quarta-feira, março 07, 2018

O que é que se passa em Itália?



Não sei. Mas este artigo de opinião do Jornal Público esclarece alguma coisa, parecendo compreender Itália, que adoro.

Vejam AQUI

Itália: museu ou laboratório?

Citando:


"Olvida-se, porém, que a Itália não é só museu, é outrossim laboratório. Foi experimento bem cedo na emergência das propriedades do Estado moderno nas suas múltiplas “repúblicas” (e aí está o Príncipe de Maquiavel para o atestar). Mas também e seguramente na difusão do nacionalismo e na aspiração da unificação: quem se esqueceu do papel de Mazzini? Foi assim com o advento das ideias fascistas e de Mussolini no início do século XX. Assim foi com o lugar único e irrepetível do Partido Comunista italiano nos quarenta anos do pós-guerra. E nem a lógica de actuação das Brigadas Vermelhas e dos seus antagonistas deixou de estar com o ar do tempo. Pensando no fenómeno Trump, basta evocar o triângulo “empresa-comunicação-política” armado por Berlusconi.

Que fique claro: na inovação política, a Itália não pede meças a ninguém. A condescendência dos congéneres europeus não tem sentido algum: poucos países dispõem de um ambiente cultural e académico tão rico e informado, com um debate tão completo e complexo. É algo que não transparece para a esfera pública e se ignora fartamente, mas atesta a sentença de Galileu: eppur se muove. Não pode, por isso, espantar que, para o bem e para o mal, a Itália tome a dianteira em algumas experiências."

sexta-feira, março 02, 2018

Pobres dos pobres

Eu sempre o soube e sempre o disse, mas a sociedade portuguesa anda a dormir: as pessoas carenciadas, seja económica, psicológica ou socialmente, não têm qualquer poder de reivindicação para exigirem os seus direitos. A honestidade é mais consistente quando se tem medo das consequências.

Descobre-se agora tanta desonestidade nas organizações de "caridade", encoberta até agora pela massa acrítica do povo português
Caridade, sobretudo, para os chefes das organizações... que são os mais beneficiados.
E ficamos muito tristes ao lermos, nas notícias, os nomes, aparentemente ingénuos das organizações: o Sonho, a Joaninha os Pirilampos...

Ver aqui, por exemplo

Não é só a gestão da 'O Sonho' que está sob suspeita. Também as IPSS 'Os “Pirilampos' e 'A Joaninha' estão a ser investigadas


Recordando outra vez Guerra Junqueiro e a romântica miséria


OS POBREZINHOS

Pobres de pobres são pobrezinhos,
Almas sem lares, aves sem ninho...

Passam em bandos, em alcateias,
Pelas herdades, pelas aldeias.

É em Novembro, rugem procelas...
Deus nos acuda, nos livre delas!

Vêm por desertos, por estevais,
Mantas aos ombros, grandes bornais.

Como farrapos, coisas sombrias,
Trapos levados nas ventanias...

Filhos de Cristo, filhos de Adão,
Buscam no mundo côdeas de pão!

Há-os ceguinhos, em treva densa,
D’olhos fechados desde nascença

Há-os com f’ridas esburacadas,
Roxas de lírios, já gangrenadas.

Uns de voz rouca, grandes bordões,
Quem sabe lá se serão ladrões!...

Outros humildes, riso magoado,
Lembram Jesus que ande disfarçado...

Enjeitadinhos, rotos, sem pão,
Tremem maleitas d’olhos no chão...

Campos e vinhas!... hortas com flores!...
Ai, que ditosos os lavradores!

Olha, fumegam tectos e lares...
Fumo tão lindo!... branco nos ares!...

Batem às portas, erguem-se as mães,
Choram meninos, ladram os cães...

Rezam e cantam, levam a esmola,
Vinho no bucho, pão na sacola.

Fruto da horta, caldo ou toucinho,
Dão sempre os pobres a um pobrezinho.

