quarta-feira, maio 25, 2022

Cabine de livros… cabine de trocas… cabine de tudo

 


Esta cabine tem uma história muito engraçada, para além de já ter sido cabine telefónica.

É agora uma cabine de troca de livros, ligada à biblioteca municipal Cinema Europa, que lá coloca alguns e que a gere, embora haja pouco a gerir. Durante alguns meses, as pessoas cumpriam as regras, trazer um livro e devolvê-lo, ou guardá-lo e substituí-lo por outro. Um dia, muito contente, levei lá uma amiga muito New Age, que levou logo uns seis ou sete livros, sem intenção de dar nenhum. Por aí, comecei a perceber que nem tudo seriam rosas, como se viu depois… também nem tudo são rosas na filosofiaNew Age, se as pessoas não se libertam assim tanto do ego, ou mesmo nada…

Com o confinamento, fecharam a cabine. Então, as pessoas, que também tinham mais tempo para arrumar a casa e precisavam de mais espaço para viver nela, colocaram uma grande caixa de plástico ao lado da cabine e continuaram com as trocas. Quando a caixa desapareceu, colocavam sacos cheios de livros. Foi então que as se começaram a alterar as regras de modo significativo: alguns pegavam logo nos sacos cheios e levavam-nos para casa.

A verdade é que não estamos em tempo de levar para casa quilos e quilos de livros, sim de nos livramos deles… até por causa dos ebooks, tão fáceis de adquirir gratuitamente e de transportar.

Quando a cabine reabriu, logo ficou com as estantes cheias e com mais sacos de livros no chão, mas, se num dia está cheia a abarrotar, algumas horas depois está vazia. Isto acontece sobretudo às segundas e sextas feiras, vésperas de feira da ladra e muitos viram sem-abrigos drogados e encherem as mochilas. Isto foi só o princípio.

De vez em quando alguém consegue libertar-se dos bens materiais e encher a cabine até ao teto, para no dia seguinte já não haver livro nenhum.

Por várias vezes encontrei pessoas a levar carradas de livros, todos com o aspeto de que nunca leram um livro na vida…

  • Você vai levar isso tudo?
  • Mas eu também trouxe muitos.
  • Onde estão os que trouxe?
  • São estes!
  • Mas esses já aí estavam ontem… 

Falando sobre o assunto com outros leitores, parece que alguns destes “utentes” são acumuladores, pessoas que acham muito importante ter a casa cheia de coisas, mesmo de livros, pensando que os livros valem muito, embora não valham quase nada, agora, comercialmente. Outros… uma senhora de idade muito respeitável mas com aspeto de não saber bem o que é um livro, ao afastar-me dela, intrigada, observo que se foi juntar a um drogado já entrado na idade, seu filho, claro.

Mesmo assim, a cabine cumpre a sua função: tenho descoberto nela grandes livros que nunca teria imaginado. Como em Campo de Ourique moram muitas pessoas estrangeiras, encontrei, por exemplo, uma autobiografia de uma das irmãs do Dalai Lama, em inglês, livro velho e esfarrapado que li e que ofereci à minha professora de Ioga, por me parecer a sua ideal depositaria. Agora estou a ler “ Viúvas  de Vivos”, obra de Joaquim Lagoeiro sobre a emigração, muito viva e injustamente esquecida. Onde iria eu desencantar semelhante livro, se não fosse nesta cabine! 

Cenas dos próximos capítulos… quem sabe? Who knows? 

sexta-feira, maio 13, 2022

O crime de colarinho branco compensa?

 



Nunca utilizei está expressão que ouvi algumas vezes, mas vou utilizar agora: o João Rendeiro morreu mal. É mesmo um caso modelo: roubou para viver em grande luxo, apreciava ser tratado com veneração e morreu numa cela infecta, sem vidros nas janelas, superlotada, gelada no inverno,  com um balde sanitário para muitos em vez de casa-de-banho, de acordo com o que disse quando apresentou queixa das más condições da cadeia. Com os outros criminosos a desprezá-lo porque pessoas como ele “nunca vão presas”, mas a considerá-lo um criminoso igual a eles: todos iguais. A sua advogada, caríssima, decidiu deixar de o defender por não ter como ser paga. 
Como se tudo isto não fosse o suficiente, Rendeiro ainda se suicidou.
Parece uma daquelas histórias exemplares para nos mostrarem que o crime não compensa… já há até alguns outros exemplos, mas ainda poucos, pois o crime a este nível tem compensado. E muito!  

