quarta-feira, julho 14, 2010

Visitantes dos blogues, em viagem

Como habitualmente no Verão e noutras épocas do ano, começam a aparecer nos meus blogues visitas de todo o mundo, que não derivam de pesquisa, mas sim de acesso directo.
São os meus "amigos e amigas" que andam em viagem pelo planeta: constatei para já: Espanha e Rússia. Os portáteis ajudam, por manterem os favoritos, mas há outras hipóteses como usarem o "Bloglines", ou instalarem-se como seguidores...

Boa viagem e obrigada por se lembrarem da Nadinha, que se calhar nem conhecem pessoalmente...
Já agora, adivinhem aonde vou este ano. Surpresa. Tabu. Vocês depois vêem. Eu conto aqui.

Depois conto aonde fui. Se tiver fotos, ponho-as nos dois blogues. E devo ter. Se regressar viva do sítio aonde vou. Antes disso, vou cirandar por aí.

Oh, como é tranquilizante, amável e serena a doce rotina do Inverno! Só corremos o risco de morrer de enfarte. Ou de tédio.

Uma planta, um gato, uma lareira... papel... uma caneta... Quando eu for velhinha talvez tenha isto tudo. Se voltar viva do sítio para onde vou. (LOL)

terça-feira, julho 13, 2010

Pearl Buck: A Grande Vaga



Ando a ler, entre outros, um livro que encontrei por um euro na livraria Ler Devagar, onde agora vou quase todos os dias: também tem um barzinho e mesas para ler. Está traduzido em francês, mas é o livro de memórias da Pearl Book intitulado A Bridge to Pass.
Como se trata de uma das minhas escritoras favoritas e dado que tenho agora tempo, venho de vez em quando à net à procura das coisas que refere, como um filme baseado numa sua novela que narra um Tsunami no Japão, " The big wave", ou o compositor que escolheu para a banda sonora, Toshirô Mayuzumi, etc.
É fantástico ler assim. Encontrei no youtube algumas cenas do filme, do qual a Pearl conta a rodagem... e que coloquei aqui , para vocês. Tão actual!
Um dia haverá livros assim, que incluem o filme, vídeos do autor, etc. Não me refiro ao futuro, é algo possível agora...

(Algumas pessoas que me conhecem na "vida real" consideram-me ingénua, idealista, poética, lírica, ou seja, parva, em parte por crer no futuro. Eu a elas só as considero estúpidas e ignorantes. Recentemente apaguei uma "amizade" no Facebook por ter feito um comentário desse tipo. LOL.).
Bendita net, que nos permite entrar em contacto com gente que nos entende!

Mas o que mais me surpreendeu foi a biografia de Pearl Buck, que desconhecia por completo: tendo tido uma primeira filha atrasada, é o nome que utiliza, dedicou parte da sua vida e da vida de toda a família a apoiar as pessoas "atrasadas" e suas famílias, assim como a procurar famílias americanas dispostas a adoptar crianças mestiças, por exemplo de chinês ou japonês e americano. Na época, essas pessoas eram rejeitadas, sendo símbolo dessa rejeição a ópera de Puccini Madame Butterfly.
Uma das famílias a adoptá-los foi a sua própria, tendo tomado conta de várias crianças.
Li mil vezes o livro The Good Earth traduzido como Terra Bendita ou Boa Terra.

P.S.:
Embora pareça baratíssimo este livro, que só custou um Euro e é óptimo e raro, andei à procura de livros desta escritora, que não tivesse lido, em Amazon. com e descobri vários a um cêntimode Dólar. Um cêntimo de Dólar é menos que um cêntimo de Euro. Mas nós somos ricos, podemos comprar livros caros.
Não acham?

