Dá alguma vontade de rir ler as notícias de O Globo informando que, no Rio de Janeiro, tem havido uma vaga de frio, entre os 18 e os 20 graus.
Aqui em Portugal isso seria uma ameníssima Primavera e, em muitos países europeus, um Verão.
Isto recorda-me um ditado popular português, dos muitos relacionados com a pobreza e que começam a ser esquecidos. Porque a pobreza começa a ser coisa do passado.
"Dá Deus o frio consante à roupa".
Tradução: Deus dá o frio conforme (consoante) a roupa. Por exemplo, quem tem um casaco de peles tem frio e quem tem só uma camisolita rota, também tem frio.
Às vezes, quem tem mais frio são os que têm mais roupa.
Neste caso do Brasil, a roupa é pouca, mas o frio não é nenhum, o que comprova o ditado.
Extraiamos daqui ilações filosóficas para outras dimensões do frio.
(P.S.: Para ver outros provérbios neste blogue, clicar nos links abaixo, aparecem os posts todos seguidos)
Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quarta-feira, julho 06, 2011
Queremos mais Europa!
As agências de rating, em grande parte responsáveis pela actual crise, por terem errado as avaliações de risco nos subprime, investimentos em empréstimos para habitação na América, estão agora a controlar a seu bel-prazer os mercados mundiais.
A política retira-se, funcionam os mercados com regras impostas por duas ou três empresas privadas.
É a guerra dos tempos modernos. E nem podemos defender-nos, apenas sucumbir.
É consensual que o corte da Moody's à dívida portuguesa é aleatório. Com isto, a bolsa de Valores baixa muito e os investidores (americanos, por exemplo) vão comprar acções das privatizações a preço de saldo, sendo que Portugal pouco ganha com elas. Assim, a profecia cumpre-se: a nossa economia continuará em queda, a encher os bolsos dos emprestadores de dinheiro, os bancos, dos investidores e, sobretudo, das agências de rating.
Que fazer então? Obviamente, exterminá-las. Mas como?
Com mais Europa.
A Europa tem sempre reagido às crises europeias com mais Europa, ou seja, com mais união entre os países europeus. É disso que precisamos agora. Talvez mesmo do tão falado federalismo.
VER AQUI
E AQUI
E TAMBÉM AQUI
A política retira-se, funcionam os mercados com regras impostas por duas ou três empresas privadas.
É a guerra dos tempos modernos. E nem podemos defender-nos, apenas sucumbir.
É consensual que o corte da Moody's à dívida portuguesa é aleatório. Com isto, a bolsa de Valores baixa muito e os investidores (americanos, por exemplo) vão comprar acções das privatizações a preço de saldo, sendo que Portugal pouco ganha com elas. Assim, a profecia cumpre-se: a nossa economia continuará em queda, a encher os bolsos dos emprestadores de dinheiro, os bancos, dos investidores e, sobretudo, das agências de rating.
Que fazer então? Obviamente, exterminá-las. Mas como?
Com mais Europa.
A Europa tem sempre reagido às crises europeias com mais Europa, ou seja, com mais união entre os países europeus. É disso que precisamos agora. Talvez mesmo do tão falado federalismo.
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E AQUI
E TAMBÉM AQUI
terça-feira, julho 05, 2011
Heroismo e miséria na América
Sabemos que os americanos impingem para todo o mundo o grande heroísmo dos seus militares, que tanto apreciam, ao contrário de nós, portugueses, que somos agora pouco bélicos e não gostamos nada desse tipo de gente... voluntários para a guerra? Só obrigados e mesmo assim, fugindo. Não é uma atitude recente, os homens portugueses sempre foram arrebanhados contra a sua vontade, o que é amplamente documentado na nossa literatura de diversas épocas.
O que não sabemos, talvez, é o seguinte: no site de solidariedade www.thehungersite.com é possível dar dinheiro para várias causas sem custos para nós, através de patrocínios. É só clicar. Recentemente, foram acrescentadas mais causas.
