sábado, junho 02, 2012

Nuno K Rato! O que é que vai sair dali???

Até agora não saiu nada, o ministro limitou-se a imitar em tudo as duas anteriores ministras, que tanto criticou. Caso para dizer que a montanha pariu um RATO ( K rato). Vem este trocadilho a propósito de eu estar sem a letra c no teclado e saiu rato em vez de Crato... e já num post anterior, titulei: "a montanha pariu um rato", pois é o que pareCe.

Este ano que agora termina, foi o culminar de vários anos de intenso laxismo, disparatada tolerância, igualitarismo entre professores e alunos, fazendo lembrar o PREque, no caso da educação e do ensino, ainda não terminou.

Os alunos chegavam às aulas com atraso de meia hora, ou nem iam, traziam um papel assinado pela mãe a dizer que o autocarro se atrasou (todos os dias) e, como era chato trazer sempre o papel, acabavam por convencer os professores a não marcarem faltas.

Os que eram postos fora da aula todos os dias, também justificavam as faltas disciplinares, e muitos diretores de turma aceitavam a justificação por medo dos pais. E por medo dos alunos.

Os pais acham giríssimo que o filho seja rebelde, toda a família acha giríssimo e, claro, acabam por minimizar o facto de não saber coisa alguma, consequência da dita rebeldia. De ter notas péssimas. Mas talvez as notas nem sejam tão más assim... pelos motivos que já disse.

Vem isto a propósito da recente legislação de Nuno K rato.

Talvez resulte. É à inglesa. A dita liberdade inalienável de os alunos fazerem tudo o que lhes apetece, tudo o que lhes dá na bolha, talvez se "aliene", afinal, com os dinheiros dos subsídios, que os pais dos alunos "rebeldes" perdem... ou com as multas que serão obrigados a pagar. Se forem altas.

Afinal, tudo se aliena.

A ideia parece boa, mas receio que não flutue. Vai muito contra a maré.


VER AQUI




(P.S.: A propósito, agora que não tenho a letra c, constato que, com a reforma ortográfica, ela faz muito pouca falta.)

sexta-feira, junho 01, 2012

Lisboa Maravilhosa e o sabor da cereja









Lisboa está maravilhosa, pelo menos desde ontem, dia em que começaram as festas da cidade.
Dou por mim a deambular por aí e a banzar-me. Lisboa sempre foi bela, mas agora então...
As cerejas do Fundão têm fama de ser as melhores, para além de serem cultivadas em extensão.
Estas meninas andaram a oferecer uma caixinha delas a cada pessoa que passava. Uma ou mais.
Lisboa saborosa, com sabor a cereja.


Só não deve ter sido muito bom para aquela carrinha que vende... cerejas. Talvez mesmo... cerejas do Fundão. Pelo menos de nome.


E já agora, a CP tem viagens para o Fundão, exatamente para o tempo das cerejas.


AQUI

quarta-feira, maio 30, 2012

Mentalidade contra a incompetência

Todos os dias nos deparamos neste país à beira-mar e à beira de um ataque de nervos, com a mais descarada das incompetência em toda a espécie de profissões. Será só a mim que acontee às vezes deparar-me com várias situações confrangedoras, todas no mesmo dia? de fazer perder a paciência a uma santa...

Mas os portuguesinhos, quando criticam, é toda a classe médica, todos os professores (incluindo todos os graus de ensino), todos os condutores da carris, etc.

Não passa pelas nossas pobres moleirinhas que devemos agradecer a alguns destes por serem bons ou mesmo ótimos, apesar de não ganharem nada com isso, nem ganharem mais do que os outros.

Começa  logo por haver pessoas que tiraram cursos superiores a copiar, a plagiar ou a comprar trabalhos feitos por encomenda e há mesmo quem se gabe disto. Estas pessoas não estão, obviamente, preparadas para a profissão que desempenham e, além disso, trabalham pouco (e mal) e faltam muito.

Até recentemente e mesmo agora, não é possível despedir esses trabalhadores, sobretudo se trabalham para o Estado. Com os últimos governos, aconteceu mesmo algo imprevisível: se essas pessoas são funcionárias públicas, com a nova avaliação, têm notas superiores às dos colegas. 

Estranho? Porquê? É fácil. Sendo o portuguesinho tão frágil e delicado, sente uma indestrutível necessidade de ser elogiado. Estas criaturas incompetentes, baldas e oportunistas, muito naturalmente tecem os mais generosos e rasgados elogios aos avaliadores, para, nas suas costas, lhes fazerem as críticas mais inconcebíveis.
Ter caráter? Isso já não se usa. Mas alguma vez se usou nesta terra? Basta ler a literatura antiga..