As guerras más e as guerras que não têm importância…

 


Algumas guerras são horríveis. São guerras em que morre gente e até morrem crianças e gatos, como a da Ucrânia. Os que fazem essas guerras são homens muito maus. Horríveis. 

Há guerras que não são nada horríveis, como a da Palestina. Só morre uma gente escura e muçulmana, o que não tem importância nenhuma. E os combatentes não são heróis, são terroristas. E feios. Se morrem crianças, não as vemos na televisão. Quanto a cães e gatos… nunca vimos nenhuns… só crianças pobres e esfarrapadas, mas vivas.

Bem, é verdade que também morreu uma jornalista, mas também não era muito branca, era uma mulher do terceiro mundo. Não vale a pena perder tempo com isso, a prova é que as televisões não perderam nenhum.

Os terroristas feios lutam para continuarem a viver numa terra em que vivem há milénios.

Notícia: 

 A Al Jazeera, emissora com sede no Catar, disse em comunicado que sua correspondente foi morta "deliberadamente" e "a sangue frio" pelas forças israelenses. 

A rede também citou testemunhas oculares dizendo que um "atirador atacou Sherine com uma bala na cabeça, mesmo que ela estivesse usando um colete e capacete que claramente carregavam a palavra 'imprensa'".

sexta-feira, abril 15, 2022

“A Guerra Civil Mundial”


Como vivemos todos numa aldeia global e como, em última análise, somos todos irmãos, todas as guerras são fratricidas e cada guerra é uma guerra civil. É a “guerra civil mundial”, no dizer de Simone Veil. 

(Foto da Internet)


quinta-feira, abril 14, 2022

Refugiados



 Refugiados… a quantas coisas terão de renunciar para trazerem um gato, assim? E quantos gatos não terão fugido…

Foto: refugiada da Ucrânia com gato, de reportagem SIC - Skynews

sábado, março 26, 2022

1984 Livro de George Orwell

 Sugiro a todos os meus amigos que leiam, ou releiam se já leram, o livro 1984. 

Nele se descreve uma sociedade imaginária e distópica, situada no futuro, em 1984, em que existe o pensamento único, não pode haver opiniões diferentes, pois isso configura “crime de pensamento”.

Este controle, exercido pelo poder, é conseguido através da televisão (ainda não havia Internet quando George Orwell escreveu), que controla toda a população através da manipulação das emoções: medo, ódio e amor. O ódio exprime-se coletivamente pelo grande inimigo, o amor pelo Grande Irmão (Big Brother). É de lá que vem esse conceito.

Muito interessante



terça-feira, março 22, 2022

O povo português e o trabalho


 Falando há bocado com uma rapariga da Letónia, que já tem nacionalidade portuguesa, perguntei-lhe se gostava de viver aqui. Sim… gosta de algumas coisas… o clima, as pessoas são simpáticas, eu até já me sinto portuguesa, “mas trabalhar é uma merda”. Portugueses só trabalham bem para empresas estrangeiras. Logo a seguir atende o telefone e exclama, muito alto e muito irritada: - Ele é que poder ser despedida e tu é quem sofrer. Tu é quem fazer o trabalho dela para ele não ser despedida! 

Este episódio poderia trazer-me à ideia muitas recordações, mas trouxe apenas uma. Eu trabalhava com uma colega duas ou três horas por semana, mas quando entrava algum aluno (que tinha sido posto na rua por se portar mal) ela apontava para mim e dizia que era eu quem tratava do assunto. Um dia perguntei-lhe, por bem, por que razão empurrava para mim todo o trabalho, para ficar de braços cruzados a olhar para a parede, pois não lia livros, jornais nem vê-los e também não tinha internet, que ainda era rara. Respondeu:

- Porque tu gostas de trabalhar e até te aborreces se não tiveres nada para fazer, ao passo que eu prefiro mil vezes não fazer nada.

Na verdade, eu adoro não fazer nada se não tiver nada para fazer, mas como o trabalho era pouco, fácil e importante, não protestei dessa vez. 