Uma delas é a dos veteranos de guerra americanos.
Pedem ajuda para os veteranos e suas famílias, pois, entre 12 e 16 por cento dos sem-abrigo, nos Estados Unidos da América, são veteranos de guerra. O site elogia-os muito. Creio que ficaram sem-abrigo com acrise dos subprime, pois a miséria é bem pior nos Estados Unidos do que aqui e agora.
Realmente, se apreciam tanto os seus heróis, por que não os protegem? Provavelmente têm dificuldade em se adaptar à realidade quotidiana.
Bem, se os heróis se habituam a partir tudo, a destruir tudo, a partir a loiça toda, que deve ser a parte gira da guerra... para quem goste... a matar aquele tipo que chateou... etc... nem me atrevo a continuar...
VER AQUI
(Thank you for clicking! Your click helped a homeless and hungry veteran get a free meal.)
sábado, julho 02, 2011
Iam ao talho, de garrafita na mão, para pedir sangue de porco
Ocorre-me esta conversa que ouvi há uns meses, numa pequena terra portuguesa.
"Antigamente, * as mulheres iam ao talho, de garrafita na mão,** e pediam ao Sr. Quintela, "pelas alminhas de quem lá tem" se lhes dava um bocadinho de sangue de porco***. E o Sr. Quintela lá fazia a caridade de dar o sangue de graça... deitava um bocado de sangue na garrafita...
E depois iam para casa e guisavam aquele sangue de porco com batatas.
Agora!!! Agora os filhos dessas mulheres andam aí de carro novo, não dispensam de ir passar férias lá para os Algarves ou lá para o estrangeiro. E eu tenho um primo que trabalha na recolha do lixo e que diz que se deita fora tanta coisa boa! Carne, fruta... Kilos e Kilos. Kilos e Kilos de carne".
Então eu, Nadinha, fiquei a pensar: por um lado, enriquecemos muito numa geração. Por outro, não sabemos poupar... esquecendo os milhares de truques que sempre houve para se ir comendo sem gastar muito...
:)* [ pronunciado "intigamente"]
** [a garrafa era sempre reutilizada, até se partir]
*** [não havia, ainda, talho de boi]
terça-feira, junho 28, 2011
Manuscrito Encontrado em Saragoça
É um estranho livro. Na Linha do Decameron, de Bocaccio, Heptameron, de Margarita de Navarra, ou mesmo das Mil e Uma Noites, conta "inúmeras" histórias. A trama é aqui ainda mais intricada, porque, a certa altura, esquecemo-nos de quem conta a história de quem...
Enfim, às vezes não percebemos nada, mas tudo bem!
Nos três livros referidos, Decameron, Heptameron e Mil e Uma Noites, os narradores estão sentados, identificados e contam uma quantidade de histórias que tem significado numérico e talvez cabalístico. No primeiro caso, dez vezes dez (dez dias, dez pessoas), no segundo, sete vezes sete (sete dias, sete pessoas), no terceiro talvez mil e uma...
No Manuscrito Encontrado em Saragoça, trata-se de 66 jornadas, mas é tudo muito mais complicado.
As personagens narradoras não estão sentadas e identificadas, mas sim em viagem. Uma viagem muito atribulada, que as leva sempre, no seu termo, para o mesmo lugar, a estalagem de "Venta Quemada", junto da forca onde estão suspensos os dois irmãos enforcados.
A Venta Quemada tanto pode ser um lugar ermo e em ruínas como uma espécie de hotel cinco estrelas de luxo asiático, variando dum extremo ao outro, sem excluir nenhum. Há só um problema estranho: depois de adormecerem numa luxuosa Venta Quemada, com sonhos ou práticas eróticas com umas mulheres que são dois diabos, os homens acordam entre os dois enforcados...
Cenas dos próximos capítulos...
Há também um filme de culto baseado no romance... Ver Aqui abaixo, dobrado em Espanhol.