Um que tem chagas, velho coitado,
Quer ligaduras ou mel-rosado.

Outro, promessa feita a Maria,
Deitam-lhe azeite na almotolia.

Pelos alpendres, pelos currais,
Dormem deitados como animais.

Em caravanas, em alcateias,
Vão por herdades, vão por aldeias...

Sabem cantigas, oraçõezinhas,
Contos d’estrelas, rei e rainhas....

Choram cantando, penam rezando,
Ai, só a morte sabe até quando!

Mas no outro mundo Deus lhes prepara
Leito o mais alvo, ceia a mais rara...

Os pés doridos lhos lavarão
Santos e santas, com devoção!

Para lavá-los perfumaria
Em gomil d’ouro, d’ouro a bacia,

E embalsamados, transfigurados,
Túnicas brancas, como em noivados,

Viverão sempre na eterna luz
Pobres benditos, amem, Jesus!...


In "Os Simples"

Guerra Junqueiro
1850 – 1923

Oh, Como era bela, a miséria!







Hoje em dia, já não há jumentinhas, muito menos moleirinhas. Tanto que, o corretor ortográfico nem considera que existam essas duas palavras.
Felizmente, nos países europeus nossos conhecidos, já nem existe miséria, no verdadeiro sentido da palavra. Não há velhinhas muito velhas a arrastarem-se pelas estradas e caminhos da terra. O que nos leva a estarmo-nos nas tintas para os outros continentes.

A não ser quando visitamos países remotos: que giras aquelas aldeias de palha sobre rios e lagos, com um gentinha a comer peixes quando os há... ou no cume das serras, casas tão pequeninas e tão giras!

Que giro!


A Moleirinha 


Pela estrada plana, toc, toc, toc, 
Guia o jumentinho uma velhinha errante 
Como vão ligeiros, ambos a reboque, 
Antes que anoiteça, toc, toc, toc 
A velhinha atrás, o jumentinho adiante!... 

Toc, toc, a velha vai para o moinho, 
Tem oitenta anos, bem bonito rol!... 
E contudo alegre como um passarinho, 
Toc, toc, e fresca como o branco linho, 
De manhã nas relvas a corar ao sol. 

Vai sem cabeçada, em liberdade franca, 
O jerico ruço duma linda cor; 
Nunca foi ferrado, nunca usou retranca, 
Tange-o, toc, toc, moleirinha branca 
Com o galho verde duma giesta em flor. 

Vendo esta velhita, encarquilhada e benta, 
Toc, toc, toc, que recordação! 
Minha avó ceguinha se me representa... 
Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta, 
Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixão!... 

Toc, toc, toc, lindo burriquito, 
Para as minhas filhas quem mo dera a mim! 
Nada mais gracioso, nada mais bonito! 
Quando a virgem pura foi para o Egipto, 
Com certeza ia num burrico assim. 

Toc, toc, é tarde, moleirinha santa! 
Nascem as estrelas, vivas, em cardume... 
Toc, toc, toc, e quando o galo canta, 
Logo a moleirinha, toc, se levanta, 
Pra vestir os netos, pra acender o lume... 

Toc, toc, toc, como se espaneja, 
Lindo o jumentinho pela estrada chã! 
Tão ingénuo e humilde, dá-me, salvo seja, 
Dá-me até vontade de o levar à igreja, 
Baptizar-lhe a alma, prà fazer cristã! 

Toc, toc, toc, e a moleirinha antiga, 
Toda, toda branca, vai numa frescata... 
Foi enfarinhada, sorridente amiga, 
Pela mó da azenha com farinha triga, 
Pelos anjos loiros com luar de prata! 

Toc, toc, como o burriquito avança! 
Que prazer d'outrora para os olhos meus! 
Minha avó contou-me quando fui criança, 
Que era assim tal qual a jumentinha mansa 
Que adorou nas palhas o menino Deus... 