Esta mulher protagonizou, como podem calcular, inúmeros casos de balda total, mas, se eu não tivesse mudado de local de trabalho (em parte por isso), no ano seguinte, teria sido avaliada por ela.

Portanto, a rapariga da Letónia, ainda muito ingénua, deveria dizer: 

- Tu é que sofrer para ele não ser despedida, tu é que fazer o trabalho dela, mas tu é que vai ser avaliada por ele.

NATO e UE na guerra da Ucrânia

 Nunca percebi muito bem uma frase que o povão anda sempre a dizer, já há  alguns anos, que deve ter origem num qualquer programa televisivo rasca. (Ainda se pode dizer rasca?) Enfim, a frase é esta:

“Vai lá, vai! Ahahahahah”. 

Neste momento, acho que já entendo e que vem muito a propósito. NATO?! UE?! Vocês apreciam muito o Zelensky, então… que tal entrarem nesta guerra oficialmente, com militares e tudo, gente que pode morrer e que pode pôr a opinião pública contra vós? 

 “Vai lá, vai! Ahahahahah”

Refugiados da Ucrânia

 


Hoje, entre outros casos, como não tenho mais que fazer, encontrei alojamento em Oeiras para uma rapariga ucraniana de 24 anos e o cão, em casa de uma mulher mais ou menos da mesma idade, que vive com a filha de 6 anos, menina que sempre quis ter um cão. A senhora fica preocupada porque acha que deve comprar equipamento para o bicho, mas nada percebe do assunto, porque nunca teve animais de estimação. Descanso-a dizendo que a rapariga tem economias, estava disposta a pagar o alojamento, em vez da cama, mesa e roupa lavada que vai ter até arranjar um emprego, e que pode comprar essas coisas, não se preocupe…

A Vladislava é uma mulher muito positiva, acha que tem muita sorte por estar num parque de campismo da União Europeia, nem diz qual é o país, o que importa é que é da UNiao Europeia. Imaginem o frio que lá deve estar… Pede ajuda para outras pessoas que conheceu no parque (a ajuda nesta fase é sobretudo informação), pede-me que lhes ensine português por Zoom, o que me deixa baralhada, pois não me apetece nada dar aulas outra vez… 

Enfim, a rapariga passa a tarde muito satisfeita a fazer vídeos do cão, um buldogue francês pequeno, para mostrar à menina de Oeiras. A mãe da menina anda à procura, entre as mães da escolinha, de um lugar para alojar uma outra rapariga com um filho de quatro anos, essa muito assustada e que quer ficar perto da Vlada, que a pode proteger e que vive isto como uma  aventura. Além disso, fala inglês perfeitamente, ao contrário da maioria, que só fala ucraniano. 

Continua nos próximos capítulos…

(A Vlada (nome fictício)  autorizou-me a partlhar a foto dela e do Kutz, muitissimo expressiva.  Reparem nos olhos dos dois.)

quarta-feira, março 09, 2022

As Altas Montanhas de Portugal

 



Este romance, As Altas Montanhas de Portugal, é do mesmo autor de A Vida de Pi, livro que deu origem ao conhecido filme com o mesmo nome.

Altas Montanhas é o que o autor chama a Trás-os-Montes. A ação começa no tempo dos primeiros automóveis e narra a viagem de um dos personagens, viajando de Lisboa a Trás-os-Montes, despertando na população os mais variados sentimentos emoções e reações, mas sobretudo espanto e irritação. 

Muito mais tarde, um luso-americano faz a mesma viagem num Chevrolet 4 Cavalos, acompanhado de um chimpanzé que já foi cobaia e que agora é o seu animal de estimação. O chimpanzé também provoca as mais variadas emoções no povo da terra. 

O que têm de comum estas duas histórias? Quase nada… há outra história pelo meio, a de um médico que só faz autópsias, mas todos os protagonistas são viúvos recentes e inconsoláveis. 

Como fio de união de tudo isto, há uma teoria mística muito estranha, inventada por um antigo padre missionário, que escreveu um diário. E uma imagem de Cristo feita por esse padre, que se encontra na igreja de uma aldeia perdida nas Altas Montanhas.