Este post está em atualização, porque só agora acabei de ler o primeiro volume de dois. Volte a consultar. Compre o livro, leia-o nas férias, comente aqui, se quiser.
Manuscrito Encontrado em Saragoça, Jan Potocki (1761-1815)
Enfim, às vezes não percebemos nada, mas tudo bem!
Nos três livros referidos, Decameron, Heptameron e Mil e Uma Noites, os narradores estão sentados, identificados e contam uma quantidade de histórias que tem significado numérico e talvez cabalístico. No primeiro caso, dez vezes dez (dez dias, dez pessoas), no segundo, sete vezes sete (sete dias, sete pessoas), no terceiro talvez mil e uma...
No Manuscrito Encontrado em Saragoça, trata-se de 66 jornadas, mas é tudo muito mais complicado.
As personagens narradoras não estão sentadas e identificadas, mas sim em viagem. Uma viagem muito atribulada, que as leva sempre, no seu termo, para o mesmo lugar, a estalagem de "Venta Quemada", junto da forca onde estão suspensos os dois irmãos enforcados.
A Venta Quemada tanto pode ser um lugar ermo e em ruínas como uma espécie de hotel cinco estrelas de luxo asiático, variando dum extremo ao outro, sem excluir nenhum. Há só um problema estranho: depois de adormecerem numa luxuosa Venta Quemada, com sonhos ou práticas eróticas com umas mulheres que são dois diabos, os homens acordam entre os dois enforcados...
Cenas dos próximos capítulos...
Há também um filme de culto baseado no romance... Ver Aqui abaixo, dobrado em Espanhol.
Este post está em atualização, porque só agora acabei de ler o primeiro volume de dois. Volte a consultar. Compre o livro, leia-o nas férias, comente aqui, se quiser.
Manuscrito Encontrado em Saragoça, Jan Potocki (1761-1815)
segunda-feira, junho 27, 2011
terça-feira, junho 21, 2011
João Cristóvão
Este é o convite para a exposição de João Cristóvão, na galeria São Mamede, dia 30 a partir das 19 horas. É um evento público.
"The Theatre" é o título genérico.
Como João Cristóvão não se interessa pela Internet, este meu blog está mais actualizado sobre a sua obra do que o seu próprio.
Por exemplo, a anterior exposição, denominada Wedding Dress, está referida AQUI, neste Terra Imunda.
O seu próprio blogue só tem uma entrada, datada de 2008, e está AQUI
domingo, junho 19, 2011
Nuno Crato: as ciências ocultas da educação
Para já, este governo conseguiu despertar a esperança e a confiança.
Para já, antes de entrar em funções, não podia ter feito nada de melhor.
Nos governos das sinistras (a propósito, o blogue A Sinistra Ministra foi encerrado por manifesta ausência de objecto), a gramática mudou 3 ou 4 vezes ou mais e a ortografia uma, os professores não sabiam o que ensinar aos alunos, mas houve sempre exames nacionais de Português. Até ao nono ano, só a Português e a Matemática, no 12º a Português e a umas quantas.
Este é um exemplo do desgoverno do governo.
Os Novos Jovens
Tal como há os novos ricos e os novos pobres, também há agora os novos jovens. Senão, reparem: se lermos os jornais, constatamos ser consensual que este novo governo é muito jovem, o mais jovem de todos até hoje.
É um governo muito jovem, os ministros têm quarenta e tal, cinquenta e tal (por exemplo 59) anos.
Ai que bom! Sinto-me tão jovem!
O nosso Cardeal Patriarca também era muito jovem quando foi eleito, a acreditar no comunicação social. Só tinha 62 anos. Eu e os meus amigos costumamos mesmo chamar-lhe "O Jovem".
A solução para controlar um ataque de riso é tossir muito e foi o que ela fez. Porque havia pessoas muito sensatas a ouvir.
É um governo muito jovem, os ministros têm quarenta e tal, cinquenta e tal (por exemplo 59) anos.
