Todas as terras julgam chamar-se A Terra. Todas as terras são, para quem mora nelas, o Umbigo do Mundo. Sempre que desembarquei em terra, depois de ter navegado pelos mar, senti que a terra era imunda. E enjoei.
quinta-feira, novembro 30, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
Caldo!
Quando eu vivia na minha terra, há muitos e muitos anos, havia lá uma família muito pobre, entre muitas, claro. O pai era mineiro, os filhos eram sete, a mãe não trabalhava, quero dizer, só trabalhava a cuidar dos filhos e do casinhoto…
Comiam caldo todos os dias, e davam graças a Deus pelo caldo que recebiam.
Mas às vezes, a mãe fazia umas tainadas, verdadeiras manjorradas, por exemplo, fritava umas batatas, uns ovos…
Quando o Sr. Manel Joaquim chegava a casa depois duma dessas manjorradas, vindo de um dia de escuridão, entrando para uma noite de escuridão, até parecia que lhe cheirava! E perguntava, laconicamente, que era de poucas falas:
- Vós que comeros?
A esta pergunta, respondiam todos em coro com a mãe:
- Caldo!
E assim enganavam o pobre do homem.
Até que um dia… bem, há sempre um dia, nas histórias, não é?
Até que um dia… havia uma menina, que era a mais nova e que quase ainda nem sabia falar, mas que já ia dizendo umas coisas…
O Sr. Manel era esperto. Pegou na menina ao colo, tratou-a bem, (os pais não tratavam bem os filhos, tinham de impor respeito, claro!) e depois perguntou:
- Ó minha menina, vós que comeros?
O suspense foi geral, na sala-cozinha-quarto de dormir-camarata-hall de entrada-casa de banho-Cinco assoalhadas em uma. Seis ou sete em um. Estavam todos à espera de apanhar uma surra, porque tinham comido um chouriço com ovos.
É que ninguém se tinha lembrado de industriar a pobre da pequena. E a pobre da pequena também não estava habituada àqueles afectos… “de pequenino… (diz o ditado) se troce o” não sei o quê.
E por fim, a menina já estava quase a adormecer no ombro do pai.
- Ó minha menina, vós que comeros?
E a pequenita abriu a boca, pensou, repensou e disse:
- Caldo!
Comiam caldo todos os dias, e davam graças a Deus pelo caldo que recebiam.
Mas às vezes, a mãe fazia umas tainadas, verdadeiras manjorradas, por exemplo, fritava umas batatas, uns ovos…
Quando o Sr. Manel Joaquim chegava a casa depois duma dessas manjorradas, vindo de um dia de escuridão, entrando para uma noite de escuridão, até parecia que lhe cheirava! E perguntava, laconicamente, que era de poucas falas:
- Vós que comeros?
A esta pergunta, respondiam todos em coro com a mãe:
- Caldo!
E assim enganavam o pobre do homem.
Até que um dia… bem, há sempre um dia, nas histórias, não é?
Até que um dia… havia uma menina, que era a mais nova e que quase ainda nem sabia falar, mas que já ia dizendo umas coisas…
O Sr. Manel era esperto. Pegou na menina ao colo, tratou-a bem, (os pais não tratavam bem os filhos, tinham de impor respeito, claro!) e depois perguntou:
- Ó minha menina, vós que comeros?
O suspense foi geral, na sala-cozinha-quarto de dormir-camarata-hall de entrada-casa de banho-Cinco assoalhadas em uma. Seis ou sete em um. Estavam todos à espera de apanhar uma surra, porque tinham comido um chouriço com ovos.
É que ninguém se tinha lembrado de industriar a pobre da pequena. E a pobre da pequena também não estava habituada àqueles afectos… “de pequenino… (diz o ditado) se troce o” não sei o quê.
E por fim, a menina já estava quase a adormecer no ombro do pai.
- Ó minha menina, vós que comeros?
E a pequenita abriu a boca, pensou, repensou e disse:
- Caldo!
sexta-feira, novembro 24, 2006
Tão Inacontecente
A Jubi, A Mariana e outras pessoas devem andar banzadas por eu andar tão virada para a realidade portuguesa, que é tão pequena e tão inacontecente.
Os países felizes não têm história, acho que dizem, mas os países infelizes nem existem.
Portanto, eu vou voltar a falar dos bonequitos Maias chamados “Quitapenas”, que se estão a tornar conhecidos no planeta, vindos directamente de alguma aldeola do Terceiro mundo. E aí vai.
“Quando descobri os bonequitos Maias, eu andava deprimida e com insónias.
Coloquei um debaixo da almofada e, sempre que me lembrava dele, dava-me vontade de rir. É suposto a gente falar com eles, mas as figuras têm um ar tão tosco e tão parvo… e são minúsculas…
Dias depois, a D. Aurora fez a cama, aspirou o chão e aspirou também e deitou ao lixo o bonequito (ou, como se diz no Norte, não sei porquê, “macaquito”, ou, como creio que se diz no Brasil, mais logicamente, “hominho”).
E Ódespois, de cada vez que eu me lembrava que o hominho Maia tinha ido parar ao lixo, depois de ter sido aspirado, dava-me vontade de rir.
Em conclusão: o “Espanta Penas” resulta. E eu até poupei bué dinheiro em psicanalistas, psiquistas, espíritas, pastilhas e outros modos de não ceder ao sentido de humor."
Os países felizes não têm história, acho que dizem, mas os países infelizes nem existem.
Portanto, eu vou voltar a falar dos bonequitos Maias chamados “Quitapenas”, que se estão a tornar conhecidos no planeta, vindos directamente de alguma aldeola do Terceiro mundo. E aí vai.
“Quando descobri os bonequitos Maias, eu andava deprimida e com insónias.
Coloquei um debaixo da almofada e, sempre que me lembrava dele, dava-me vontade de rir. É suposto a gente falar com eles, mas as figuras têm um ar tão tosco e tão parvo… e são minúsculas…
Dias depois, a D. Aurora fez a cama, aspirou o chão e aspirou também e deitou ao lixo o bonequito (ou, como se diz no Norte, não sei porquê, “macaquito”, ou, como creio que se diz no Brasil, mais logicamente, “hominho”).
E Ódespois, de cada vez que eu me lembrava que o hominho Maia tinha ido parar ao lixo, depois de ter sido aspirado, dava-me vontade de rir.
Em conclusão: o “Espanta Penas” resulta. E eu até poupei bué dinheiro em psicanalistas, psiquistas, espíritas, pastilhas e outros modos de não ceder ao sentido de humor."
quarta-feira, novembro 22, 2006
Que lata!
A minha professora de Desenho, uma artista verdadeira, escultora, que ensina desenho gratuitamente como caridade, (juro!)