Toc, toc, é noite... ouvem-se ao longe os sinos, 
Moleirinha branca, branca de luar!... 
Toc, toc, e os astros abrem diamantinos, 
Como estremunhados querubins divinos, 
Os olhitos meigos para a ver passar... 

Toc, toc, e vendo sideral tesoiro, 
Entre os milhões d'astros o luar sem véu, 
O burrico pensa: Quanto milho loiro! 
Quem será que mói estas farinhas d'oiro 
Com a mó de jaspe que anda além no Céu!


Guerra Junqueiro
 (1850 - 1923) 
(Do livro de leitura da 4ª classe de 1951)


Este vídeo tem alguma graça...



quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Mustang



Nunca entendi isto: quando os europeus chegaram à América, não havia cavalos na América. Contudo, nos westerns, os índios são exímios em montar a cavalo. Em pêlo. 

E, mais estranho, o Trump(F) é acusado de matar, "slaughter" os Mustang, que são os cavalos selvagens nativos. 

Porquê tanta incongruência? Será à americana?
Até há uma petição. Vejam. O problema é que esta petição pede demasiada informação de quem quiser 
subscrevo-la.

Trump: Stop the Slaughter of the American Mustang

Também se sabe que, de certa forma, sempre houve cavalos na América. Mas, antes dos europeus, esses cavalitos eram do tamanho de gatos.
VER:

Cavalos pré-históricos eram do tamanho de gatos

terça-feira, fevereiro 13, 2018

Bailado de inícios do Sec. XX , Art Nouveau e bailarina Loie Fuller






Passou hoje no TVCine 2 um filme, "Dançarina" "La Danseuse" sobre a bailarina de princípios de sec XX,

Löie Fuller.

Também aparece no filme a bailarina, mais conhecida, Isadora Duncan, que, a ser verdade, manteve uma relação lésbica com a protagonista, mas com motivos oportunistas.

Ótimo filme sobre a dança europeia de inícios do SEC. XX, Löie Fuller foi criadora da Serpentina Dance, bem como foi inventora da luminotecnia e precursora de muitas tendências e movimentos, incluindo a ginástica rítmica. Escusado dizer que foi incompreendida no seu tempo.

Löie Fuller, bailarina modernista, inventou a "serpentine dance", que se pode ver neste vídeo da época. Ou no vídeo do filme, a seguir.

1º vídeo: Dança original de Loie Fuller, Dança da serpente "Serpentine Dance"

2º vídeo: The Gonzaga University Dance Program presented Lily by Löie Fuller at the Spring Dance Concert, April 2017.

3º vídeo: Trailler do filme A Dançarina, com Loie Fuller protagonizada pela atriz Soko, Título original: La danseuse, 2016 - França, realizador Stéphanie Di Giusto.

4º vídeo: Documentário em inglês sobre Loie Fuller.

Jejum da Quaresma? Gorduras de Carnaval!


Antes do jejum da Quaresma, nada como enchermos-nos de gordura de porco, focinho, orelheira, enchidos. Fui a um restaurantezinho ao pé de casa que não vem nos roteiros das tasquinhas (como o Imperial, a 50 metros, que vem no Time Out), mas que é muitíssimo melhor e com quantidade para sobrar muito.

O Sr. Manel e a esposa, logo que tiveram uma filha, fecharam o restaurante para o jantar e para o fim de semana. A filha já é grandita, é inteligentíssima, mas quem quiser que lá vá comer ao almoço durante a semana. O Sr. Manel tem pronuncia das Beiraze, mas parece que é do Minho.

Hoje, dia de Carnaval, fui lá perguntar se tinham cozido à portuguesa.