Ai que bom! Sinto-me tão jovem!
O nosso Cardeal Patriarca também era muito jovem quando foi eleito, a acreditar no comunicação social. Só tinha 62 anos. Eu e os meus amigos costumamos mesmo chamar-lhe "O Jovem".
Tendo eu convivido com a escritora Natália Correia, que nunca se ria quando achava que não devia rir, fi-la ter um ataque de riso depois de ter afirmado que a juventude depende da profissão.
Esperando um argumento estranho ou absurdo, pronta para replicar com veemência crítica, ouviu-me responder:
- Por exemplo, os jovens agricultores têm, no mínimo, 40, 50 ou 60 anos.
A solução para controlar um ataque de riso é tossir muito e foi o que ela fez. Porque havia pessoas muito sensatas a ouvir.
(Narro este episódio para o meu muito recente amigo virtual António, que adora a nossa Natália)
sexta-feira, junho 17, 2011
Ministro da Educação: Nuno Crato
"ideia de que o estudante cria o seu próprio currículo e reconstitui por si, em doze anos de escolaridade, as descobertas que à humanidade custaram séculos de esforço colegial constante;""Os bons professores sabem o que se deve fazer e tentam fazê-lo. Se às vezes não o fazem mais e melhor, essa limitação não se lhes deve. Deve-se sim às imposições avulsas do Ministério, aos currículos desconexos, aos maus manuais escolares, a um ambiente de desrespeito pela cultura e pela educação" (pág. 121).
"Assim se chegou à ideologia educativa hoje oficial, segundo a qual os negros, por exemplo, não podem interessar-se por física quântica porque isso é só para filhos de universitários, os ciganos não podem interessar-se por violino porque isso é só para filhos de médicos, etc. Logo, para que estas crianças, coitadinhas, possam ter "sucesso", temos de os ocupar e motivar com o jogo do pau e o Big Brother da TV (o de Orwell não, claro) — a física não é para eles, coitadinhos. É esta crença falsa — além de classista, racista e repugnante — que orienta e explica as políticas dos sucessivos Ministérios da Educação."
in O Eduquês em Discurso Directo: Uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista, de Nuno Crato. Lisboa: Gradiva, 2006, 132 pp.
Esperemos que este Ministro da Educação não seja trucidado pela máquina do Ministério, alimentada por oportunistas, incompetentes e baldas.
quinta-feira, junho 16, 2011
Copiar e plagiar. Magistrados que copiam, Primeiros Ministros que obtêm um diploma dúbio...
Já foi tratada neste blogue a questão de copiar. (VER)
Não existe, na mentalidade portuguesa, nada que contrarie esta tendência, tal como são incontáveis as pessoas que compraram a carta de condução, sem reflectirem que esse sistema não pode funcionar mas funciona, num país onde a sinistralidade é maior do que seria de esperar. Há sempre desculpas: "Compras a carta e depois aprendes a conduzir..."
"Copiar é uma maneira de aprender", o importante é não ser apanhado, só são apanhados os que não sabem copiar, etc.
Temos o que merecemos: futuros magistrados que copiam, sem qualquer senso ético ou exigência com eles mesmos.
E que, como se diz neste artigo do Público deviam ser expulsos.
Não existe, na mentalidade portuguesa, nada que contrarie esta tendência, tal como são incontáveis as pessoas que compraram a carta de condução, sem reflectirem que esse sistema não pode funcionar mas funciona, num país onde a sinistralidade é maior do que seria de esperar. Há sempre desculpas: "Compras a carta e depois aprendes a conduzir..."
"Copiar é uma maneira de aprender", o importante é não ser apanhado, só são apanhados os que não sabem copiar, etc.
Temos o que merecemos: futuros magistrados que copiam, sem qualquer senso ético ou exigência com eles mesmos.