Enfim, a minha professora de Desenho deu-me este raminho de folhas para desenhar e disse que oferecia os raminhos aos alunos que os quisessem plantar…
Desenhei-o, mas tão mal que não me atrevo a publicar aqui o resultado, (A NÃO SER QUE VOCÊS ME PEÇAM), enfim… nem é modéstia, é mesmo inabilidade…
Depois, distraidamente, levei o ramelho para um restaurante das Amoreiras onde jantei. A criatura que servia à mesa pegou nele para o deitar ao lixo, mas o encarregado das criaturas explicou-lhe que ninguém vai com uma plantinha para um restaurante com a intençao de a deitar ao lixo!!!!!!! PERCEBES???? Percebestes? Ouvistes?
A rapariga pediu desculpa e devolveu-me o esquecido vegetal, o que agradeci distraidamente. Ao chegar a casa, tarde da noite, ocorreu-me a ideia de colocar as folhas num vaso com água, onde tenho um salgueiro (juro!) um salgueiro vivo só em água e que dá carneirinhos na Páscoa. A D. Aurora, dias mais tarde, viu esta as folhitas e plantou-as aí onde as vedes.
E elas ainda tiveram o descaramento de dar flor! Pode?!
É por isso que eu gosto dos italianos
É por isso que eu gosto dos italianos. Aqui temos um blog em que se faz um libelo a favor do véu islâmico. Quem não entender italiano pode ver a mensagem, na fotografia de 14 de Novembro.
http://omardottorpitxurri.blogspot.com/
A rapariga que serve no bar chama-se Sílvia
http://omardottorpitxurri.blogspot.com/
A rapariga que serve no bar chama-se Sílvia
Vivam os Artistas Vivos
Como apreciadora de poetas vivos, artistas vivos e demais viventes, vou acrescentar aos meus blogs favoritos um de Israel, que, aliás, já estava aqui referido há meses, da pintora israelita Hadasa Stoler. Descobri-a por acaso na net.
Ela não entenderá o que escrevo, mas talvez entenda o esssencial do que quero dizer.
Ela não entenderá o que escrevo, mas talvez entenda o esssencial do que quero dizer.
segunda-feira, novembro 20, 2006
domingo, novembro 19, 2006
Esperem...
Há uma expressão popular que é assim:
É lindo como o sol de Inverno.
Vou ver se capto esta beleza, em fotografias.
E, já agora, em textos, mas é claro que não coloco aqui nem a décima parte do que escrevo...
Esperem...
É lindo como o sol de Inverno.
Vou ver se capto esta beleza, em fotografias.
E, já agora, em textos, mas é claro que não coloco aqui nem a décima parte do que escrevo...
Esperem...
Fotografias
Juro-vos que, antes de ter estes blogs, eu nem sabia que tinha jeito para a fotograia. Sabia que era criativa, claro, mas a fotografia é hoje bem mais simples e barata do que há uns anos atrás.
Devo agradecer à Carla os vários elogios que têm sido feitos às minhas fotos, não só nos blogs, mas por aí (na vida real).
vejo que tenho muito que aprender e que descobrir, mas também entendo que este pode ser um dos meus caminhos.
E aconselho todo o mundo a fazer um blog.
Devo agradecer à Carla os vários elogios que têm sido feitos às minhas fotos, não só nos blogs, mas por aí (na vida real).
vejo que tenho muito que aprender e que descobrir, mas também entendo que este pode ser um dos meus caminhos.
E aconselho todo o mundo a fazer um blog.
quinta-feira, novembro 16, 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
O Estado da Nação O Futuro Parte II
(Algures no futuro, talvez 2015 ou 2020)
- Ó progenitora, porque é que tu não me acordaste às 4 da manhã?
- Ó pá, porque só acordei ás 10 e meia, filha. E porque hoje é Domingo!
- Mas eu tenho de acabar de ler as obras completas de Dostoievsky…
- Ó filha, mas tu acabaste de ler as obras completas de Turgueneyev e de Dante Allighieri!
- Esqueces-te de que a minha professora de Português diz que nós não sabemos ler nem escrever Português, aliás, toda a gente diz isso da nossa geração…
- Mas também já diziam isso da minha, e da do teu avô…
- Tens a certeza?
- Pois, a tua avó, aliás, não gosta nada que tu lhe chames “antepassada ancestral”.
- Só porque gosto de falar bem? Ora, a juventude não é compreendida.
- Falar bem, falar bem... Nós temos o Camões como modelo… era o dia da raça e de Camões, agora é o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, até parece que nos estamos constantemente a comparar ao zarolho…
- Ora, chamar-lhe zarolho, ó progenitora!
- Que até gostava de beber o seu copo… que nisso, realmente somos quase todos como ele, é verdade… e de namorar…
- Na tua geração, até admito que falem assim, mas eu preciso de ter uma média de 19,87 para entrar para o meu curso, e a minha Professora de Português idolatra o Camões. Acho que nunca leu “Os Lusíadas” duma ponta à outra, claro!
- Credo! Alguém alguma vez terá feito tal coisa?
- Creio quer o próprio Camões o deve ter feito…
- Ó filha, mas por que não tiras um cursinho mais fácil? Engenharia, Direito, Medicina?
- Ora, francamente! Os correligionários dessas profissões agora pertencem à classe média!!!...
- Pois, realmente…
- E a classe média está completamente a zeros. Em termos de dinheiro, bem entendido. Não é?
- Ai, lá isso é. Mas…
- Qual mas? Eu vou tirar o curso de canalizadora. E depois vou ser especialista em canalização de esgotos…
- Uma coisa que cheira mal…
- Mas que dá dinheiro!
- Lá isso! Já antigamente, no dicionário de interpretação dos sonhos, sonhar com m,,,, quer dizer, sonhar com isso, queria dizer dinheiro.
- E eu sonho com isso e com dinheiro.
- E como não vou ser classe média e sim proletária, tudo bem. Nem a esquerda nem a direita nem o centro se atrevem a contestar os direitos dos proletários.
P.S.. (Cruzes, credo! O que eu quero dizer é: “Post Scriptum”): Talvez vocês tenham notado que eu, Nadinha, nem sou muito de dizer palavrões. Talvez por ser do Norte… Ganhei alergia…
- Ó progenitora, porque é que tu não me acordaste às 4 da manhã?
- Ó pá, porque só acordei ás 10 e meia, filha. E porque hoje é Domingo!
- Mas eu tenho de acabar de ler as obras completas de Dostoievsky…
- Ó filha, mas tu acabaste de ler as obras completas de Turgueneyev e de Dante Allighieri!
- Esqueces-te de que a minha professora de Português diz que nós não sabemos ler nem escrever Português, aliás, toda a gente diz isso da nossa geração…
- Mas também já diziam isso da minha, e da do teu avô…
- Tens a certeza?
- Pois, a tua avó, aliás, não gosta nada que tu lhe chames “antepassada ancestral”.
- Só porque gosto de falar bem? Ora, a juventude não é compreendida.
- Falar bem, falar bem... Nós temos o Camões como modelo… era o dia da raça e de Camões, agora é o dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, até parece que nos estamos constantemente a comparar ao zarolho…
- Ora, chamar-lhe zarolho, ó progenitora!