O autor desta obra, com laivos de absurdo e muito simbólica, é Yann Martel.

domingo, fevereiro 13, 2022

Terroristas à portuguesa


 Não percebi muito bem aquilo do terrorista. A besta ocupava-lhe as duas mãos e tinha de parar para procurar as setas 3 segurar na coisa que tinha dentro as setas e escolher uma. Com que mãos iria utilizar as facas? E como ia levar aquilo tudo para um exame sem dar demasiado nas vistas? 

- Segura-me nesta botija de gás enquanto eu abro esta coisa da gasolina e pego nas duas facas. Segura na mochila para eu puxar a besta que está muito atafulhada lá dentro e não sai.

- Mas porque é que trouxeste esta tralha toda para o exame de informática? Eu não trouxe nada! O setôr disse que era preciso? Ó Joana, tu também trouxeste uma besta, 4 facas, 3 latas de gasolina e uma botija de gás e … ? 

- Não, eu só trouxe uma caneta. Ó Tiago, tu trouxeste para o exame 4 facas e… é mais o quê? 

Estou convencida de que o atentado ia falhar redondamente. A menos que o mocinho tivesse tantos braços azuis como a deusa Kali (na imagem).  

Enfim, os nossos terroristas não prestam para nada. Sonham explodir tudo, mas não explodem nada... que vergonha!


Imagem: deusa Kali, da religião hindu, imagem da net.

terça-feira, fevereiro 08, 2022

A matança do porco

O que vou contar aconteceu várias vezes, durante a minha infância e está gravado na minha memória em pensamentos, sons, cheiros e, finalmente, sabores.
Havia um dia em que eu acordava, de manhã bem cedo, com guinchos estridentes. Guinchos de cortar a respiração, de furar os tímpanos, guinchos de um ser que quer agarrar-se à vida, gritos cada vez mais ténues, cada vez menos estridentes, depois já só um sopro…
Prestando atenção, totalmente acordada apesar da madrugada, eu sentia uma enorme energia por todo o lado, uma grande azáfama nas duas casas (a nossa e a do meu avô, muito próximas), um sentido do dever, sim, mas também uma indisfarçável alegria, uma expectativa de prazer. De todos, mas sobretudo de quem, como eu, não iria fazer nada, iria apenas observar e usufruir.
Era a matança do porco, como vocês já devem ter entendido.
Quando o silêncio, enfim, se instalava, havia um cheiro adocicado de queimado, estavam a queimar com fogo a pelagem do bicho. E logo um cheiro a sangue e a carne crua. O dia era longo e terminava com uma grande jantarada das duas casas, mas ainda não era a refeição principal, que teria convidados. Neste dia ainda eram só as “papas de sarrabulho”, acompanhadas com o sangue solidificado e cozido, a que o meu avô acrescentava açúcar, o único que o fazia. As papas eram verdes, enverdecidas por algum legume, não me perguntem pormenores, só recordo as sensações. Creio que também havia rojões de redenho, uma coisa esquisita. E no dia seguinte, então sim, a rojoada, uma festa dos sentidos e da comunicação familiar, em que o matador, com as suas enormes facas, era o herói.
Até aquele primeiro momento, o porco tinha sido criado quase como animal de estimação, embora nos fossem contadas histórias exemplares de bebés que foram comidos pelos porcos, era preciso ter cuidado… era amigo, mas também inimigo, não como se fosse gente…
Era assim.
Era assim, quando o homem ia buscar o seu alimento à natureza, às coisas e aos bichos. Mas não passava pela cabeça de ninguém dar um nome ao porco.
E muito menos lhe dariam um nome de gente.

Graciete Nobre

terça-feira, fevereiro 01, 2022

Deambulando por Lisboa

 Deambulando por Lisboa e descobrindo belezas desconhecidas ou esquecidas, todas "à mão de semear".

Na primeira etapa, perguntam-me se as fotos são montagens, mas é mesmo um hotel novo bem no centro da cidade, na Praça do Saldanha. Passa despercebido, pessoas que por lá andam ficam surpreendidas com estas fotos, porque passamos pela cidade sem reparar em nada. Como se vê na segunda foto, é o hotel Evolution, muito moderno e confortável.