E tudo passa, assim, nesta massa acrítica e acéfala que é a sociedade portuguesa. 

Até nos darmos conta de que está tudo a correr mal e que já não vamos a tempo fazer nada.

domingo, maio 27, 2012

Ao longe, os barcos de flores


Pintura de Vladimir Kush: Arrival of the Flower Ship

Este verso de Camilo Pessanha é também o título de um blogue muito belo sobre poesia, que já aqui foi referido algumas vezes. 
A autora desse blogue acaba de falecer e é recordada com muita saudade pelos seus antigos alunos, atuais amigos. Dedicou-se a fazer o blogue quando se aposentou.
É um daqueles casos que toda a gente esquece quando critica os professores no geral, esquecendo que não são todos iguais.
Fica-nos o blogue, que é, pelo menos, uma bela antologia poética.

VER AQUI O BLOGUE


E já agora, aqui fica o poema de Camilo Pessanha.


AO LONGE OS BARCOS DE FLORES

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
— Perdida voz que de entre as mais se exila,
— Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...


P.S.: Os barcos de flores eram barcos de "prazer" na China, com gueishas, decorados com muitas flores.

sexta-feira, maio 25, 2012

Homens e bichos. Às vezes, tudo OK.



Para quem gosta de animais... eu, por exemplo, gosto. Não me parece que devamos preocupar-nos mais com os bichos do que com os nossos semelhantes humanos. Muito menos me parece que o gostar de bichos possa ser um pretexto para não nos importarmos com os nossos semelhantes humanos. 

 Parece-me que já estamos todos fartos desse humanismo animalesco. 

Mas ainda há coisas lindas no mundo, na relação entre gente comum e animais. Como esta, em que gente comum salvou um cardume de golfinhos. 

Os homens e as mulheres deste vídeo começaram por ter medo, bichos tão enormes... e acabaram por revelar uma grande delicadeza, tão grande delicadeza, conciliada com o medo, o que é mais raro. 

O medo impele-nos, às vezes, a sermos bruscos e descontrolados.
O amor pelos animais e por nós mesmos impele-nos, às vezes, à crueldade. À indiferença. Ao disparate.

terça-feira, maio 22, 2012

segunda-feira, maio 21, 2012

Amizade, coragem, cobardia, sistema político: tudo se relaciona?

Vejo no Facebook uma minha amiga muito jovem,  que se queixa de várias coisas, pois está a atravessar um mau momento. Problemas amorosos, problemas de trabalho.
Queixa-se de que as pessoas que estavam do seu lado, deixaram de estar e isso deixa-a perplexa e perdida.
Os amigo da mesma idade respondem que é nesta altura que se conhecem os verdadeiros amigos, porque esses estão e estarão sempre do nosso lado.

Mas isso não é verdade. Pois não? Respondo-lhe assim: "Umas pessoas por falta de caráter, outras por ambição ou medo, mudam. Outras não. Mas nem sempre isso tem uma relação connosco. É mais uma atitude genérica."

De facto, uma regra genérica é que as pessoas comuns não são muito corajosas. No estado em que estão as coisas, em termos laborais, essas pessoas não muito corajosas farão o que for melhor para elas, independentemente do que deveriam fazer pelos amigos. Confrontadas com isso, dirão que tiveram medo. E isso colocá-las-á no lugar das vítimas, lugar que os portugueses tanto amam.

Um dia, a Natália Correia disse-me, discutindo comigo e com outras pessoas, o seguinte:

- A menina precisa de estar muito atenta! Ouviu? Muito atenta! Porque a menina não é nada atenta! Ouviu? (pronunciava aténta, abria muito algumas vogais, por ter lutado contra  a sua pronúncia açoriana, que as fecha todas). 
- Precisa de observar bem as pessoas e estar muito aténta!
- Eu não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!

- Está a chamar-me burra? - Vociferou, de forma atroadora, como costumava fazer quando se zangava.
Fiquei tão aflita com esta pergunta, que respondi em voz baixa:
- Claro que não, por favor! Nunca me passaria pela cabeça chamar-lhe tal coisa. - A voz baixa significava ausência de agressividade e de veemência argumentativa, ao contrário do tom em que tinha proferido a frase "não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!"

Acusou-me, então, também em voz baixa, de, aparentemente lhe ter chamado burra em voz alta e de me ter desculpado em voz baixa. 
(Esta mulher tinha um lado teatral que nunca podia ser ignorado quando se falava com ela.)