- Que até gostava de beber o seu copo… que nisso, realmente somos quase todos como ele, é verdade… e de namorar…
- Na tua geração, até admito que falem assim, mas eu preciso de ter uma média de 19,87 para entrar para o meu curso, e a minha Professora de Português idolatra o Camões. Acho que nunca leu “Os Lusíadas” duma ponta à outra, claro!
- Credo! Alguém alguma vez terá feito tal coisa?
- Creio quer o próprio Camões o deve ter feito…
- Ó filha, mas por que não tiras um cursinho mais fácil? Engenharia, Direito, Medicina?
- Ora, francamente! Os correligionários dessas profissões agora pertencem à classe média!!!...
- Pois, realmente…
- E a classe média está completamente a zeros. Em termos de dinheiro, bem entendido. Não é?
- Ai, lá isso é. Mas…
- Qual mas? Eu vou tirar o curso de canalizadora. E depois vou ser especialista em canalização de esgotos…
- Uma coisa que cheira mal…
- Mas que dá dinheiro!
- Lá isso! Já antigamente, no dicionário de interpretação dos sonhos, sonhar com m,,,, quer dizer, sonhar com isso, queria dizer dinheiro.
- E eu sonho com isso e com dinheiro.
- E como não vou ser classe média e sim proletária, tudo bem. Nem a esquerda nem a direita nem o centro se atrevem a contestar os direitos dos proletários.
P.S.. (Cruzes, credo! O que eu quero dizer é: “Post Scriptum”): Talvez vocês tenham notado que eu, Nadinha, nem sou muito de dizer palavrões. Talvez por ser do Norte… Ganhei alergia…
domingo, novembro 12, 2006
FIL: Arte Lisboa
sexta-feira, novembro 10, 2006
Bonequitos Maias
Em respeito aos Bonequitos Maias, encontrei a explicação, com fotografia e tudo, no blog
http://www.abriles.blogspot.com/
que também encontrei aqui no meu.
É muito giro. Chamam-se Quitapenas.
http://www.abriles.blogspot.com/
que também encontrei aqui no meu.
É muito giro. Chamam-se Quitapenas.
As Confissões de Leontina - teatro
Fui ontem ver uma peça extraordinária, As Confissões de Leontina , no Teatro Nacional D. Maria II, com a actriz brasileira Kelzi Ecard, que não conhecia, mas adorei.
Vou escrever o meu comentário sob a forma de carta a esta actriz.
Talvez Você:
Este Verão fui a São Salvador à procura de Jorge Amado, mas não o encontrei lá.
Não gostei do que vi e morri de medo do mundo em que vivemos: um oásis perdido em imensos desertos.
Ao ver a sua peça, encontrei, na primeira pessoa, aquilo que suspeitei, imaginei e pressagiei sem ter desejado fazê-lo, na minha muito breve estadia por essas terras. A miséria nua e crua, a ausência da beleza, o isolamento absoluto de tudo. E a fragilidade dos oásis.
Mas também encontrei o afecto, a beleza, a alegria pura, a sensação completa.
No fim da peça, senti o impulso de a abraçar, talvez a si, talvez à personagem, talvez às duas.
Mas sinto que ainda não vivemos no tempo dos abraços.
Vou escrever o meu comentário sob a forma de carta a esta actriz.
Talvez Você:
Este Verão fui a São Salvador à procura de Jorge Amado, mas não o encontrei lá.
Não gostei do que vi e morri de medo do mundo em que vivemos: um oásis perdido em imensos desertos.
Ao ver a sua peça, encontrei, na primeira pessoa, aquilo que suspeitei, imaginei e pressagiei sem ter desejado fazê-lo, na minha muito breve estadia por essas terras. A miséria nua e crua, a ausência da beleza, o isolamento absoluto de tudo. E a fragilidade dos oásis.
Mas também encontrei o afecto, a beleza, a alegria pura, a sensação completa.
No fim da peça, senti o impulso de a abraçar, talvez a si, talvez à personagem, talvez às duas.
Mas sinto que ainda não vivemos no tempo dos abraços.
Comments por lapso
Por lapso, cliquei numa coisa qualquer, que, por lapso, impedia as pessoas de fazerem comentários directamente. Agora já podem.
terça-feira, novembro 07, 2006
ainda sobre a Ministra da Educação
Acho, no mínimo, surpreendente que uma menina de 14 anos escreva sobre a Ministra da Educação o que vocês podem ler em 30-10-06, em
http://sentencas.blogspot.com
Mas agora, em 2009, o blogue chama-se
http://borboleteia-se.blogspot.com
Não a conheço pessoalmente, encontrei-a a navegar à deriva num dos meus blogs.
http://sentencas.blogspot.com
Mas agora, em 2009, o blogue chama-se
http://borboleteia-se.blogspot.com
Não a conheço pessoalmente, encontrei-a a navegar à deriva num dos meus blogs.
Montes e Vales e etc.
Vivi algum tempo na pequena terra em que nasci. Experimentei, nessa época, uma terrível sensação de exílio. Foi pouco tempo, mas pareceu-me uma eternidade.
Agora acho graça a encontrar na net, em muitos blogs, essa mesma impressão de estar deslocado no espaço e talvez também no tempo.
Gosto desses blogs. Talvez os meus tenham algo disso. Mas há uma diferença.
Nessa época, estar numa terra pequena era, realmente, estar atrás dos montes e dos vales, sem contacto com o exterior dali.
Agora é possível estar numa terra qualquer, em contacto com qualquer outra. E ser entendido.
E ter o sentimento de ser igual, ou parecido, ou semelhante, ou de poder ser entendido. Ou de poder ter sido entendido.
Mas às vezes, ao passar numa terra isolada de todas as outras, em portugal ou no estrangeiro, e ao ver uma casinha ou uma cabanita, sinto o intenso e estranho desejo de ir viver para lá. Talvez para sempre. Talvez eu ande a escolher o lugar da minha próxima reencarnação.
Vocês não acham que deve ser possível ser feliz, muito longe de tudo?
Talvez seja possível apenas ser e sentir o ser, sem se pensar em ser feliz. Existir.
Agora acho graça a encontrar na net, em muitos blogs, essa mesma impressão de estar deslocado no espaço e talvez também no tempo.
Gosto desses blogs. Talvez os meus tenham algo disso. Mas há uma diferença.
Nessa época, estar numa terra pequena era, realmente, estar atrás dos montes e dos vales, sem contacto com o exterior dali.
Agora é possível estar numa terra qualquer, em contacto com qualquer outra. E ser entendido.
E ter o sentimento de ser igual, ou parecido, ou semelhante, ou de poder ser entendido. Ou de poder ter sido entendido.
Mas às vezes, ao passar numa terra isolada de todas as outras, em portugal ou no estrangeiro, e ao ver uma casinha ou uma cabanita, sinto o intenso e estranho desejo de ir viver para lá. Talvez para sempre. Talvez eu ande a escolher o lugar da minha próxima reencarnação.
Vocês não acham que deve ser possível ser feliz, muito longe de tudo?
Talvez seja possível apenas ser e sentir o ser, sem se pensar em ser feliz. Existir.
segunda-feira, novembro 06, 2006
Shiatsu V (Ver cenas dos capítulos anteriores)
- Ó Sancho, tu estás outra vez todo escaqueirado, todo esbodegado, todo arranhado. Foi o Mem?
