo o que sejam navegações.

Este ano há um cruzeiro da Pullmantur, chamado Jóias do Atlântico, que parte de Lisboa, num navio óptimo. Vai muita gente. Não é demasiado caro, dada a qualidade. Não digo que seja barato. Eu vou e uma pessoa, visistante deste blogue, também vai, a 16 de Agosto.

Aquilo é como passarmos uma semana numa pequena aldeia, morando em casas separadas: encontramo-nos quando queremos, separamo-nos quando queremos. Ou em Marrocos, ou em Lanzarote. Mas se houver algo que desejem esconder de todo o mundo, é melhor não irem.

Se quiserem ir, já sabem, é escolher essa data. Talvez haja promoções last minut. E lá vamos pelo mar fora.

Digo isto aqui, porque às vezes há pessoas que não vão a lado nenhum por não encontrarem companhia: a companhia existe mas quer ir para outro sítio, a companhia existe mas é uma praga, a companhia nem existe, são todos umas pragas... nos cruzeiros vê-se muita gente sozinha.
Enfim, quando chegarem lá, procurem a Nadinha, ou enviem uma mensagem para aqui. Nos navios há Internet quando estão perto da terra.
Enfim, até hoje ainda não me apareceu aqui nenhum doido insuportável... apareceram só malucos simpáticos... LOL

segunda-feira, julho 20, 2009

Cidadãos (de Lisboa)

Recebi uma curiosa mensagem sms, perguntando-me se me quero candidatar à minha junta de freguesia, aqui em Lisboa, como cidadã por Lisboa. LOL! Morri a rir, claro.

Os cidadãos do partido PS devem estar a morrer de inveja: com poucos meses ou semanas de militância, os cidadãos já se podem candidatar a cargos elegíveis? Em juntas tão grandes como a minha?

Então e nós ? Quero dizer: então e eles?

Continuando um post anterior

No post anterior, anterior às fotografias também, conto um episódio que nos aconteceu, a mim e à Isabel por causa do seu filho deficiente. Ela leu e gostou, por isso posso, como prometi, contar outro episódio destes.


Iam os dois num ferry-boat de Lisboa para o Barreiro, muito sossegados, quando o João se ergueu e puxou pelo cabelo duma senhora que ia sentada na fila da frente.

A mulher levantou-se em gritos estertóricos, como se a estivessem a matar.
A Isabel pediu desculpa e explicou a situação. Resposta:
-Este rapaz devia estar preso! Não pode andar por aqui à solta! É um perigo!
A Isabel tentou explicar que o filho não é perigo nenhum, que não tem de estar preso...
- Eu só queria que alguém lhe puxasse pelo cabelo a si, para você ver como é bom!
A Isabel lá tentou responder a isto, sem grande eficácia argumentativa...

- Eu vou-lhe puxar pelo cabelo a si, para você ver o que é bom! Ouviu?

Habituadíssima a que o filho lhe faça o mesmo, com frequência, a pobre mãe submeteu-se a esta exigência que não lhe pareceu grave. Sorridente, levantou-se e disse:

- Está bem, então puxe!

Ia a mulher para fazer o gosto ao dedo, quando todos os passageiros do navio, até aí estupefactos mas calados, decidiram reagir ao mesmo tempo, defendendo a mãe e o filho, o que obrigou a outra a remeter-se à sua insignificância.

A Isabel acha que este episódio caracteriza bem a nossa sociedade e o modo como reage à deficiência.

domingo, julho 19, 2009

Turistas







Estas duas turistas americanas andam muito satisfeitas. Gostam de Lisboa e do calor.
Parece que algumas pessoas não conseguem estar sossegadas!

Posted by Picasa

sábado, julho 18, 2009

Está a apetecer-me contar-vos isto

Tenho uma grande amiga, mesmo das poucas pessoas, entre as mil conhecidas, que me deu provas de amizade inequívocas... é minha professora de yoga há milénios, ou melhor, foi, pois agora dedico-me ao desporto não-místico... mas foi a melhor que conheci e muitos pensam da mesma maneira. Quem a teve, não quer outra.
Essa mulher tem um filho deficiente severo, talvez autista: não fala, não conhece as pessoas...
A mãe encara isto tão bem, como só alguém que dá mais importância ao espírito do que às coisas terrenas. E até se diverte às vezes e diverte os outros, contando as atitudes absurdas de pessoas aparentemente "normais".
Acaba de me telefonar para irmos amanhã ao Jardim da Estrela passear e ver se vemos a "escandalosa".
Já nem me lembrava disso, mas ri-me às gargalhadas só de evocar o caso... que vou contar.