segunda-feira, julho 12, 2010

Tolerância e amor

Vem esta reflexão a propósito, não só do post anterior, mas de algo que vi recentemente na CNN.
Era uma pequena reportagem sobre crimes de "honra". Mais precisamente, mostrava o caso passado recentemente na Índia, em que um jovem casal de apaixonados tinha sido enforcado, dentro de casa, pelos pais da rapariga. Algemados os dois e de mãos dadas, o homem perguntava, de forma patética, que outra coisa poderia ter feito para defender a sua honra...
Como estão diferentes os tempos na nossa sociedade, que também já foi assim: os pais não ousam contrariar os filhos em nada, são muitas vezes dominados por eles... e é com espanto que vemos uma cena como esta, parecendo-nos incrível, ou mesmo impossível.
Quando às vezes fazemos duras críticas à nossa sociedade, esquecemo-nos de como ela evoluiu e podia não ter evoluído, no sentido da tolerância, dos direitos humanos e do amor. Amor que impede a violência, pelo menos física... dar uma estalada já parece mal.
É a ideia de posse que está na base da destruição do outro, dentro da família. Posso destruir algo que me pertence e já não me "serve" (em todos os sentidos desta palavra), se a mentalidade comum me der esse direito.

sábado, julho 10, 2010

Use a sua liberdade para promover a nossa

Não se assustem com a imagem. Trata-se, apenas, da foto duma manifestação em Bruxelas contra a pena de morte por apedrejamento, que ainda se realiza no Irão e provavelmente noutras partes do mundo.
A organização Avaaz.org conseguiu salvar deste suplício a última condenada, que vai "apenas" ser enforcada.
Podemos assinar uma petição, que está a ser assinada em todo o mundo de forma visível no site, enviar donativos e participar noutras campanhas com o objectivo que se segue:

"A Avaaz tem uma missão simples e democrática: fechar o fosso entre o mundo que nós temos e o mundo que a maioria das pessoas em toda a parte quer ter." ("Avaaz has a simple, democratic mission: close the gap between the world we have and the world most people everywhere want.")


Como diz Aung San Suu Kyi, "usem a vossa liberdade para promover a nossa" (‎"Use your liberty to promote ours")


P.S.: Quando ontem fiz este post, havia cerca de 40 000 petições, hoje, pelas duas da tarde, já há 136 000. Eles pedem 150 000, mas se houver mais...
Podemos fazer muito através da net. É a opinião pública, como neste caso, é o nosso estatuto de consumidores, usado em favor dos outros, como no "Thehungersite", que usa a publicidade para ajudar e que tem um link neste blogue...

sexta-feira, julho 09, 2010

The Venus Project



Acabo de descobrir, através dum amigo virtual e leitor deste blogue, o projecto "The Venus Project". É um dos muitos projecto alternativos, que propõem tudo de novo na sociedade, mas neste caso com a construção de estruturas adequadas e até de materiais novos. O seu criador, Jacques Fresco, considera que a corrupção, a miséria e quase todo o mal derivam da sociedade do lucro e que tudo isso pode ser eliminado criando outro sistema. O título do projecto deriva do local, Venus- Flórida, onde está instalado o seu centro de investigação.
Imagino que tenha muitos detractores, mas ainda não cheguei aí. No fim do vídeo coloquei outros relacionados, que vocês podem ver clicando por cima deles.
Vejam!

quinta-feira, julho 08, 2010

"Há já muito tempo que eu ultrapassei o estado conservador e prudente da juventude"
Pearl Buck in A Bridge for Passing (minha tradução)

domingo, julho 04, 2010

"Tão Longe do Mundo"