- Não, foram os mouros.
- Ah, até que enfim. Costuma ser sempre fogo amigo, ou seja, o Mem.
- Porque é que as mulheres não gostam do Mem?
- Porque ele é um trapalhão e dá cabo de vocês…
- Fica a saber que o Mem é um dos nossos melhores guerreiros!
- Contra vocês!
- E além disso, é o que bebe mais! Aguenta como um cavalo.
- Ai ele bebe assim?
- Ele é muito raro ficar em coma alcoólico...
- Enfim, isso de lutar contra os mouros é uma coisa um bocado antiga… nunca percebi.
- Nós lutamos contra os mouros porque eles não acreditam em Deus!
- Nem eu!
- Tu não acreditas em Deus?
- Eu não. E tu, acreditas?
- Sei lá! Nunca pensei nisso.
- Então pensa.
- Está bem!
- Já estás a pensar? Estás a ouvir? Ouves? Ele, logo que começa a pensar, começa logo a ressonar!
- O meu também é assim.
- O teu? Qual deles?
- O Mem.
- Ah! Eles são parecidos.
Estado da Nação
Já vi que os fregueses deste blog gostam particularmente de uns textos a que dei o nome Estado da Nação, uns no presente e outro no futuro. Também há um do passado, a que chamei Shiatsu, por ser um método de massagem anti´quíantiquíquíssimo, põe antiquíssimo nisso.
Também já vi que os fregueses deste blog Terra Imunda fogem da poesia como o diabo da cruz, embora a poesia seja uma das minhas paixões.
Quanto à despenalização do aborto, obviamente, por uma questão de coerência, só posso ser a favor.
Mas, uma vitória do sim será uma vitória do PS.
Da última vez que houve este referendo, esqueci-me de votar, até que uma amiga me lembrou... desta vez, acho que me vou esquecer mesmo...
E aí vai o Estado da Nação no passado, "Shiatsu".
Também já vi que os fregueses deste blog Terra Imunda fogem da poesia como o diabo da cruz, embora a poesia seja uma das minhas paixões.
Quanto à despenalização do aborto, obviamente, por uma questão de coerência, só posso ser a favor.
Mas, uma vitória do sim será uma vitória do PS.
Da última vez que houve este referendo, esqueci-me de votar, até que uma amiga me lembrou... desta vez, acho que me vou esquecer mesmo...
E aí vai o Estado da Nação no passado, "Shiatsu".
quarta-feira, novembro 01, 2006
Todos Os Santos
É claro que uma budista não praticante, e muito menos crente, como eu, quero dizer...
bem, uma budista não praticante nem crente como eu (se tivesse fé era católica, claro)...
Enfim, é claro que uma pessoa assim não frequenta os cemitérios.
Julgo que deve existir, talvez exista, não sei, reencarnação. Era giro e parece lógico, não acham?
Enfim, para variar, fui às Amoreiras. Pareceu-me que há muita gente que pensa como eu, pois havia lá montes de pessoas, mais do que o usual num dia de sol. E de calor extemporâneo.
Se querem saber a minha verdadeira opinião, vejam o meu outro blog.
bem, uma budista não praticante nem crente como eu (se tivesse fé era católica, claro)...
Enfim, é claro que uma pessoa assim não frequenta os cemitérios.
Julgo que deve existir, talvez exista, não sei, reencarnação. Era giro e parece lógico, não acham?
Enfim, para variar, fui às Amoreiras. Pareceu-me que há muita gente que pensa como eu, pois havia lá montes de pessoas, mais do que o usual num dia de sol. E de calor extemporâneo.
Se querem saber a minha verdadeira opinião, vejam o meu outro blog.
segunda-feira, outubro 30, 2006
O Estado da Nação O Futuro Parte I
O Futuro: talvez 2015
- Ó querida, o que estás tu aqui a fazer, ao relento?
- Estou à espera que a carrinha dos velhos me venha buscar para ir trabalhar.
- Tu, trabalhar? Tu, desde que tiveste aquela trombose…
- Pois, eu tenho que picar o ponto às 8horas e um quarto e tenho que despicar o ponto às… o quê?
- Mas hoje é domingo!
- Ai hoje é domingo? E a gente não tem que trabalhar ao domingo?
- Agora trabalha-se ao domingo?
- Chama a rapariga e pergunta-lhe!
- Como é que ela se chama?
- Sei lá. É aquela que costuma ter na mão um guarda-chuva.
- Ó querida, está a chover. Toda a gente costuma ter na mão… Ó rapariga! Venha cá!
- Diga?
- Hoje que dia é?
- Hoje é sexta-feira.
- Vês? Tenho que ir trabalhar!
- Não, hoje é feriado!
- Feriado de quê?
- É o referendo do aborto.
- Outra vez?
- Pois, umas vezes o resultado foi não, outras vezes foi sim, mas ganhou sempre a abstenção. Esperemos que desta vez… seja concludente... para ver se não se fala mais desta... desta coisa, digamos assim...
- Mas... e não é obrigatório trabalhar aos feriados?
Autora do texto: Nadinha, pseudo-heterónima de
domingo, outubro 29, 2006
Para que serve
Houve alguém do Brasil que veio parar a este blog, fazendo uma pesquisa no Google: perguntava, exactamente, "para que serve um ancinho?".
Curiosamente, há um post deste blog que responde com muita clareza a essa pergunta. Chama-se "O Ancinho". É engraçado, não acham?
Curiosamente, há um post deste blog que responde com muita clareza a essa pergunta. Chama-se "O Ancinho". É engraçado, não acham?
Contos populares: O Ancinho
Decadentismo
Vi há bocado uma mulher que vejo muitas vezes: magérrima, vestida de escuro quase preto, parece que vai cair para o lado morta. Quando eu fumava (muito), identificava-me com ela, era magérrima e vestia-me quase de preto, enfim: tínhamos um ar civilizado e decadente.
Agora, que deixei de fumar e me dedico ao desporto, pareço uma camponesa demasiado saudável. Acho que esta não sou eu.
Agora, que deixei de fumar e me dedico ao desporto, pareço uma camponesa demasiado saudável. Acho que esta não sou eu.
sábado, outubro 28, 2006
Terra Imunda: Fora, Fuera, Dehors
http://www.triplov.com/teatro/Escola-de-Mulheres/Fora/index.htm
Este é o link para a peça.
Este é o link para a peça.
Fora, Fuera, Dehors
Fui ontem à estreia da peça da Isabel Medina e Escola de Mulheres "Fora, Fuera, Dehors".
É necesário falar sobre este tema: o modo como os imigrantes são marginalizados e perseguidos na Europa, de forma absolutamente hipócrita. A voz doce da Isabel, dizendo coisas terríveis, é disso um bom retrato.
A doçura da Europa civilizada, perseguindo a tiro os que aqui chegam, vindos em barcos em que morrem de sede, de fome, ou de naufrágio.