- Cozido à portuguesa é à quinta feira, "vezinha" - responde o Sr. Manel.
- Sr. Manel, dia de Carnaval é dia de cozido à portuguesa!
- Vezinha, dia de Carnaval é dia de feijoada à portuguesa! É dia de carne de porco, enchidos e orelheira.
- Sr. Manel, dia de Carnaval é dia de cozido à portuguesa, com carne de porco, enchidos e orelheira!
- Não! Feijoada com carne de porco, enchidos e orelheira!
- Ok, venceu. Quero feijoada com carne de porco, enchidos e orelheira! - respondo, quando já toda a freguesia ri, como quem dizia que o Sr. Manel tem carradas de razão.
Maravilhosa refeição, quantidade imensa, vinho bom a granel, tudo por 12 Euros. Pode?

Pode. Nao digo onde fica, mas, apesar de não vir nos roteiros, tem clientes de toda a Lisboa e muitos da Costa da Caparica, Setúbal, etc. Segredo.

- Vezinha, quer mais batataze? Umas batatinhaze? - Pergunta o Sr. Manel com pronúncia das Beiraze.
- Não, senhor Manel, obrigada, Sr. Manel!
- Mais umas couvezinhaze?
- Não, senhor Manel, obrigada, Sr. Manel! Está tudo ótimo! Maravilhoso!

Bem, eu sou muito distraída, desatenta, esqueço-me do nome das pessoas, se calhar o senhor nem se chama Sr. Manel!

segunda-feira, fevereiro 12, 2018

A Igreja Católica no seu pior






E também no seu melhor...
Apesar da simplicidade do Papa Francisco, que renunciou aos doirados e aos oiros desde o primeiro dia, ainda há prelados como este, o Cardeal Raymond Burke. Odeia gays e feministas, mas adora estes rabos que usa à maneira antiga.
Tão prático!

Este é o principal opositor e inimigo do Papa Francisco

VER AQUI: 

Está instalada a guerra nos bastidores do Vaticano


sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Será que os padres e cardeais portugueses viraram humoristas?



Será que os padres e cardeais portugueses viraram humoristas?

Para suavizar a ideia do Papa Francisco de que os divorciados se podem recusar e mesmo assim comungar, afirma o nosso Cardeal Patriarca que devem fazer continência.

Continência como fazem os militares quando veem outro militar? Bater com  mão na testa?

Isto faz lembrar um antigo arcebispo de Braga, que nos fazia rir em horário nobre, a respeito do filme "O Império dos Sentidos":

"Como a do arcebispo de Braga, D. Eurico Nogueira: "Aprendi mais em meia-hora a ver O Império dos Sentidos do que em 67 anos de vida", disse ao Expresso, confessando ter tido "horríveis vómitos" após o visionamento. 

Se eu soubesse desenhar bem, desenharia assim a situação.

Autora do desenho: Nadinha

quarta-feira, fevereiro 07, 2018

Tintoretto, longevidade, dietas, etc.


O senhor representado nesta tela de Tintoretto esteve para morrer quando tinha 40 anos, devido a excessos alimentares, de comidas e bebidas. Mas morreu com 102.

o Senhor chamou-se Luigi Cornaro e era um nobre veneziano do século XVI. No retrato, pintado por Tintoretto, feito em 1560, o senhor tem já 96 anos e está em grande forma.

Foi precursor das dietas que hoje se prescrevem, que enunciou no seu texto Discours.

Propõe uma vida tranquila, de temperança nas comidas e bebidas, deveremos levantar-nos da mesa com a sensação de que ainda comíamos mais qualquer coisita...

Também se esforçou por evitar "sentimentos difíceis de vencer", como a melancolia, o ódio e outras emoções violentas que "parecem ter muita influência sobre o nosso corpo".

Afirma, por exemplo, que o que a comida faz melhor, depois de um lauto jantar, é aquela que ficou na mesa.

No seu quarto e último discurso, escrito pela época em que foi retratado, aos 95 anos, afirma o seguinte:

"Eu monto a cavalo sem ajuda, trepo facilmente um lanço de escadas sem me esbaforir. Ando alegre e de bom humor, o meu espírito está calmo, enfim, a alegria e a paz reinam no meu coração. E canto, porque tenho agora uma voz melhor."