O segundo lugar é a  estação do metro do Campo Pequeno, com muitas esculturas femininas,
do escultor Francisco Simões, que quase se confundem com as mulheres reais, como também se vê na foto.

 



 



sábado, janeiro 22, 2022

sábado, dezembro 04, 2021

Dia de Santa Bárbara

 



Hoje é o dia da minha Santa favorita, Santa Bárbara de Nicomédia. A par de São Francisco de Assis, nas minhas preferências. Tendo sido considerada um dos 12 santos principais da igreja católica, foi retirada do calendário no Concílio Vaticano II por não existirem provas da sua existência histórica. Mesmo assim, continua a ser importante no imaginário cristão, já que esta aqui fotografada foi comprada ontem e está adaptada às novas versões. Era grega, mas nas Ilhas Canárias garantem que era de lá, como seria, talvez, de toda a parte…

Padroeira dos mineiros e de todos os que trabalham com fogos e raios, como os militares artilheiros, é também invocada contra tempestades e trovoadas e ainda contra o medo. Traduzida nas mais variadas obras de arte, os seus atributos são a torre com três janelas, a palma do martírio e, eventualmente a eucaristia, em vez da torre. 

Gosto particularmente desta oração:

“Ó Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura.

Ficai sempre ao meu lado para que eu possa enfrentar, de fronte erguida e rosto sereno, todas as tempestades e batalhas da minha vida para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer à Deus, criador do céu, da terra e da natureza, e que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras.”

segunda-feira, novembro 29, 2021

Praias de vidro, ou o lixo transformado em beleza pelo mar


 


A primeira destas praias (duas primeiras fotos) fica na Sibéria, perto de Vladivostok, a segunda (terceira foto) fica na California.

Ambas resultam da transformação que o mar fez a resíduos de vidro e cerâmica que as fábricas lançaram nas imediações.

Nem tudo se perde, afinal.


Estas praias são designadas em ingles por Glass Beach e há mais aqui. Há muitas.

Clicar neste link


quinta-feira, novembro 18, 2021

São Martinho (de Tours) castanhas e vinho, fraternidade (exceto com os porcos) e muita arte

 









São Martinho de Tours não ficou conhecido por ter realizado um milagre, simm por ter realizado um ato fraterno. Aliás. protagonizou m ato fraterno entre classes, o que ainda hoje parece ser um milagre.

Santo muito popular mas tambem inspirador de muitas obras artísticas, vemos aqui algumas pintura que lhe são dedicadas.

Num dia muito frio, São martinho viu um pobre quase nu. Apiedado, o santo rasgou com a espada metade do seu manto e ofereceu-lho. Tendo ficado ele próprio um pouco exposto ao frio, como recompensa, o tempo aqueceu. 

O tempo quente nesta época, que os metereologistas, muito prosaicamente, atribuem a correntes quentes e anticiclones, chama-se verão de São Martinho e é ele mesmo um milagre que muitos de nós apreciamos, aqui em Portugal. 

Um milagre que gostamops de acompanhar com castanhas assadas, muito vinho e jeropiga, ou água pé... a caridade não parece ser uma tradição destes dias prolongdos, pois são vários os dias de temperatura amena.

Seguem aqui vários proverbioos relativo a a estes dias, enfatizando o facto de ser nestes dias que se abrem as pipas de vinho e que se abatocam: as rolhas (batoques) ficaram desde outubro ou setembro apenas encistados apra deixarem entrar o ar. Agora abatocam-se. Enfatizando a tradição de matar o porco por esta altura (agora, com ads arcas frigoríficas, mata-se emq aulquer altura, mas antigamente esperava-se que o frio do inverno, junatente com o sal das salgadeiras conservasse a carne. Sem mencionara s castanhas novas, que ficam boas nesta época.

· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.

· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.

· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.

· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.

· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.

· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)

· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.

· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.

· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.

· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.

· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.

Imagens

A primeira imagem: Pintura original de Giovanni Canova.

A segunda imagem: Escola de Domenico Ghirlandaio – Oratório de San Martino, Florença.

A terceira imagem : São Martinho e o Mendigo, de El Greco.

segunda-feira, novembro 15, 2021

Como é que imaginamos os nossos monstros?




Como é que imaginamos os monstros que povoam a nossa imaginação, ou pelo contrário, os seres benéficos? Estes últimos parecem ser mais difíceis de representar. 