Nós, que tanto criticamos os americanos e que, de qualquer maneira, nem gostamos de polícias...
Creio que esta peça é uma co-produção internacional, mas disso se falará. hoje ainda não veio no Expresso...
A ver, a não perder!
É necesário falar sobre este tema: o modo como os imigrantes são marginalizados e perseguidos na Europa, de forma absolutamente hipócrita. A voz doce da Isabel, dizendo coisas terríveis, é disso um bom retrato.
A doçura da Europa civilizada, perseguindo a tiro os que aqui chegam, vindos em barcos em que morrem de sede, de fome, ou de naufrágio.
Nós, que tanto criticamos os americanos e que, de qualquer maneira, nem gostamos de polícias...
Creio que esta peça é uma co-produção internacional, mas disso se falará. hoje ainda não veio no Expresso...
A ver, a não perder!
Fim de Semana Fora
Desde que cheguei a Lisboa que ando a decidir passar um fim de semana fora, à beira-mar, por exemplo.
Então, vou ver ao http://www.expedia.com que é um sítio muito bom para marcar hotéis por metade do preço 8não estou a brincar), mas arranjo sempre um pretexto qualquer, e agora, às 5h da tarde de sábado, digo com os meus botões:
-Ai que bom, vou passar o fim-de-semana a Lisboa!!!
Ontem tive um bom pretexto. Ver cenas dos próximos capítulos...
Então, vou ver ao http://www.expedia.com que é um sítio muito bom para marcar hotéis por metade do preço 8não estou a brincar), mas arranjo sempre um pretexto qualquer, e agora, às 5h da tarde de sábado, digo com os meus botões:
-Ai que bom, vou passar o fim-de-semana a Lisboa!!!
Ontem tive um bom pretexto. Ver cenas dos próximos capítulos...
terça-feira, outubro 24, 2006
Esgoto
Homenzinhos Mayas
Eu às vezes morro de medo, como toda a gente.
Sobretudo quando me ponho a imaginar isto e aquilo, vocês já viram que eu tenho imaginação, julgo eu. O não ter medo é mais fácil a quem é desprovido de imaginação.
Mas agora descobri uma receita. Um modo de não ter medo de noite.
Compram-se na loja chinesa uns bonecos minúsculos, seis, e colocam-se debaixo da almofada da cama. Em caso de insónia u de pesadelos, conversa-se com eles. Há quem converse com os cães e os gatos...
Como isto é uma resposta a uma pergunta que me foi feita, ainda não disponho de fotografias, mas, por exemplo, isto vende-se na loja chinesa da Rua Luís de Camões, em dois formatos: um é uma saquinha para colocar debaixo do travesseiro, a outra uma caixinha com 4 bonecos. Tenciono oferecer pelo menos um boneco às minhas pessoas conhecidas, seja no Nata... talvez ofereça em fotografia, se conseguir, a todos Vocês.
Mas não julgo que seja difícil encontrar isto.
Verdadeiros remédios para o medo, creio que não sei... enfim...
Grace
Sobretudo quando me ponho a imaginar isto e aquilo, vocês já viram que eu tenho imaginação, julgo eu. O não ter medo é mais fácil a quem é desprovido de imaginação.
Mas agora descobri uma receita. Um modo de não ter medo de noite.
Compram-se na loja chinesa uns bonecos minúsculos, seis, e colocam-se debaixo da almofada da cama. Em caso de insónia u de pesadelos, conversa-se com eles. Há quem converse com os cães e os gatos...
Como isto é uma resposta a uma pergunta que me foi feita, ainda não disponho de fotografias, mas, por exemplo, isto vende-se na loja chinesa da Rua Luís de Camões, em dois formatos: um é uma saquinha para colocar debaixo do travesseiro, a outra uma caixinha com 4 bonecos. Tenciono oferecer pelo menos um boneco às minhas pessoas conhecidas, seja no Nata... talvez ofereça em fotografia, se conseguir, a todos Vocês.
Mas não julgo que seja difícil encontrar isto.
Verdadeiros remédios para o medo, creio que não sei... enfim...
Grace
sábado, outubro 21, 2006
Ai que bom!
Eu gosto muito da mudança e agora a minha vida vai mudar!
Vou ganhar muito menos, vou pagar mais impostos, quando estiver doente, vou ser obrigada a levantar-me da cama para ir a um centro de saúde repleto com uma fila imunda, a abarrotar de vírus e de bactérias.
Vou reformar-me muito mais tarde do que seria de esperar e, nessa época, juro que vou ganhar muito menos do que ganham hoje os reformados e sem direito a aumentos.
Presumo que vêm aí outras mudanças, pelo menos é o que diz o tarô!
Mas agora já posso fazer um aborto!
Ai que bom! Ciao, filhas, vou curtir!
Falando a sério, se a seguir ao 25 de Abril não se conseguiu a liberalização do aborto, nem com a Natália Correia a descobrir a careca a todo o mundo e a fazer rir o país, acham que é agora que um referendo vai mudar tudo???
Vou ganhar muito menos, vou pagar mais impostos, quando estiver doente, vou ser obrigada a levantar-me da cama para ir a um centro de saúde repleto com uma fila imunda, a abarrotar de vírus e de bactérias.
Vou reformar-me muito mais tarde do que seria de esperar e, nessa época, juro que vou ganhar muito menos do que ganham hoje os reformados e sem direito a aumentos.
Presumo que vêm aí outras mudanças, pelo menos é o que diz o tarô!
Mas agora já posso fazer um aborto!
Ai que bom! Ciao, filhas, vou curtir!
Falando a sério, se a seguir ao 25 de Abril não se conseguiu a liberalização do aborto, nem com a Natália Correia a descobrir a careca a todo o mundo e a fazer rir o país, acham que é agora que um referendo vai mudar tudo???
quinta-feira, outubro 19, 2006
Markting para pedintes Part II - Só para sorrir um nadinha...
- Do you speak English?
- Yes.
- Please, give me 5 Euros.
- What?
- I have problems…
- I see… ó filho, se precisa de dinheiro, vá trabalhar!
- Trabalhar para onde? Para as obras???!
Esta conversa é frequente à beira-mar: comboios da linha, docas… coitados dos estrangeiros verdadeiros, que qualquer dia não encontram quem lhes dê conversa…
Trabalhar nas obras atira os parentes para a lama, pedir é outra coisa. Não suja as mãos.
Eles até sabem dizer algumas frases em inglês…
- Yes.
- Please, give me 5 Euros.
- What?
- I have problems…
- I see… ó filho, se precisa de dinheiro, vá trabalhar!
- Trabalhar para onde? Para as obras???!
Esta conversa é frequente à beira-mar: comboios da linha, docas… coitados dos estrangeiros verdadeiros, que qualquer dia não encontram quem lhes dê conversa…
Trabalhar nas obras atira os parentes para a lama, pedir é outra coisa. Não suja as mãos.
Eles até sabem dizer algumas frases em inglês…
Exposição Amor-te
Tive medo de ter medo de ver esta exposição, da qual decerto já ouviram falar. São fotografias e depoimentos de doentes em fase terminal e fotografias das mesmas pessoas depois de mortas.