Não me foi nada difícil ultrapassar este problema, foi só questão de dizer, em voz muito alta, que a admirava muito, muitíssimo, sobretudo a sua enorme inteligência, embora nem sempre concordasse com ela (o que era inteiramente verdade). Acabámos as duas a rir deste pequeno show improvisado. (Isto passava-se no seu Retaurante- Bar Botequim)

E continuámos a conversa em voz baixa.

A Natália passou pela ditadura salazarista. Alguém em quem confiávamos poderia ir fazer queixa de nós à PIDE. E também os empregados, os vizinhos, os companheiros de trabalho, não só aqueles com quem estávamos em conflito ou competição. No momento em que estávamos a falar, 1993, meses antes da sua morte repentina, nada disso existia. Concluí eu, então: "não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!" 


Mas os tempos que atualmente vivemos, são outros. O medo voltou. A delação voltou. Está a voltar quase tudo, embora não tudo, no sentido dramático.
Está a voltar a necessidade de ter coragem. Estão a voltar os amigos nos quais não podemos confiar. Embora nos amem muito. Mas não têm coragem de nos defender...


- A menina precisa de estar muito atenta! Ouviu? Muito atenta! 

domingo, maio 20, 2012

Calafona, seguidor (a) deste blogue

Calafona: tem andado doente? Nem pergunto se se fartou destes blogues... por parecer impossível, tal coisa.    
 :)
As melhoras. Beijinhos.




P.S.: Refiro-me a uma pessoa (serão várias?) que vive na Califórnia e que vem a estes meus blogues muitas vezes por dia, mas tem faltado. Ou então, mudou de fornecedor de Internet...

sábado, maio 19, 2012

Teatro em exibição: Vânia



A peça de Anton Tchekhov é muito expressiva da complexidade da natureza humana, da pequena diferença que pode existir, às vezes, entre o amor e o ódio, entre a admiração e a inveja, entre a emulação e o desprezo por si mesmo e pelo outro... da pequena diferença que pode existir entre um santo e um ser maléfico, cohabitando os dois, talvez, no mesmo homem: "O TioVânia", que vai da mesquinhez à abnegação e regressa ao mesmo em pouco tempo. 
Tudo isto adquire uma dimensão dramática através do conflito entre as personagens.
 A palavra tio foi retirada ao título, talvez devido às conotações que tem hoje este conceito de tios e tias...
Assisti à estreia da peça e a representação estava já muito amadurecida e sem falhas. Os atores são bons, a encenadora e dramaturga, Isabel Medina, apresenta-nos aqui um dos seus melhores trabalhos de sempre.
Recomenda-se.

sexta-feira, maio 18, 2012

Eu sei um ninho!!! Eu sei tantos ninhos!!!


Watch live video from Swallows Nest on Justin.tv

*** Ver nota

- Eu sei um ninho!!!

Esta era uma frase que resumia tudo. Eu sei onde está um ninho. Queres ver???
No blogue Escrevedoiros, conto uma minha pequena aventura infantil ao entrar em contacto com um ninho de carriça, passarinho pequenininho. VER AQUI.

Mas vivemos nos novos tempos. Agora, basta ligar a net e vemos logo um ninho em direto. Talvez na Alemanha da Merkel, na Jugoslávia, em sobral do Monte Agraço, em Castanheira de Pêra, enfim, onde houver uma webcam e um ligação à Internet. 

E aqui estão vários exemplos. Como links, por todo o mundo. Tem de todas as espécies, ou quase, em volta do planeta.

AQUI


- Eu sei muitos ninhos!!!




*** Esta andorinha ainda está chocar os ovos. Ainda hão-de vier a nascer à nossa vista e a voar pelo mundo.




Transcrevo aqui o texto que escrevi





Estava eu com o corpo todo suspenso.
As mãos arranhadas. Os joelhos esfolados.
Podia cair.

Os dedos das mãos metidos no buraco do muro, entre duas pedras.
Os dedos dos pés metidos no buraco do muro, entre duas pedras.
O corpo em precário equilíbrio, quase a cair.

Mas em mim só existiam os olhos: só via!
Um segundo antes de cair vi:
Três passarinhos minúsculos com os bicos abertos, cantavam.

Já antes tinha caído, é claro, mas ainda só tinha visto os ovos... do ninho

Douro litoral: socalcos: muros feitos de bocados de pedras: crianças felizes descobrem ninhos.

quinta-feira, maio 17, 2012

Feliz Dia da Espiga 2012





Que o próximo Verão nos traga abundância, alegria, calor e luz.