Acabo de ler, com entusiasmo e alegria, o relato de um naufrágio no Pacífico, o livro "Tão Longe do Mundo". Quase não consegui parar de ler, o que é estranho, dada a aparente monotonia do tema: um homem à deriva no Pacífico durante quatro meses, 180 dias. Mesmo contando com a minha paixão pelo mar (que não pela praia, de que não gosto) e pelas navegações, o mérito da narrativa deve-se, em grande parte, ao jornalista que ouviu este pescador e que escreveu o livro, como se fosse ele o autor e o protagonista.
Estes pescadores do Thaiti eram considerados os "Senhores do Mar" e estão agora em extinção absoluta pela globalização que, neste caso, se deve sobretudo às experiências nucleares em Samoa, a pior de todas as globalizações. Onde esperávamos encontrar o Paraíso, surge-nos o pesadelo, num lugar escolhido de propósito por ser remoto e longínquo.
Devido a uma avaria no motor, Tavae vê-se arrastado pela corrente marítima para longe da ilha onde vive e onde tem filhos e netos, tendo sobrevivido miraculosamente por efeito de dois ou três factores: a sua extraordinária experiência do mar e a invulgar perícia de navegação, que lhe permitem enfrentar uma tremenda tempestade, durante a qual partiu as costelas, (mas não o pequeníssimo e desprovido barco, ficando também com as pernas paralisadas), alguma sorte, se assim lhe podemos chamar, por ter chovido torrencialmente quando estava a morrer de sede, (não de fome que conseguiu sempre pescar), mas sobretudo à sua incrível e indestrutível fé em Deus. Este é um dos aspectos mais interessantes do livro, pois o protagonista interpreta todos os acontecimentos invulgares que presencia, como o aparecimento dos pássaros, das orcas, da tempestade, pensando que se trata de sinais que Deus lhe quer transmitir.
Tal como pensam outros invejáveis crentes, talvez de entre os mais simples, dir-se-ia que Deus nem tem mais em que pensar senão no modo de pôr à prova este seu fervoroso seguidor, num diálogo íntimo que "mantêm". As narrativas míticas, politeistas, são um lenitivo para os momentos em que nada acontece e isto deve-se ao jornalista co-autor. Aqui, Tavae recorda a origem da ilha e outros pormenores, em que os deuses são as personagens principais. Mas talvez seja desta religião primitiva que o protagonista retira a intimidade com Deus, mais improvável na austeridade do catolicismo... em que fomos criados... Tal é a crença nos desígnios divinos, que Tavae decide ir viver para a ilha onde acabou por aportar, vivo devido à sua perícia, a mil quilómetros da sua terra, mas só depois de casar a filha que faz anos no dia da sua "aterragem". Também porque os habitantes da ilha, que tão bem o acolheram, incluindo a "família real", achariam estranho se ele se fosse embora para sempre... até porque reencarna um dos seus mitos/deuses.

Fez-me lembrar um livro que foi marcante na minha primeira juventude:
"Náufrago Voluntário", com a vantagem de tudo ser natural e espontâneo neste livro que agora acabo de ler, reservando a intenção de reler com frequência algumas passagens.

O mar, a última fronteira, pode colocar-nos em contacto com o mundo, com a nossa essência e com o milagre quotidiano da existência.
(Pormenor curioso, o livro custa 2,50 Euros, Editora Bizâncio.)
Comprado no novo e muito interessante "Espaço Docas", nas Docas de Alcântara.

sexta-feira, julho 02, 2010

LX Factory







É claro que já tinha ouvido falar da LX Factory, tinha lido listas de eventos lá realizados, mas não estava preparada para que fosse assim e muito menos para que este "mundão" ficasse num dos sítios onde passo todos os dias. E onde agora me apetece ir todos os dias.

Situa-se num antigo complexo industrial (fábricas de têxteis) e o espaço foi aproveitado, sem grandes alterações, para um polo que agrupa as mais diversas coisas: empresas de arquitectura, o Forum Dança, bares, restaurantes, a Livraria Ler Devagar, etc. É também um novo centro da "night". Curiosamente, mantém um ar decrépito, que lhe fica bem. Deve ter sido uma imitação do que aconteceu à antiga zona industrial de Nova Iorque.

A arquitectura industrial não é muito bonita, pelo menos numa primeira impressão e tende a ser menosprezada. Mas Lisboa já tem bons exemplos de conservação, como o Museu da Electricidade.
Sem esquecer os antigos armazéns das docas, hoje convertidos em elegantes bares e discotecas.