Na minha idade já nada nos influencia para sempre, creio eu, mas é uma experiência-limite que não se pode esquecer. E nem tive medo.
Está na Mãe D'Água, o que também contribui para a estranheza desta mostra, por se tratar de um espaço altamente improvável.
É também interessante observar as expressões e as reacções dos visitantes, que se sentem quase todos possuídos pelo desejo de escrever, pelo que os comentários do livro dos comentários não são menos surpreendentes, alguns até muito extensos.
Sorri algumas vezes e gostei muito de alguns depoimentos e de todas as fotografias.
É um caso evidente de situação em que o observador influencia o observado, pois esta atenção que foi dada aos doentes conferiu-lhes uma dignidade, talvez inédita para alguns. E também era essa uma das intenções.
Só a propósito, creio que li em tempos uma peça de teatro com o mesmo título, escrito por uma portuguesa pouco conhecida.
O que escrevi no livro de comentários foi que quase todos os mortos apresentam uma expressão muito serena, que raramente se encontra nos vivos.
Na minha idade já nada nos influencia para sempre, creio eu, mas é uma experiência-limite que não se pode esquecer. E nem tive medo.
Está na Mãe D'Água, o que também contribui para a estranheza desta mostra, por se tratar de um espaço altamente improvável.
É também interessante observar as expressões e as reacções dos visitantes, que se sentem quase todos possuídos pelo desejo de escrever, pelo que os comentários do livro dos comentários não são menos surpreendentes, alguns até muito extensos.
Sorri algumas vezes e gostei muito de alguns depoimentos e de todas as fotografias.
É um caso evidente de situação em que o observador influencia o observado, pois esta atenção que foi dada aos doentes conferiu-lhes uma dignidade, talvez inédita para alguns. E também era essa uma das intenções.
Só a propósito, creio que li em tempos uma peça de teatro com o mesmo título, escrito por uma portuguesa pouco conhecida.
O que escrevi no livro de comentários foi que quase todos os mortos apresentam uma expressão muito serena, que raramente se encontra nos vivos.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Ministra da Assim Chamada Educação
Esta Ministra da Assim Chamada Educação deveria ter recebido o prémio Nobel da Paz!
Pela primeira vez, os professores baldas, os assim-assim, os chatos mas esforçados e os realmente bons irão, graças a ela, descansar em paz, pelo menos amanhã e depois. Esperemos que não seja para sempre, pois, neste país, as coisas têm tendência a eternizarem-se.
Pela primeira vez, os professores baldas, os assim-assim, os chatos mas esforçados e os realmente bons irão, graças a ela, descansar em paz, pelo menos amanhã e depois. Esperemos que não seja para sempre, pois, neste país, as coisas têm tendência a eternizarem-se.
domingo, outubro 15, 2006
Oásis à deriva
Ir ao Brasil deixou-me triste. Tive a sensação objectiva de que a Europa é um oásis à deriva num planeta de fome, horror e miséria.
Os políticos tentam resolver os problemas circunstanciais de cada país, esquecendo todos os outros.
Quanto mais tempo poderemos viver à margem e acima do terror da fome? E continuarmos a ser felizes porque somos abastados?
Os políticos tentam resolver os problemas circunstanciais de cada país, esquecendo todos os outros.
Quanto mais tempo poderemos viver à margem e acima do terror da fome? E continuarmos a ser felizes porque somos abastados?
Disposição
Sei que muitas pessoas procuram este blog por causa das partes cómicas.
Pequenos detalhes mesquinhos do quotidiano retiraram-me temporariamente o humor, a alegria e o sono.
A terra imunda é a terra da realidade, é-me mais fácil viver ao largo, assim que possa.
O sono não é absolutamente essencial, o humor é indestrutível, a alegria vai e vem, a beleza do mundo permanece como fonte de felicidade. Enquanto eu tiver olhos e a vir.
Pequenos detalhes mesquinhos do quotidiano retiraram-me temporariamente o humor, a alegria e o sono.
A terra imunda é a terra da realidade, é-me mais fácil viver ao largo, assim que possa.
O sono não é absolutamente essencial, o humor é indestrutível, a alegria vai e vem, a beleza do mundo permanece como fonte de felicidade. Enquanto eu tiver olhos e a vir.
quarta-feira, outubro 11, 2006
Vote em mim
Vote no Partido Porcimista da Nadinha: PPN
Porcimista: Por Cima é o único lugar possível.
A esquerda acabou, a direita também e o centro nunca existiu.
Porcimista: Por Cima é o único lugar possível.
A esquerda acabou, a direita também e o centro nunca existiu.
sábado, outubro 07, 2006
Esquerda Direita e Volver
Filhas: Entãio agora a diferença entre a esquerda e a direita é que uma (uma qualquer) é a favor do aborto e do casamento dos homossexuais e a outra é contra?
Agora modernamente, com os preservativos com cheiro e sabor, com a pílula e a pílula do dia seguinte e os gays que são muitos, e a moderna castidade que é uma nova conquista (leiam os media), o aborto é só para as atrasadinhas e para as mulheres antiquadas, ou mesmo arcaicas.
Mas as mulheres arcaicas já estão todas na menopausa e já podem curtir à vontade (até, pela 1ª vez na vida)!
Quanto ao casamento, pelas almas do Purgatório!
Agora que o casamento já deu o que tinha a dar e que já ninguém o quer, vão impingi-lo aos gays? Coitadinhos!
Filhos, os divórcios são uma chatice! E custam uma grana preta!
Eu, por mim, como nem me sinto bem à direita, nem à esquerda, nem ao centro, talvez o meu lugar seja: por cima.
- Ó Nadinha, qual é a tua tendência política?
- Eu sou porcimista.
Agora modernamente, com os preservativos com cheiro e sabor, com a pílula e a pílula do dia seguinte e os gays que são muitos, e a moderna castidade que é uma nova conquista (leiam os media), o aborto é só para as atrasadinhas e para as mulheres antiquadas, ou mesmo arcaicas.
Mas as mulheres arcaicas já estão todas na menopausa e já podem curtir à vontade (até, pela 1ª vez na vida)!
Quanto ao casamento, pelas almas do Purgatório!
Agora que o casamento já deu o que tinha a dar e que já ninguém o quer, vão impingi-lo aos gays? Coitadinhos!
Filhos, os divórcios são uma chatice! E custam uma grana preta!
Eu, por mim, como nem me sinto bem à direita, nem à esquerda, nem ao centro, talvez o meu lugar seja: por cima.
- Ó Nadinha, qual é a tua tendência política?
- Eu sou porcimista.
quinta-feira, outubro 05, 2006
(O cãozinho voltou)
(Este post vai entre parêntesis porque não é nada importante.
O cãozinho voltou a aparecer na varanda. O que será que isto quer dizer?
Talvez que a minha vizinha ressuscitou? A ideia agrada-me.
Façam de conta que eu disse isto muito baixinho.).
O cãozinho voltou a aparecer na varanda. O que será que isto quer dizer?