Íamos a passear no Jardim da Estrela. Parece que este jardim tem fama de ser o sítio dos engates, ou tinha. Uma minha tia do Norte ouviu falar disso: há décadas, no Século Vinte.
A Isabel levava o filho de 20 anos, agarrando-o pelas duas mãos. Eu ia ao lado.
De repente, uma mulher sentada num banco desatou a gritar, numa voz bem colocada e muito sonora de cantora de ópera, chamando escandalosa a uma de nós. Ambas achamos que "a escandalosa" era aquela que ia agarrada a um rapaz muito mais novo (o rapaz até é bastante bonito, mas comporta-se de forma a que não se pode ir com ele a lado nenhum: se estão coisas numa mesa deita-as ao chão, agarra no cabelo das pessoas, etc.)
E então a senhora prosseguiu, em altos gritos:
- Ó sua porca! Sua badalhoca!
Achei que era eu, mas a Isabel acha que eu ando tão limpa que ninguém me podia chamar tal coisa. A Isabel estava um pouco embaraçada, embora eu me risse às gargalhadas.
- Larga o rapaz! Sua badalhoca escandalosa!
Ambas achamos que era a Isabel.
- Mas de que se ri você? - Perguntava ela - Não vê que estou atrapalhada?
- Ó suas (***)! Suas porcas! Badalhocas! Suas escandalosas!
- Bem, eu pensava que era eu, mas ela agora foi bem clara. Somos mesmo as duas! - Exclama, muito aliviada, a Isabel.


Cenas dos próximos capítulos: outros episódios como este, que a Isabel me contou.
Nota: (***)! - Palavra portuguesa, intraduzível para português . Apóstrofe frequentemente atribuída a qualquer mulher.

sexta-feira, julho 17, 2009

Filmes

Mudando de assunto para um mais levinho, vi dois filmes na televisão de que gostei, no TVCine.
Um chama-se seda e é baseado no romance homónimo do italiano Alessandro Baricco, também ele digno de se ler e com um estilo original, o que é raro hoje em dia.
O outro passa-se na China, creio eu, com uma paisagem campestre belíssima e estranha. Chama-se: Primavera numa pequena terra (ou vila?).
A única coisa que gosto de ver na televisão é cinema, mas também é raro encontrar algo que me agrade muito.
São filmes muito tranquilos, muito baseados na sensibilidade.

quarta-feira, julho 15, 2009

Cidadãos por Lisboa

Tenho aqui partilhado algumas informações pessoais com os meus amigos e amigas deste blogue. Há muitas outras que não partilho, claro. Só quem não tem vida própria (como dizem os americanos) e quem não tem ideias corre o risco de contar tudo. Partilho o que me apetece e o que é partilhável.
E devo aqui um esclarecimento.
Integrei activamente o movimento Cidadãos por Lisboa, candidato à Câmara de Lisboa, por me parecer e por ser dos seus princípios fundamentais o seguinte:
1.- Era um movimento de cidadãos, como os há por essa Europa fora, que aparecia como alternativa aos partidos: o presidente da Câmara poderia ser um "homem bom" " homem bô" independentemente de estar neste ou naquele partido. E de acordo com a nossa tradição histórica.
2. - Este movimento resultava de uma cisão do PS e, portanto, opunha-se sobretudo ao PS.

Acabo de ser informada, em primeira mão por delicadeza, sendo membro do movimento, de que o mesmo se vai candidatar nas listas do PS.

Percebo perfeitamente: sendo as eleições autárquicas em simultâneo com as camarárias, é óbvio que os Cidadãos não teriam lugar. Pela parte do candidato PS, fica-lhe bem ter domesticado a fera ex-PS e de novo PS.