Estas são algumas das fotos de Charles Fréger, um fotógrafo que viajou durante anos retratando estas máscaras, que recolheu no livro ′′ Wilder Mann ".

São tradições da Europa, todas elas, representando o homem selvagem.














domingo, novembro 07, 2021

O Cântico do Mundo... o canto do mundo?

 



Encontrei este livro, Le Chant du Monde, numa cabine de trocas, velho, estragado. Comecei a lê-lo ainda lá dentro e li-o todo de um fôlego. Não conhecia a obra nem o autor, o francês Jean Giono, do século XX, mas tenciono ler os outros que escreveu. Algumas das suas obras estão traduzidas para português. Destas, a mais conhecida e, aliás, muito popular é O Homem que Plantava Árvores, um pequeno conto apresentado com formato de livro.

Le Chant du Monde trata da relação do homem com a natureza, uma relação ainda íntima e autêntica. As descrições, muito belas, têm muito de poético, mas também têm um tom antigo que se perdeu para sempre. 

Interessante a simbiose da linguagem poética com a linguagem apenas prosaica e narrativa, que se encontra agora na melhor literatura, não a literatura comercial, mas aquela que se vai insinuando e impondo, apesar dos pesares.

Muitos escritores contemporâneos pretendem refazer essa união do homem com a terra, mas não conseguem escrever como os escritores antigos, autores dos séculos XIX e XX. 

Não conhecem os nomes das árvores e muito menos conhecem o modo como o vento lhes agita as folhas, ou o ruído que faz o tronco ao ser abanado por um vendaval, diferente conforme a espécie e a idade, ou o odor caraterístico de cada erva. O modo como tudo muda com a  humidade, com o frio, com o calor...Não conhecem a alma da natureza nem o cântico (o canto, os cantos) do mundo. Jean Giono conheceu, amou e descreveu tudo isto.

quarta-feira, outubro 20, 2021

Ai Weiwei: a fantasia

 


Uma constante em toda a exposição, “Rapture” é um pequeno barco cheio de pessoas (o barco só é pequeno por comparação com a quantidade de pessoas que transporta por mar, pois como objeto de exposição, há dois que são enormes e alguns que são minúsculos. 

Na imagem que aqui incluo, os refugiados são comparados aos apóstolos de Cristo, podendo ser interpretado que, quem segue no barco, é Cristo com os apóstolos.

O barco terá condições para uma viagem de poucas horas num mar calmo, não para a viagem de uma vida no oceano. Vê-se também, em algumas representações, que as pessoas pertencem a classes sociais, estatutos e profissões diferentes entre si. 

Do lado da exposição intitulado Fantasia há também um enorme painel, que ocupa toda uma parede, com desenhos de refugiados e desenhos que imitam os da antiguidade grega e romana. Quando representados por terra, são filas de pessoas carregando consigo uma pequena bagagem, embora pesada e que representa toda uma vida deixada para trás. 

Há uma parte menos interessante, deste lado da Fantasia, uma parede das grandes ocupada com fotos de monumentos importantes do mundo, a que se sobrepõe uma mão fazendo o gesto de mostrar o dedo do meio. Veem-se também muitas mãos com este gesto, ou apenas parte da mão, em objetos de madeira e barro. 

O enorme barco é feito de fios de vime, muito espaçados, dando lugar ao vazio. Vazio que, simbolicamente, ocupa um grande lugar nesta representação do espaço.

Dependuradas do teto, muitas imagens, estas sim, de fantasia, representando animais fantásticos ou figuras fantásticas e fantasmagóricas. 

Engraçadas também umas esculturas com cabeças de animais douradas, tendo em frente, do lado oposto, quadros com desenhos desses mesmos animais. são ao mesmo tempo reais e de fantasia, como se fossem figuras de contos de fadas.

Nas duas partes da exposição, vemos homenagens à arte antiga, ocidental e oriental, pois existem objetos inspirados na porcelana chinesa, nos desenhos em cerâmica grega, etc… 


O estranho título desta exposição, “Rapture”, tanto pode significar em português êxtase, como rapto.

Talvez seja um êxtase do lado da fantasia é um rapto, da parte da realidade.