N.B.: Todos os prédios que se vêem na primeira foto estão ocupados, com interiores muito modernos. Segunda e terceira fotos: Livraria Ler Devagar, mantendo o espaço original e algumas máquinas. Podem comprar lá os meus livros.


N.B.: Por alguma razão que desconheço, têm tentado colocar aqui publicidade, sempre neste post. Por esse motivo, bloqueei os comentários. Podem fazê-los nos outros posts do blogue. ( Pormenor só escrito em 23/2/ 2014)

quinta-feira, julho 01, 2010

Outra vez o Oceano




Vídeo da música de Keiko Matsui: Deep Blue.
É muito bonito, ver em écran completo.

terça-feira, junho 29, 2010

Para o Miguel: O Primeiro Navio a Vapor



"Está avançando sem remos nem velas!" - exclama o pirata, abismado.
Ainda o filme "Cantando por detrás das cortinas", baseado na vida de uma pirata chinesa. Ver penúltimo post deste blogue.

domingo, junho 27, 2010

Summertime




Como é Verão, aqui vai uma música de Verão.
Summertime: Ella Fitgerald e Louis Armstrong

quinta-feira, junho 24, 2010

De como inventar uma tradição nova em folha. Em todo o mundo

Basta alguém lembrar-se de algo que dê dinheiro, arranjar um patrocinador multinacional... e cá temos uma tradição.
Exemplos: o São Valentim (em vez do Santo António que era o padroeiro dos namorados, mas não dava grana ao comércio)
As maravilhosas Vuvuzelas, tipicamente... o quê? Nacionais? Europeias? O Quê?

Definição do Google:

"A vuvuzela tem sido alvo de controvérsia devido ao instrumento causar danos auditivos graves e permanentes, e por ser um disseminador de doenças (a gripe em particular, mas podendo ser qualquer germe) substancialmente mais perigoso do que tossir ou falar. É também perigosa para animais, visto que estes possuem geralmente uma audição mais sensivel, podendo criar situações de pânico e terror além de danos mais sérios em comparação com humanos."

Já por muito menos se proibiram coisas...

quarta-feira, junho 23, 2010

Cantando dietro i paraventi


CANTANDO DIETRO I PARAVENTI

Um filme de Ermanno Olmi, de 2003, passado na China Imperial, é inspirado na história verdadeira da (mulher) pirata chinesa Ching. O realizador tem também "A árvore dos tamancos", muito bonito, mas mais antigo e neo-realista.
Este é de uma beleza surpreendente.
É um dos meus filmes favoritos, como tenho no perfil. Vejam que imagens tão belas!

Em português: "Cantando por detrás das cortinas" (que seria o destino desta mulher, como o de todas, se não se tivesse tornado pirata). Por amor e por ódio. Que é, às vezes, uma das formas de que se reveste o amor...

Ver em "écran" completo.

domingo, junho 20, 2010

O pato mudo do jardim

Antigamente, havia patos no jardim da Parada, em campo de Ourique.
Fizeram obras e desapareceram os patos, as galinhas, os garnizés e outra bicharada, tudo do reino das aves.

Até que, de repente, apareceu no lago vazio um pato velho. Sozinho e preto. Um pato mudo.
Foi logo adoptado por todos os frequentadores deste jardim, que nem parece ser de Lisboa, pois tem uma movimentação que já não se vê em lado nenhum, e muitos são os que lhe levam legumes cortados como se fosse para fazer caldo verde, talvez porque não têm milho. O pato é simpático, vem comer à mão, abana a cauda e interage com as pessoas, quase parece um cão. Só não canta, porque é mudo, mas sopra... e ninguém lhe pede mais, só lhe agradecem por ser ele o único ser vivo constante e permanente ali, onde há muitos pássaros, mas são todos demasiado voláteis.
Este pato deve ter uma história... Talvez...