Obviamente, já me desvinculei dos Cidadãos por Lisboa. Estarei a ser incoerente??????????

terça-feira, julho 14, 2009

E também a palhaçada das novas oportunidades

Existem agora cursos para aqueles estudantes que têm dificuldades em aprender teorias... ideias... isto antigamente tinha um nome... esqueçam o nome.
Recomeço: existem agora cursos para aqueles estudantes que têm dificuldades em aprender teorias, ideias e que podem aprender coisas práticas. Esses estudantes são, na maioria dos casos, oriundos de famílias com dificuldades, ou económicas ou sócio-económicas ou algo do género, vulgo, são pessoas que não têm dinheiro.
Um desses cursos, que até eu tirava, consiste em tratar de cavalos. Tratar é um modo de dizer. Hoje em dia, os cavalos são usados, por exemplo, para tratar pessoas com problemas psicológicos e também os chamados "deficientes", emocionais, motores, etc.

Quero dizer com isto que este curso pode ter futuro e seguimento. Quem tiver jeito, pode seguir por aí fora. E quem não gosta de cavalos? Eu gosto.
Falando hoje com a mãe duma jovem com dificuldades de aprendizagem, conta-me ela isto:

- Sim, a minha filha ia tratar de cavalos, a única coisa em que ela é realmente boa: equitação.
Quando fomos à escola para a inscrever, disseram-nos que nós é que temos de comprar o cavalo!
Comprar é o menos, podemos comprar uma pileca barata. E a alimentação? E os custos com o veterinário? E pomos o cavalo debaixo da cama no nosso apartamento?
- Ó Nadinha, o que é que eu faço?

Boas perguntas! O que é que vocês acham?
Aconselhei mãe e filha a irem para a Sic e para a TVI.

Antigamente chamava-se burras às pessoas que não tinham jeito para aprender teorias e ideias. Os assim designados burros podiam tratar de cavalos, mas não tinham de os comprar...

domingo, julho 12, 2009

Ainda a Palhaçada dos Exames


No blogue do Público Nota Final, referido aqui em post, óptimos estudantes do 12º ano dão conta do seu exagerado esforço e da sua decepção.
Como comentário, pessoas fanáticas pelo governo, quase todas da classe média baixa, como se vê pela pobreza argumentativa, põem-nos na lama da rua.
Deixei lá um comentário que diz:
Vocês já têm 18 anos? Não se esqueçam de votar.
O PS vai perder por várias razões e também porque os estudantes do 12º, na sua maioria, vão votar.


VER AQUI

sábado, julho 11, 2009

Ainda sobre os exames: sorte descomunal


Que sorte descomunal!
Tive uma amiga que morreu recentemente com 60 anos. Quando estudava, era péssima aluna: pouco inteligente, não estudava nada, copiava, assinava trabalhos de grupo que não tinha feito, ia à biblioteca buscar trabalhos com boa nota, copiava-os (à mão, tanto trabalho!) e apresentava-os.
Dizem muitos que os estudantes agora é que são assim, mas isto é talvez a maioria de todas as épocas e existem hoje jovens que estudam muito mais do que antigamente e que têm uma formação muito melhor a todos os níveis.
Sendo como contei, essa minha amiga era insuspeita para dizer e repetir algo que costumava afirmar: que os bons são sempre prejudicados e desvalorizados, ao passo que os maus, ignorantes e baldas são sempre protegidos. Referia-se também aos estudos, sobretudo.
Contei-lhe uma vez que uma minha professora do mestrado me disse:
- O seu trabalho está muito bom, mas só lhe dou bom, porque você é capaz de fazer muito melhor.
Como tinha feito o trabalho em cima do joelho por falta de tempo, aceitei este comentário e até me senti satisfeita, mas diz-me essa amiga:
- Então, se um teu colega fizer um trabalho idêntico e se não for capaz de fazer melhor, tem muito bom?
- Sim, acho que sim...
- E passa-te à frente porque ele não é capaz de fazer melhor e tu és?
- Bem, de facto...