E que, como se diz neste artigo do Público deviam ser expulsos.
quarta-feira, junho 15, 2011
segunda-feira, junho 13, 2011
Festa do Santo António de Lisboa, em Lisboa, Portugal
Há sempre algo de novo nesta festa. A noite é para os jovens, o dia e a procissão são para os não muito jovens, os quais estão a dormir da noitada. Fui lá.
Novidade para mim: tinha visto na net que todos os anos há o milagre do sol e encontrei lá muitas pessoas que falavam dele: as que já o tinham visto, as que esperavam vê-lo. . .
Diziam: o sol fica diferente quando sai a procissão de Santo António. E ainda mais diferente quando o Santo entra na igreja. Muitas pessoas não participam na procissão, elas mesmas mo disseram, pois preferem esperar a reentrada e ver "o milagre do sol". Milagre anual. Repetido. Frequente.
Como sou hiperativa e desportista, limitei-me a fotografar o sol, a procissão, as pessoas e ala, aí vou eu até ao largo lá em cima, Cerca Moura. Vou a pé, claro, (o trânsito está cortado), esperar a procissão, que prossegue, lenta.
Como a procissão demora, desisto de ver o "milagre do sol" e desço a pé da Cerca Moura ao Terreiro do Paço, ao Rossio, etc.
E aqui vão as fotos que tirei. Ao sol, no momento da saída da procissão, pois sei que não verei nada de diferente do usual.
Às pessoas e à imagem do Santo.
Às banquinhas do comércio. Onde pontificam imagens do Dr. Sousa Martins. E à Inveja. "Escura e feia".
Imagem de Santo António: as pessoas batem palmas à sua passagem e dizem: "Que lindo!" A imagem, com partes de prata, brilha ao sol.
As pessoas colocam colchas bonitas, de seda, à janela, para a passagem da procissão. Este é um costume que existe em todo o país, Portugal (digo-o para os brasileiros que vêm a este blogue)(e outros).
E com a católica religião, a superstição popular. Mezinhas contra a inveja. Rezas ao Dr. Sousa Martins, médico português recente, invocado pelos espíritas como curador...
Significam, isto e o milagre do sol, que o culto de Santo António é sobretudo popular. Ainda hoje.
E lá vamos nós. Entre o Céu e a Terra.
A propósito, quero ainda acrescentar o seguinte: na sua obra O Livro de S. Michele, Axel Munthe afirma que o povo italiano, na época em que escreveu o livro, na ilha de Capri, (lindíssima) acreditava mais em Santo António do que em Cristo.
VER AQUI
(Para ver, neste blogue, mais reportagens fotográficas, feitas noutros anos, sobre o Santo António De Lisboa, clicar aqui embaixo, no link Santo António De Lisboa)
Novidade para mim: tinha visto na net que todos os anos há o milagre do sol e encontrei lá muitas pessoas que falavam dele: as que já o tinham visto, as que esperavam vê-lo. . .
Diziam: o sol fica diferente quando sai a procissão de Santo António. E ainda mais diferente quando o Santo entra na igreja. Muitas pessoas não participam na procissão, elas mesmas mo disseram, pois preferem esperar a reentrada e ver "o milagre do sol". Milagre anual. Repetido. Frequente.
Como sou hiperativa e desportista, limitei-me a fotografar o sol, a procissão, as pessoas e ala, aí vou eu até ao largo lá em cima, Cerca Moura. Vou a pé, claro, (o trânsito está cortado), esperar a procissão, que prossegue, lenta.
Como a procissão demora, desisto de ver o "milagre do sol" e desço a pé da Cerca Moura ao Terreiro do Paço, ao Rossio, etc.
E aqui vão as fotos que tirei. Ao sol, no momento da saída da procissão, pois sei que não verei nada de diferente do usual.
Às pessoas e à imagem do Santo.
Às banquinhas do comércio. Onde pontificam imagens do Dr. Sousa Martins. E à Inveja. "Escura e feia".
Sol, À saída da procissão
Imagem de Santo António: as pessoas batem palmas à sua passagem e dizem: "Que lindo!" A imagem, com partes de prata, brilha ao sol.