Uma minha amiga contou-me que, um dia, lhe deram uma pata para fazer um arroz de pato. No momento em que me narrou esta história, já a pata tinha dez anos (talvez menos, não me lembro bem) e coxeava de uma pata, pois ninguém teve coragem para a matar. Acabou por morrer de velha e por deixar muitas saudades. O que significa que não tinha vocação nenhuma para arroz de pato.

Imagino então isto: deram a uma senhora de idade um pato mudo para fazer um arroz de patos mudos. O pato foi ficando, foi ficando, habituou-se a comer na mão, a abanar a cauda, que giro, que lindo patinho...
Até que a senhora morreu. Que fazem os herdeiros?
- Que fazemos ao pato?
- Que fazemos ao Euclides? (Devia ter nome, claro).
- Arroz de pato - afirma o primo mais materialista.
- Coitadinho do Euclides! Arroz de pato? - protesta, indignada, a prima vegetariana.
- Que horror! Tadinho! - Exclama a sua irmã, uma carnívora muito humana, que adora animais, mas que vive num pequeno apartamento com três cães, cinco gatos e uma tartaruga. - Eu é que não posso ficar com ele, que os meus cães matavam-no - o Sócras é um bicho muito agressivo e que não para quieto um minuto. A Cavaca é enorme e tem a mania de saltar para cima de tudo, atirava as patas para cima do pato... Uma pastora-alemã... porque senão eu levava o Euclides... Coitadinho!
- Mas tu não tens piscina para ele nadar - retorquiu a vegetariana, já com medo que a criatura levasse o Euclides para o minúsculo e infernal apartamento.
- Bem, eu tenho uma banheira...
- É verdade! Podíamos pô-lo no jardim de Campo de Ourique, que tem um lago! - Disse alguém.

Onde faz as delícias da criançada, dos avós, dos pais e... de toda a gente. Só pelo facto de existir. E de estar ali.

sábado, junho 19, 2010

José Saramago

Aprecio muitíssimo a obra de José Saramago, mas nunca gostei da personagem José Saramago e não vou agora afirmar o contrário.

Pergunto-me se a personagem era real ou também fictícia, aquela que apostava sempre no cavalo errado em termos de polémica: pelo comunismo no pós-comunismo e no pós-muro de Berlim, estalinista décadas depois de se ter percebido o que foi o estalinismo, por Fidel quando os cubanos fugiam de Cuba em embarcações improvisadas para serem pasto de tubarões... contra a religião numa época em que o mundo inteiro regressa à religião, tentando livrar-se do materialismo que até hoje tem empedernido o planeta.
Fica a sua obra e deixa de existir, a partir de agora, essa diferença entre obra e autor, razão pela qual muitos irão dar o dito por não-dito.

E fica a satisfação de ter regressado a Portugal.

Quanto à obra, essa ficará para sempre no nosso coração e no nosso imaginário. Personagens como Baltazar Sete Sóis e Blimunda Sete Luas... são tão de lado nenhum, que podem muito bem ser portuguesas.

sexta-feira, junho 18, 2010

Aung San Suu Kyi



Aung San Suu Kyi líder da oposição na Birmânia e Prémio Nobel da Paz, faz hoje 65 anos em prisão domiciliária, nesta casa do lago, completando quase 15 anos em cativeiro.
Uma coisa que podemos fazer é enviar-lhe uma mensagem através do Facebook, outra é, por exemplo, escrever um email ao Secretário Geral da ONU, instando-o a que se esforce para instaurar a democracia na Birmânia, também chamada Burma,


Também se pode dar dinheiro.

quarta-feira, junho 16, 2010

A Boneca da Montra



Lembram-se da Boneca da Montra?
Aquela boneca lindíssima que estava na montra?
A boneca que nós desejávamos levar para casa e amar para sempre, mas que tínhamos vergonha, medo, terror de pedir? E que nunca esquecemos porque nunca a tivemos, assim como a teríamos esquecido como uma das bonecas vulgares que usamos, até as termos escaqueirado em frangalhos, para sempre?