Vem isto a propósito do seguinte: enquanto alguns estudantes do 12º ano estão muito deprimidos e a estudar para a 2ª fase de exames porque só tiveram 15, 17, etc., um rapaz que conheço está felicíssimo e delirante: para passar de ano precisava de ter 8, 50 a português e 9,50 a matemática: teve, respectivamente, 8,51 e 9,51. Todos acham que teve uma sorte descomunal, incluindo a família, que está satisfeitíssima.
Mas não se trata de sorte. É realmente o que diz a minha amiga.
Ninguém tem 9,51. O que acontece é que um aluno tem 8 ou 9 e dão-lhe, para o passarem, 9,50.
Se um estudante, pelo contrário, tem 18 ninguém lhe vai dar 19,5, embora a diferença seja a mesma.
Exigimos muito mais àqueles que são bons, de facto.
O pior é que não exigimos mesmo nada aos que são maus.

sexta-feira, julho 10, 2009

Piratas Verdadeiros

Como eu gosto de navegar, uma das minhas principais preocupações, actualmente, é a dos piratas.
Por que é que se riem?
Eu não disse que é a única. Disse que é logo a seguir aos tubarões e ao Sócrates. Por esta ordem.
Mas oferece-se-me esta reflexão, que passo a expor.


Os ingleses e os americanos do norte, enfim, os anglo saxões, não têm nenhum código de leis parecido com os nossos. Têm declarações de princípios, a constituição, os antecedentes jurídicos designados por jurisprudência e o conceito de justiça propriamente dito.

Nós temos vários calhamaços com leis, Código Penal, Código Civil, Código Comercial...

E portanto, a Pirataria não é considerada crime. Visto que já não existia desde há muito tempo, ainda não existe, embora se pratique muito, renascida e renovada.

Chega-se ao ponto de os nossos militares marinheiros prenderem piratas e serem obrigados a libertá-los, uma vez que a nossa marinha se rege pela nossa lei, que "já" não inclui a pirataria.

Os anglo-saxões não têm estes dramas porque não têm volumosos calhamaços de leis em que faltam crimes. Muitos e vários.

A princípio, a pedofilia com rapazes também não era crime. Sempre se praticou, mas talvez por isso mesmo nunca foi considerada crime. Só havia o crime de ofensas corporais, mas...
Com as raparigas era diferente, era desvio de menor punido com cadeia.
Os crimes informáticos também não eram crime. Porque a informática não existia.
O assédio sexual não era crime, evidentemente, não porque não existisse, mas porque não era considerado crime.

Muitos crimes hão-de vir a ser inventados e os meios de os praticar também, mas em Portugal haverá sempre uma margem de manobra durante uns anos em que ainda não se fizeram as leis, ainda não se reimprimiram os códigos com novas leis, ainda não chegaram a acordo os grupos de trabalho que andam a estudar essas leis...
Tanto papel e tanta conversa só complicam a inexistente Justiça.

Há ruas e escolas e praças e mercados e etc. com o nome de Ferreira Borges.
Perguntem-me quem foi e o que fez o Ferreira Borges.
- Ó Nadinha, quem foi e o que fez o Ferreira Borges?
- Não sei.
- Diz lá, anda lá...
- Fez o código comercial. Talvez o tenha mais ou menos copiado de outros códigos comerciais...
Não se riam! Porque é que se riem?

quarta-feira, julho 08, 2009

Exames Nacionais: Mais uma Palhaçada

Uma estudante salta de alegria e grita bem alto:
- Tive 10 a Português! Tive 10!
- Está contente por ter 10? - pergunta-lhe uma professora, surpreendida.
- Claro, Stôra. Então não havia de estar? Passei!
Ao lado, duas outras alunas estão sem fala e em estado de choque. Razão: também tiveram dez a português. Costumavam ter 17... junto delas, um rapaz tenta segurar as lágrimas: teve 12.
Entram, a seguir, três alunos felicíssimos: tiveram 17 e 18, exactamente as notas que costumam ter sempre.
Explicação para esta diferença: chamam-se Ricardos e Teresas.
Estranho? Não. É que, a partir da letra R, os exames foram corrigidos por outra professora, uma professora competente, que "acertou" com as classificações que os alunos mereciam.
Dir-se-ia que este é um caso inédito, esporádico, mas não: aconteceu um pouco por todo o país, vem nos jornais, embora na página 12. A gripe A e o Michael Jackson roubaram lugar este tipo de informação.
Explicação para isto? Difícil de explicar, pois os factores são muitos. Mas aqui vai uma tentativa.