(Clicar nos links abaixo, para ver mais, em posts anteriores ou futuros, sobre os mesmos temas. Aparecerá este post e muitos outros, todos a seguir.)

Ainda Natália Correia



Acabo de colocar no meu blogue Escrevedoiros, este vídeo. Foi-me enviado por José Daniel Soares Ferreira, que o descobriu em vinil. Acrescento um texto sobre ele. Como O Terra Imunda tem muitos mais visistantes e mais alguns seguidores, coloco-o também aqui.


Poderão ler mais




quarta-feira, maio 16, 2012

Ninho de falcões em direto e online


Portugal e o que se come. Aparentemente, tudo




Aqui está. Tem sido falado este programa sobre comida tradicional portuguesa feito por este Anthony Bourdain, que ainda não está disponível na televisão portuguesa, incluindo a que nos chega por cabo.

Entrevista, entre outros, António Lobo Antunes, cujas declarações vão ao ponto de me surpreender...

Pena não ter legendas em português.

Existem também dois outros programas sobre as comidas portuguesas: sobre o Porto e sobre os Açores. Tudo disponível no Youtube, pelo menos até ver.


sábado, maio 12, 2012

Nada é mais universal do que o regional


"Nada é mais universal do que o regional" como diz Cecília Meireles. 


Aqui está uma foto após o pôr-do-sol, princípio da noite, com o planeta Vénus, "Étoile du berger". Com uma torre de telecomunicações e umas casinhas iluminadas.

Bem, a foto foi tirada, confortavelmente, da minha janela. Em Lisboa. Das minhas janelas de Lisboa.


Muitas vezes, sentando-me em frente desta paisagem, julgo estar na Grécia, contemplando o Monte Parnaso, ou em qualquer outro lugar da terra, contemplando outros montes.

Mas é aqui que gosto de estar.

sábado, maio 05, 2012

Lisboa anoitece para uma bela noite de luar







Lisboa anoitece, numa bela noite de luar





Como exponho com mais pormenor no Blogue Escrevedoiros, esta lua dá origem a Festivais da Lua em diferentes países do Oriente. Comemora-se o nascimento (aniversário) de Buda e a sua iluminação. 

Amar o próximo, ou amar os gatos?



Embora isto seja verdade*, não é menos verdade o inverso. Que algumas pessoas não sabem ser boas para ninguém. Adoram animais... mas eu não gostaria de ser adorada por elas, se fosse um animal.  E muito menos se fosse um ser humano. Não é esse, afinal, o drama de muita gente?
Frequentemente, a paixão / mania por animais esconde a hostilidade para com o semelhante humano. Ideia contida na frase: "Quanto mais conheço os homens, mais gosto de cães." 

O amor não pode ser uma negação nem um refúgio, o amor é inclusivo. O amor não é sentimento de posse.

Gostar, só por si, não é virtude nem dom... pode ser carência. Amamos porque somos incompletos.

(Dando um exemplo: pessoas que não têm condições, nem vida para terem animais, têm vários. E o mesmo se aplica para pais e filhos...)

Pessoalmente, adoro gatos, mas não gostaria de estar presa à casa e a Lisboa por ter um ser vivo dependente de mim. Mas se o gato morresse à fome, não tinha importância nenhuma, claro... no problem.

Insustentável leveza...

Nota * Referimo-nos à frase de Schopenhauer, na foto "a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom ser humano".


(Foto de Facebook.com / humor inteligente)

sexta-feira, maio 04, 2012

Rir? Rir de quê? Da crise? Ah! A crise é engraçada?

Li recentemento, esqueço onde, que os portugueses começam a deixar de sorrir quando se fala da crise.
 Acho bem que os portugueses comecem a começar a deixar de achar graça ao que não tem graça nenhuma. O ridículo pode ser cómico, ou não. Às vezes nem sequer é risível, quanto mais cómico! O ridículo é frequentemente  lamentável, sem chegar a ser trágico. E nem dramático.

A indignação deve substituir, para sempre, estes sorrisos amarelos ou dúbios, irónicos ou cínicos, acho que nunca ninguém percebeu bem estas nuances...

Vamos rir de coisas engraçadas, "tá"? Ou boas.
De situações que despertam a maravilhosa cumplicidade de rir às gargalhadas, entre pessoas que nem se conhecem...
Afinal...
Somos todos irmãos!