A minha Boneca da Montra eram umas galochas brancas de plástico, que havia aos montes na feira da minha terra, que não tinha montras nem bonecas. Ainda hoje sonho com elas, de noite, a dormir. Eram muito baratas, mas eu não sabia nada de preços. Um dia mostrei-as à minha mãe, com um ar de quem não quer a coisa (mas queria, juro!). Respondeu que não prestavam, que eram geladas para o Inverno (era Inverno) e esqueceu o assunto imediatamente. Eu não. Ainda me lembro.
Ainda hoje sonho com elas, de noite a dormir: duas botas brancas lindíssimas, ali assim.
Comprei esta boneca da montra, o computador pequenino e branco, mas maior do que o outro, também pequenino e branco, como duas botas brancas, pequeninas e desemparceiradas da feira onde as via de quinze em quinze dias...

Quando comprei o mais pequeno, que só tem 2 Gigabites de memória, postei aqui vários textos sobre a Boneca da Montra. Incluindo um concurso com prémios incríveis... eu não disse que eram bons, só que eram incríveis...
Para ler esses posts, basta clicar na tag em baixo e em verde "A Boneca da Montra".

Quanto às botas, galocha, tão brancas como estes dois netbooks, comprei no Outono passado umas galochas pretas de plástico e lindíssimas, no Stockmarket. E uma minha colega super-hiper-tia-de Cascais (em vez de Cascais talvez da Vorduzela, Vuvu) apontou-as a dedo e exclamou:
- São de plástico!
- Oh! Não! - exclamei eu, em pânico - É proibido? Vou presa por usar botas de plástico?!
Será proibido usar galochas pretas de plástico, em vez das galochas brancas e maravilhosas da minha infância... que povoam os meus sonhos a dormir...
Que sonhos! Que maravilha! Que terror!

Como é maravilhosa e terrível a juventude! Como o terror não desaparece com o tempo!

terça-feira, junho 15, 2010

Futebol!

Toda a minha experiência futebolística se resume a alguns jogos que vi no terreno entre o Arouquense Futebol Clube e o Paivense. Duas equipas rivais e duas terras rivais por causa da comarca de Arouca, pegavam-se sempre à batatada muito antes de haver "hooligans". Aliás, a gente aqui nunca precisou de expressões escritas noutra língua para fazer o que nos deu na bolha.

Como mulher do norte que sou, adorava ver a bagunça, (embora não batesse nem apanhasse) e só acompanhava os meus amigos ao estádio(zinhinhinho) nessa ocasiões e por este motivo. Também era quando tinha mais fregueses... ia todo o mundo.
Era um estádio com chão de terra, tinha uma corda a separar o público dos jogadores, tudo muito familiar, por entre a poeira da tarde.
Lembro-me, em particular, dos olhos abertos de surpresa e de espanto duma mulher, no momento em que alguém lhe partiu na cabeça o cabo dum guarda-chuva daqueles grandes e pretos, por exemplo, mas o momento mais emocionante foi quando uma jovem paivense mordeu o dedo dum jogador arouquense (arouquês?), o qual teve a ousadia e o desplante de lhe fazer aquele gesto do Pedro Abrunhosa... bem perto da cara... e da boca.
Imagino que lhe tenha servido de escarmenta e que nunca mais na vida tenha feito tal gesto, até porque me parece que ela lhe arrancou o dedo fora...

Bons tempos! Mas ainda não havia vuvuzelas.
Outra das minhas reivindicações contra o Mundial de Futebol (a primeira é a vuvuzela, uma tradição muito nossa) é que não posso ver na televisão o canal italiano Rai Uno, que gosto de ver... como também passa os jogos, não pode fazer concorrência ao nosso canal dos jogos. Talvez a RTP... não sei.

Il mio cuore va (titanic version) - Sarah Brightman


Lindo! Lindo!
Wonderfull!