Dada a dificuldade de correcção dos exames de Português por ser muito subjectiva e por depender muito da pessoa que corrige, o ministério inventou, no ano passado um novo sistema: para além dos critérios de correcção públicos e publicados, há uns novos, decididos pelos supervisores e transmitidos aos correctores. São transmitidos oralmente, não há nada escrito, mas são para cumprir. (Qual será a legalidade de tal coisa?)
Tendo a intenção de diminuir a subjectividade e mesmo a arbitrariedade, de facto aumentaram-nas exponencialmente. Quanto mais critérios secretos, mais confusão.
Não esquecer que há professores competentes, bons, muito bons, incompetentes e assim-assim. Cumpridores, baldas e assim-assim. Professores que têm, ou a quem falta, bom-senso e bom-gosto.
E alguns dos mais competentes reformaram-se a meio deste ano lectivo.

VER TAMBÉM AQUI- clicar por cima

segunda-feira, julho 06, 2009

Renunciar à Nacionalidade Portuguesa

Maria Jão Pires, consagradíssima pianista, ameaça renunciar à nacionalidade portuguesa por se sentir incompreendida em Portugal. Duvido que o chegue a fazer, mas...

José Saramago, consagradíssimo escritor, que nunca seria internacionalmente reconhecido se não o tivesse sido primeiro no país e se não tivesse a promovê-lo o poderoso lobby do PC, ideologia que ignorou quando recebeu aquele dinheiro todo, também fez a mesma ameaça pelo mesmo motivo e acabou por ir viver para Espanha, alegadamente por não se sentir bem aqui. Notem que é possível alguém ir viver para outro país por se sentir muito bem nessa terra, não se sentindo propriamente mal nas outras.

Miguel Sousa Tavares, "consagratíssimo" jornalista e escritor, diz que tenciona ir viver para o Brasil, por estar zangado com Portugal.

José Saramago acha que João Pires pode mudar de ideias (porque será que pensa assim?) e diz que tanto lhe faz que Sousa Tavares vá para o Brasil ou para Marte.
Agora reparem: se estes "consagratíssimos" estão tão revoltados com Portugal, imaginem como se poderão sentir aqueles artistas e escritores que são ignorados ou desvalorizados.
Entre os quais se incluiu, por exemplo, Fernando Pessoa. Que nunca foi, nem quis ir, para lado nenhum.
A mim tanto me faz que estes três vão para Marte ou para a China, mas parece evidente a conclusão de que escolhemos mal os que consagramos e que se somem daqui assim que se apanham com os louros.

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domingo, julho 05, 2009

Roubar Também é Falta de Educação: se for pouco

Nalguns países, quem comete grandes crimes é preso e condenado. Como o Madoff, que foi condenado a 150 anos de cadeia. Terei lido bem? 150? Isso quer dizer que, se nós formos à USA, nos arriscamos a apanhar 150 anos de cadeia, para nem falar da pena de morte, se formos encontrados no sítio errado à hora errada e confundidos com algum criminoso(a). Ditado popular:


- Boa festa faz quem na sua casa fica em paz!


O nosso bom Marinho Pinto diz que é uma vergonha para Portugal este homem (Madoff) ter sido rapidamente condenado, quando aqui nunca se passa de suspeitas.


- Boa festa faz quem na sua casa fica em paz!
Como digo num anterior post, a única coisa em Portugal que não se pode admitir é a falta de educação: coisa de pobres e de pés rapados. Nada europeu.
Para tentar esquecer que há poucos anos, só há 1 ou 2 gerações, segundo o ponto de vista, éramos todos pobres e pés rapados. E em muitos países da Europa também. Ou quase todos. Mas os outros podem bem com isso.
Acusações, pequenos delitos, mania de criticar, é tudo falta de educação.
Só vão presos os que roubam carteiras nos autocarros: roubar os pobres é falta de educação: se for pouco.


Se for muito dá prestígio. E é sinal de boa educação. E de distinção e de classe. Somos roubados pelo Maddofes e pelos políticos portugueses e pelos banqueiros portugueses, enfim, pela rica élite portuguesa da nossa pobre sociedade portuguesa.


- Boa festa faz quem na sua casa fica em paz!