Talvez que a minha vizinha ressuscitou? A ideia agrada-me.
Façam de conta que eu disse isto muito baixinho.).
segunda-feira, outubro 02, 2006
Tia Aurora - Ó Nadinha!
Hoje, por acaso, encontrei a Dona Aurora, a senhora que me limpa muito bem a casa e que me passa a ferro a roupa. Eu até tive que lhe pedir que não passasse a roupa tão bem, porque eu tenho um estilo “négligé”, enfim…
E ela disse-me:
- Ó Nadinha, a sua vizinha aqui do lado morreu?
- Bem, não sei, D. Aurora…
- Porque o cãozinho já não está na varanda…
- Ah, eu outro dia vi na varanda dois homens, e o cão…
- Pois, deviam ser os filhos, e o cão, coitadinho, deve ter sido levado…
- Ah, pois!
- Ó menina, então e aqueles ali?
- De quais?
- Havia ali uma família, e um triciclo na varanda, não se lembra?
- Ah, pois!
- Mas já há uns meses que está tudo fechado e a casa até parece abandonada.
- Qual casa?
- Aquela, ali, não vê?
- Esta?
- Não, aquela ali, vê?
A D. Aurora teve até hoje uma vida muito tremenda, mas não tem qualquer vestígio de desconfiança ou desilusão. E presta atenção a muitas coisas, nesta cidade, enquanto passa a ferro a minha roupa “négligée”.
Teve uma vida horrenda, mas não se queixa. Queixar-se de quê?
O espectáculo do mundo é tão demasiado vário, só quem não quer vê-lo!
Ó Carlota, não se ria, cale-se. Que sabe você do espectáculo do mundo visto da minha janela? E que nem eu vejo?
E ela disse-me:
- Ó Nadinha, a sua vizinha aqui do lado morreu?
- Bem, não sei, D. Aurora…
- Porque o cãozinho já não está na varanda…
- Ah, eu outro dia vi na varanda dois homens, e o cão…
- Pois, deviam ser os filhos, e o cão, coitadinho, deve ter sido levado…
- Ah, pois!
- Ó menina, então e aqueles ali?
- De quais?
- Havia ali uma família, e um triciclo na varanda, não se lembra?
- Ah, pois!
- Mas já há uns meses que está tudo fechado e a casa até parece abandonada.
- Qual casa?
- Aquela, ali, não vê?
- Esta?
- Não, aquela ali, vê?
A D. Aurora teve até hoje uma vida muito tremenda, mas não tem qualquer vestígio de desconfiança ou desilusão. E presta atenção a muitas coisas, nesta cidade, enquanto passa a ferro a minha roupa “négligée”.
Teve uma vida horrenda, mas não se queixa. Queixar-se de quê?
O espectáculo do mundo é tão demasiado vário, só quem não quer vê-lo!
Ó Carlota, não se ria, cale-se. Que sabe você do espectáculo do mundo visto da minha janela? E que nem eu vejo?
domingo, outubro 01, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Marqueting para pedintes
Agora os pedintes já têm técnicas de marqueting.
- Boa tarde. Eu não lhe vou pedir nada.
- Hmmm.
- Posso-lhe só fazer uma pergunta?
- Hmmm.
- Pode-me só dar uma ajudinha?
- Nnnn.
- Boa tarde e obrigado.
Não levou nada, mas também não perdeu a freguesa.
- Boa tarde. Eu não lhe vou pedir nada.
- Hmmm.
- Posso-lhe só fazer uma pergunta?
- Hmmm.
- Pode-me só dar uma ajudinha?
- Nnnn.
- Boa tarde e obrigado.
Não levou nada, mas também não perdeu a freguesa.
quarta-feira, setembro 27, 2006
terça-feira, setembro 26, 2006
Quem quer vir?
Quem quer vir à corrida das mulheres na Expo, no próximo domingo, 1 de Outubro?
Eu vou com várias pessoas (todas mulheres, claro).
Se mais alguém quiser vir, que me contacte. Também convém que se inscreva, na net, mas ainda não sei qual é a página.
É uma corrida light, "para senhoras"
Eu vou com várias pessoas (todas mulheres, claro).
Se mais alguém quiser vir, que me contacte. Também convém que se inscreva, na net, mas ainda não sei qual é a página.
É uma corrida light, "para senhoras"
segunda-feira, setembro 25, 2006
Casa na Lagoa
Não sou mesmo nada anti-americana, mas não como no Mac Donalds nem aprecio por aí além o cinema americano. Apenas uma questão de gosto.
Acabo de ver o filme Casa na Lagoa.
É um daqueles objectos artísticos que nos despertam os sentidos, não os mais grosseiros mas os mais requintados.
Também nos deixam na impressão, ilusão, talvez? Convicção? De que tudo é possível em termos de destino, em termos de futuro, em termos de escolha...
Enfim... não sejamos limitados nas nossas opções por aquilo que está debaixo do nariz...
Acabo de ver o filme Casa na Lagoa.
É um daqueles objectos artísticos que nos despertam os sentidos, não os mais grosseiros mas os mais requintados.
Também nos deixam na impressão, ilusão, talvez? Convicção? De que tudo é possível em termos de destino, em termos de futuro, em termos de escolha...
Enfim... não sejamos limitados nas nossas opções por aquilo que está debaixo do nariz...
sábado, setembro 23, 2006
segunda-feira, setembro 18, 2006
Medo de Ver - I
Um dia, uma minha colega, ou talvez amiga, enfim, sei lá…
Voltando ao princípio, há uns meses, uma mulher que conheço veio ter comigo muito nervosa e aflita.
Disse-me, com muitas hesitações, repetições e pausas na fala, que tinha estacionado o carro debaixo de uma árvore. Fechou-o com o comando e de repente olhou para a árvore, que estava despida de folhas.
E viu-a coberta de papagaios amarelos.
Tal foi o assombro da dita colega / amiga, enfim… que esfregou os olhos com ambas as mãos. Quando voltou a olhar, viu apenas uma árvore despida de folhas. E despida de papagaios amarelos.
Foi, então, perguntar a uma senhora que estava nas imediações e que trabalha connosco:
- Viu os papagaios?
- Quais papagaios?
- Os papagaios amarelos?
- Quais papagaios???
Como a minha referida camarada possui um espírito científico e uma atitude racional, concluiu que devia estar maluca, por andar a ver coisas que ninguém vê e que, de qualquer modo, não existem.
Se acreditasse em bruxas, ficaria com medo dos bruxedos, mas eu fui levada a crer que essa hipótese também lhe passou pela mente.
Sosseguei a criatura, dizendo-lhe, muito simplesmente, que existe em Lisboa um bando de papagaios que às vezes perpassa por aquelas bandas.
A minha informação legitimou a sua visão e ela deixou de ter medo:
- Ah, eu então não estou maluca?!
- Minha cara, a mim não me parece muito normal tu pores em causa a tua lucidez só por teres visto meia dúzia de papagaios! (Enfim, eu sou bué simpática, como vêem).