Ver mais nesta revista francesa de Saúde e Nutrição:


PURE SANTÉ (clicar)





sexta-feira, fevereiro 02, 2018

Como se vestia uma verdadeira senhora no Século XVI?





Como se vestia uma verdadeira senhora no Século XVIII?
E no Século XIX, em 1930?
Era assim. Ver vídeos.





Enfim, naqueles tempos era mais fácil distinguir uma "Senhora" de qualquer outra criatura do género feminino.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

A lua, a lua... a lua





Há milhões de anos ofereceram- me este disco, ou cassette, ou algo assim, já nem há aparelhos para tocar nada disso. Fiquei deslumbrada e quase já tinha esquecido. Lembrei-me agora por causa da lua azul. "Sobre um pinheiro do Sul."
Hoje, a lua azul contempla-nos do alto do firmamento, ou talvez nos deixe contemplá-la.
Ou talvez seja apenas a nossa imaginação...



quarta-feira, janeiro 31, 2018

Se o partidozinho diz mata!, todos respondem em coro: Esfola, Filho!

Como Portugal já resolveu muito bem os casos muito graves de corrupção, milhões para submarinos (na Alemanha alguns foram condenados por corrupção relativamente aos submarinos vendidos a Portugal, em Portugal ninguém foi sequer acusado), milhões em sacos azuis, etc., agora já se começam a esmifrar os pequenos casos moralmente dúbios no sentido da purificação total: bilhetes do Benfica, 400 euros em livros...

O que é que se passa? Um amigo diz que vê aqui a mão de José Sócrates. Talvez. Como força de destruição que já quase havíamos esquecido.

Ou então é a direita que levou Portugal à miséria, acusando o partido que o tirou da miséria: económica, moral, etc. Mas realmente não foi o Partido Socialista que fez tudo isto e sim a coligação intitulada Geringonça.

E as pessoas de excelência, que não se podem comparar com criaturas como José Sócrates, Passos Coelho, cavaco e outros que tais.


Contudo, neste pobre país,  a maioria concorda com o seu partidozinho. Se o partidozinho diz mata!, todos respondem em coro: Esfola!

domingo, janeiro 28, 2018

Fim de semana obrigatório com o pai

Estava ontem à minha frente no supermercado uma rapariga tão aborrecida que quase me irritou. Atrás de mim apareceu a mãe, igual a ela e igualmente enfadada. As duas muito bonitas e aparentemente abastadas.
A rapariga, muito contra a sua vontade, tinha de ir passar o fim de semana com o pai, que não tinha nada para lhe dar a comer, era a mãe que andava a fazer as compras para eles levarem. O pai aparece, mas desaparece quando se trata de pagar a conta, que a mãe paga. Volta aparecer no fim, volta-se para trás e diz muito alto: "Isto parece um ninho de ratos".
Cada uma destas atitudes despertava grandes exclamações de desagrado das duas. Coitadas!
Como deve ser difícil para alguns miúdos estarem com o pai ou com a mãe!

Cal - Ilhas

Acabo de ver, no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, um espetáculo de teatro cujos "atores" são pessoas que moram numa ilha do Porto (favela). Muito interessante. O espetáculo intitula-se "CAL".


Depois falaram: sentem-se muito felizes, muito seguros, muito acompanhados, dizem que aquilo é um "condomínio fechado". E há no Porto mais de mil ilhas.

Temos de aprender a viver assim, uns com os outros e não isolados como é a tendência contemporânea.

segunda-feira, janeiro 15, 2018

Não se pode morar [murar] nos olhos de um gato ?