As pessoas colocam colchas bonitas, de seda, à janela, para a passagem da procissão. Este é um costume que existe em todo o país, Portugal (digo-o para os brasileiros que vêm a este blogue)(e outros).
E com a católica religião, a superstição popular. Mezinhas contra a inveja. Rezas ao Dr. Sousa Martins, médico português recente, invocado pelos espíritas como curador...
Significam, isto e o milagre do sol, que o culto de Santo António é sobretudo popular. Ainda hoje.
E lá vamos nós. Entre o Céu e a Terra.
A propósito, quero ainda acrescentar o seguinte: na sua obra O Livro de S. Michele, Axel Munthe afirma que o povo italiano, na época em que escreveu o livro, na ilha de Capri, (lindíssima) acreditava mais em Santo António do que em Cristo.
VER AQUI
(Para ver, neste blogue, mais reportagens fotográficas, feitas noutros anos, sobre o Santo António De Lisboa, clicar aqui embaixo, no link Santo António De Lisboa)
Homenagem A Fernado Pessoa no 123º aniversário do seu nascimento
"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa raça."
(esta é a introdução à obra Mensagem de Fernando Pessoa, o seu único livro publicado em vida.)
Um dos posts mais procurados deste blogue é sobre a citação:
"Navegar é preciso; viver não é preciso."
VER AQUI
domingo, junho 12, 2011
Cidade linda e vária: manifestação no Rossio
Estas pessoas estão deitadas no chão como protesto.
Um protesto agradável, dá vontade de lhes fazer companhia, depois de ter passeado pela cidade.
Vejo agora a notícia no Público (clicar por cima do texto):
Cerca de cem pessoas deitaram-se hoje à tarde no Rossio em protesto contra “a falta de justiça social” e por uma “democracia verdadeira” em Portugal. A iniciativa, promovida pelo movimento “Democracia Verdadeira Já!” de Lisboa, surge depois de 12 dias de acampamento no Rossio.
Casamentos de Santo António
Só para heteros. Mas também aceitaram casamento não-religioso.
Os noivos foram conduzidos em automóveis antigos.
(Para ver, neste blogue, mais reportagens fotográficas, feitas noutros anos, sobre o Santo António De Lisboa, clicar aqui embaixo, no link Santo António De Lisboa)
Beato Zeferino, o Santo Cigano e a Cidade do Futuro
O papa Bento XVI resolveu homenagear, ontem e hoje, o povo cigano, dizendo-o vítima de discriminação e recordando que os ciganos foram também internados nos campos de concentração nazi, juntamente com os judeus.
Houve uma enorme peregrinação de ciganos de todo o mundo a Roma, ontem, e foi hoje celebrada uma missa numa igreja especial: uma igreja ao ar livre, em forma de circo romano, para que os ciganos não se sintam encurralados entre quatro paredes e dedicada ao Beato, na própria cidade de Roma.
Beato Zeferino, "El Pélé" foi mártir, tendo sido perseguido e morto em Espanha, onde vivia. Para homenagear o povo cigano, o Papa proferiu as seguintes palavras:
“Vocês estão na Igreja! Vocês são uma parte muito amada do Povo de Deus peregrino e recordam-nos que “não temos aqui em baixo uma cidade permanente, antes buscamos a cidade futura”.
Esta homenagem parece-me particularmente importante, pois encontramos o mais entranhado racismo em pessoas que parecem ser muito civilizadas e até "amorosas". Quando menos se espera, uma senhora delicada e amável, católica praticante (ou não), sai-se com uma frase como esta, para comentar um programa televisivo sobre tribos: "aqueles pretos horrorosos". (Como ouvi há poucos dias.)
Mas o próprio Papa é vítima de preconceitos, pois há pessoas que consideram nazis todos os alemães, pensando ainda que estão a ser generosas e igualitárias ao formularem este pensamento. E talvez os alemães decentes sejam obrigados a pensar, mais e mais vezes do que nós, no horror que foi o nazismo. Que aconteceu aqui. Na Europa. No século passado.