Letra
Ogni notte in sogno,
Ti vedo, ti sento,
E così io so che ci sei.
Tu, da spazi immensi,
Da grandi distanze,
Sei venuta e so che ci sei.

Qui, la, dovunque sarai,
Sento forte il mio cuore che va.
Ancor la porta aprirai,
Per entrar nel mio cuore,
E il cuore mio va e va.

Per, la nostra vita,
Vivrà questo amore,
Se saremo insieme io e te.
Io ti ho sempre amata, ti ho
Stretta davvero e vivra
Per sempre il mio amor.

Qui, la, dovunque sarai,
Sento forte il mio cuore che va.
Ancor la porta aprirai
Per entrar nel mio cuore,
E il cuore mio va e va.

Sei qui, paura non ho,
Sente che batte forte il mio cuor.
Sarà per sempre così ti,
Protegge il mio cuore,
E il cuore mio va e va.



sábado, junho 12, 2010

O Teólogo Joseph Ratzinger

Ando a ler com prazer e entusiasmo um livro do teólogo Ratzinger antes de ser Papa. Escrito na década de 80, considera, no prefácio posterior, haver dois períodos importantes para a religião no Século XX. O Maio de 68, ou seja, 1968, em que a utopia passou para o lado do humano, desligando-se das religiões e negando-as, e a queda do muro de Berlim, em que a utopia deixou de se colocar ao nível humano, por falência dos ideiais políticos (a seu ver, eles também baseados no Cristianismo e tomados também como uma fé).
O Papa leva muito a sério a importância especial dada actualmente à parte mística das religiões, nomeadamente à expansão das ideias budistas no ocidente e outras...
E diz algo que me surpreende num Papa, já que o livro foi reeditado agora. E que ainda estou a ler no princípio. Passo a citar.
"... Assim como o fiel se sabe constantemente ameaçado pela incredulidade que o acompanha como uma tentação sem fim, também a fé constitui para o incrédulo uma ameaça e uma tentação para o seu mundo aparentemente completo. " p.32

E prossegue nesta ideia
" ... Tanto o fiel como o incrédulo participam, cada qual à sua maneira, da dúvida e da fé, desde que não se escondam de si mesmos e da verdade do seu ser. Nenhum deles consegue fugir totalmente à dúvida, nem à fé..." p.33

Chamam fanático e retrógrada a este homem? Gosto particularmente da frase "desde que não se escondam de si mesmos e da verdade do seu ser".

O que me leva também a reflectir sobre isto: há hoje inúmeras pessoas que afirmam ver Cristo e falar com ele, ver anjos, santos, espíritos, etc. Nem todos me parecem charlatães, antes me parecem estar noutra onda qualquer e, se enganarem alguém , fazem-no primeiro a eles mesmos.
Pergunta: por que razão não vêem os Papas a Deus? Por que razão são eles também assaltados pela dúvida, perante o silêncio e a invisibilidade de Deus? Invisibilidade de que este livro fala muito, também.
Acreditaremos nestas pessoas porque não nos enganam, sendo racionalistas e promovendo o racionalismo, ou acusamo-las de excesso de racionalismo e de falta de iluminação?
Comoveu-me e espantou-me, pelas mesmas razões, a confissão do Papa em Fátima, afirmando que é fácil um crente ter inveja de Francisco porque ele viu e o crente não vê. Inveja: refere-se a ela muitas vezes neste sentido.

Parece-me um alma torturada pelo silêncio de Deus, a invisibilidade de Deus, pela inveja de quem o vê, pela dúvida e pela fé.
Sempre gostei deste Papa, por me parecer, tal como outros Gurus, que tem algo para transmitir a toda a humanidade. Nem que seja a sua humilde e pobre humanidade, revestida de vestes douradas. Talvez de ouro falso.

P.S.: Os livros deste autor lêem-se com agrado,porque têm sempre uma feição narrativa.
Livro: Introdução ao Cristianismo, Joseph Ratzinger. - Estoril: Principia, 2006.