Quando começamos a ler este livro, ficamos perplexos e divertidos, pois a narradora é uma santa de pau situada num navio em que viajam escravos negros, passageiros de primeira classe, cavalos, etc. A santa tem uma perspectiva irónica a respeito de toda a gente, obrigada que está a ouvir tudo o que lhe dizem e pedem. 
Após e durante um naufrágio, as relações dos sobreviventes mudam, radicalmente. Por exemplo, uma "senhora" pede à escrava preta e ama que lhe dê o seu filho para o salvar, morrendo a preta, mas esta não lho dá, desaparecendo os dois por entre as ondas. 
Os sobreviventes também mudam de estatuto, pois os que sabem fazer superam os que não sabem fazer, sendo, porém, superados pelos que sabem gerir.
É difícil de ler, a princípio, pelas muitas paráfrases de literatura antiga.
Muito bem escrito, bem apanhado, o final desilude pelo negativismo e pela falta de esperança, talvez na humanidade. 
Se fossemos um rei medieval, iríamos exigir que todos sobrevivessem ao naufrágio, em vez de dois morrerem perto da liberdade, depois de muito terem contribuído para ela.
É um livro sobre a solidão existencial, a indiferença e a maldade. 
Uma maldade que passa despercebida ao próprio sujeito, que se julga bom, pois decorre do poder. essa é a parte mais interessante da obra.
É também um livro sobre a culpa, sobre atitudes irremediáveis que não se podem desfazer.

O título não se entende muito bem, já que há vários cães importantes na intriga, anteriores ao estatuto de pets, mas não há nenhum gato individual. Não se pode morar nos olhos de um gato, ou não se pode murar nos olhos de um gato *?

A obra tem muitas intertextualidades, incluindo a "Alegoria da Caverna", de Platão. Mas isto teria panos para muitas mangas. Até mesmo para um mamãozeiro. :)
E o título tem muito que se lhe diga, demasiado ocupado e demasiado preocupado com a gramática. 

* Murar: Espreitar (os ratospara caçá-los).


Me Too na Renascença: Judite e Holofernes, de Artemisia Gentileschi





 Artemisia Gentileschi (1593 – 1656) pintora italiana da Renascença, foi violada por um outro pintor, seu mestre.
Tendo a obrigação de casar com ela, o violador não o fez. A opinião da mulher não contava, claro.
Artemisia, ao representar a cena de Judite e Holofernes, retrata-se  si mesma como Judite e ao mestre como Holofernes... realmente parece que está a matar um porco, daí a relação com o movimento Me Too.
A sua obra representa cenas bíblicas, cheias de sensualidade e erotismo, como era próprio da época.
Como a sua Susana no Banho, aqui:



A própria pintora era muito bela, pelo que se reproduz nas suas obras, ora em autoretratos, ora como personagem. Ver aqui



sábado, janeiro 13, 2018

Me Too já no século XVII





Para acrescentar ao movimento Me Too, a obter apoio mundial, VER AQUI, nada como uma obra do Século XVII, uma pintura da artista italiana Elisabetta Sirani.

Representa a Timoclea de Tebas, atirando ao poço o soldado grego que a violou. Foi perdoada e posta em liberdade
 por Alexandre Magno, o qual admirou a sua valentia.


#MeToo

sábado, janeiro 06, 2018

A Coluna de Fogo




Esta é a terceira sequência dos calhamaços que começaram com Os Pilares da Terra. É melhor ler nas férias, porque são todos muitíssimo absorventes, mas este tem o interesse de retratar as lutas entre católicos e protestantes em França e na Inglaterra dos Tudors.

O primeiro, Os Pilares da Terra, centra-se na construção das grandes catedrais góticas, com muita informação sobre os aspetos arquitectónicos, para além de focar diferentes aspetos da época, como a produção e tintura de tecidos.

Em todos estes livros, a ação decorre numa cidade inglesa inventada, Kinsgsbridge. As personagens centrais são inventadas, as personagens reais interagem com elas, dando-nos um panorama da Europa dessa época.  Dessas 3 épocas.