Aqui na Europa, onde o racismo e a xenofobia ainda se manifestam claramente "entre amigos e iguais", embora se proclame o pioneirismo da igualdade de direitos como valor "universal" porque foi daqui para o mundo.
Repito mais uma vez: gosto deste Papa. Acho-o muito melhor do que o anterior, pois não sou papista e não gosto de Papas.
E é tão longo caminho a percorrer! A caminho da "cidade futura"! Também chamada Jerusalém Celeste, entre outros nomes. Talvez os ciganos vão à frente, na sua deambulação. Pelo menos, procuram essa cidade.
Onde nos encontraremos um dia.
VER AQUI
(P.S.: A Igreja, redonda e ao ar livre, fica No Santuário de Nª Sª do Amor Divino.)
Aqui na Europa, onde o racismo e a xenofobia ainda se manifestam claramente "entre amigos e iguais", embora se proclame o pioneirismo da igualdade de direitos como valor "universal" porque foi daqui para o mundo.
Repito mais uma vez: gosto deste Papa. Acho-o muito melhor do que o anterior, pois não sou papista e não gosto de Papas.
E é tão longo caminho a percorrer! A caminho da "cidade futura"! Também chamada Jerusalém Celeste, entre outros nomes. Talvez os ciganos vão à frente, na sua deambulação. Pelo menos, procuram essa cidade.
Onde nos encontraremos um dia.
VER AQUI
(P.S.: A Igreja, redonda e ao ar livre, fica No Santuário de Nª Sª do Amor Divino.)
sábado, junho 11, 2011
Os gregos estão a ver-se gregos com o FMI
Os gregos estão-se a ver gregos com o FMI. Porque não trabalham, não desenvolvem...
Nós, pelo contrário, trabalhamos como galegos, como autênticos moiros, como negros, mas vemo-nos gregos na mesma.
Por causa do Sócrates que, apesar de não ser o verdadeiro filósofo grego, nos fez a vida negra e nos está a fazer ver gregos.
Nós, pelo contrário, trabalhamos como galegos, como autênticos moiros, como negros, mas vemo-nos gregos na mesma.
Por causa do Sócrates que, apesar de não ser o verdadeiro filósofo grego, nos fez a vida negra e nos está a fazer ver gregos.
quinta-feira, junho 09, 2011
Lá fomos, andando e rindo, a caminho da Troika
Fiquei a saber ontem um facto curioso: sabia que o governo de José Sócrates fez obras nas escolas, na sua maioria desnecessárias e que as ditas escolas públicas, que nunca tinham pago renda, começaram a pagar e logo foram aumentadas para o dobro. Sabia também que os professores e estudantes de Lisboa passavam muito bem sem o ar condicionado e o aquecimento central que agora têm e a que já se habituaram, extremamente dispendioso e que muitas vezes não pode ser ligado. Sabia também que em escolas velhas e talvez feias, nunca tinha chovido dentro do edifício, sendo que agora, remodeladas e tão bonitas que ficaram, chega a ser necessário encerrá-las porque ficam inundadas.
O que não sabia e fiquei a saber é que, pelo menos num caso, tendo sido abatidas as árvores existentes, foram plantadas mimosas vindas de... adivinhem de onde... não, não não... não adivinham.
Importadas de Itália. Mimosas italianas, grande luxo.
As quatro que pegaram estão muito lindíssimas, mas as 14 que secaram...
E assim, importando mimosas de Itália, porque aqui não há árvores, lá fomos andando e rindo a caminho da Troika.
As quatro que pegaram estão muito lindíssimas, mas as 14 que secaram...
E assim, importando mimosas de Itália, porque aqui não há árvores, lá fomos andando e rindo a caminho da Troika.
(N.B.: Parece que as mimosas italianas são o cúmulo do chique.)
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