Há dias, na visita que fiz ao Jardim Botânico, disseram-me que o bando dos papagaios “reside” lá e que veio de Queluz. Umas senhoras de idade disseram-me que ele costuma ser visto no Jardim de Campo de Ourique. Creio que vai também para Belém, passando pelo Alto de Santo Amaro. Andam por aí.
Pergunto-me quantas mais pessoas não terão julgado que estão loucas, só por os terem visto?
Email-me
Às vezes vejo no "counter" que alguém andou a ler os meus blogs durante meia hora, uma hora. Pessoas que conheço e outras que não conheço, para não falar das que têm o computador protegido destas coisas e que não aparecem nas estatísticas (e que conheço).
Às vezes eu gostaria que essas pessoas me contactassem. Já perceberam que me podem mandar um email, sem que mais ninguém o leia? Basta clicar em "my complete profile", do lado direito, e depois em email. Clicar duas vezes.
Às vezes eu gostaria que essas pessoas me contactassem. Já perceberam que me podem mandar um email, sem que mais ninguém o leia? Basta clicar em "my complete profile", do lado direito, e depois em email. Clicar duas vezes.
domingo, setembro 17, 2006
Este Papa
Gosto deste Papa. Talvez seja por fazermos anos no mesmo dia, que calha muitas vezes no dia de Páscoa.
Ele, como convém a um Papa, nasceu no Sábado de Aleluia e foi baptizado nesse mesmo dia, com a água da Páscoa.(A água dos baptizados é benzida no sábado de Páscoa).
Eu, como convém a uma futura descrente, embora interessada pelas religiões, nem sei se nesse ano a Páscoa foi nesse mês (Abril), ou noutro.
O Papa acaba de colocar os extremistas islâmicos numa situação curiosa: para demonstrarem que não são mesmo nada violentos, ameaçam rebentar com o Vaticano e atacam igrejas cristãs não-católicas.
Ele, como convém a um Papa, nasceu no Sábado de Aleluia e foi baptizado nesse mesmo dia, com a água da Páscoa.(A água dos baptizados é benzida no sábado de Páscoa).
Eu, como convém a uma futura descrente, embora interessada pelas religiões, nem sei se nesse ano a Páscoa foi nesse mês (Abril), ou noutro.
O Papa acaba de colocar os extremistas islâmicos numa situação curiosa: para demonstrarem que não são mesmo nada violentos, ameaçam rebentar com o Vaticano e atacam igrejas cristãs não-católicas.
sábado, setembro 16, 2006
São Bertolameu
Pouco se sabe da vida de São Bartolomeu, apóstolo de Cristo, também designado por Natanael. Talvez por pouco se saber, muito se imagina.
No Norte, na região do Douro, dizem que no dia de “São Bertolameu” anda o Diabo à solta. É nesse dia que "mija" nas amoras. Perdoem-me a expressão, mas não ficaria bem qualquer outra. Se não acreditam experimentem mudá-la.
Qualquer pessoa diz, muito naturalmente, que não se pode comer amoras silvestres depois desse dia.
Enfim, relacionam São Bartolomeu com o diabo, por razões que ainda desconheço...
A propósito: é o dia 24 de Agosto.
Os nabos do cego
Era uma vez um cego que tinha um nabal fantástico. Ninguém naquela terra conseguia ter nabos como aqueles, mas, sempre que lhe perguntavam o segredo, o cego nem tugia nem mugia.
Mas o cego tinha uma amante.
Um dia, o povo da aldeia, querendo colher nabos tão grandes como os do cego, pediu à amante que usasse um truque para lhe descobrir o segredo.
A amante arrancou um nabo e mostrou-lho.
- Ora vê tu este nabo tão grande!
O cego sopesou nabo, apalpou-o, pensou, tornou a pensar e disse:
- Ou este nabo é meu, ou foi plantado no dia de São Bertolameu.
Moral da história: devemos plantar os nabos pelo São Bertolameu [São Bartolomeu) (24 de Agosto).
Falta de moral da história: muitos dos antigos contos populares têm esta falta de moral de ridicularizar os deficientes e as deficiências.
Clicar abaixo no item Conto Popular para ler outros aqui no blogue
(Contos narrados pelo meu avô Manuel Daniel de Sousa, transcritos após a sua morte, com contribuições de várias pessoas da família. O avô contava estas historias milhares de vezes, enquanto os primos piscavam os olhos entre si, sentados em escabelos, na espreguiçadeira, ou deitados na carqueija, antes de ser queimada na lareira.
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)
Mas o cego tinha uma amante.
Um dia, o povo da aldeia, querendo colher nabos tão grandes como os do cego, pediu à amante que usasse um truque para lhe descobrir o segredo.
A amante arrancou um nabo e mostrou-lho.
- Ora vê tu este nabo tão grande!
O cego sopesou nabo, apalpou-o, pensou, tornou a pensar e disse:
- Ou este nabo é meu, ou foi plantado no dia de São Bertolameu.
Moral da história: devemos plantar os nabos pelo São Bertolameu [São Bartolomeu) (24 de Agosto).
Falta de moral da história: muitos dos antigos contos populares têm esta falta de moral de ridicularizar os deficientes e as deficiências.
Clicar abaixo no item Conto Popular para ler outros aqui no blogue
Estes contos eram inéditos, antes de terem sido partilhado neste blogue, sendo muito procurados por pessoas do Brasil.
São contos do Douro Litoral, também chamado de Entre Douro e Minho, Portugal)
quarta-feira, setembro 13, 2006
Natália Correia
Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
in "Sonetos Românticos", Natália Correia
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
in "Sonetos Românticos", Natália Correia
terça-feira, setembro 12, 2006
Natália
Nasci de me verem sempre de soslaio,
De eu dizer em Junho e eles em Maio,
de ser como os outros às vezes por fora
Mas nunca por dentro
Perfil duma estátua
que não sou de frente.
Eu nasci de haver os bairros da lata,
Da gente que mata o que quer nascer...
Dos teus olhos tristes,
Como se existisses.
...
Natália Correia
(Estou a citar de cor, se quiserem mais, digam ou escrevam.)
De eu dizer em Junho e eles em Maio,
de ser como os outros às vezes por fora
Mas nunca por dentro
Perfil duma estátua
que não sou de frente.
Eu nasci de haver os bairros da lata,
Da gente que mata o que quer nascer...
Dos teus olhos tristes,
Como se existisses.
...
Natália Correia
(Estou a citar de cor, se quiserem mais, digam ou escrevam.)
Natália Correia
11 de Setembro
Se o 11 de Setembro tivesse ocorrido em Portugal, por exemplo, contra as Amoreiras (já bati três vezes na madeira, porque as Amoreiras são a minha 3ª casa), enfim, nesse caso, o Governo Português teria, obviamente, e muito bem, nomeado uma comissão, ou até mesmo várias, para se estudar o assunto.
Neste momento em que estamos a falar,( expressão americana), a referida comissão já teria chegado à conclusão de que se tratou, obviamente, de acidente.
Embora algumas pessoas tivessem a coragem de asseverar que os culpados foram sem dúvida os americanos, as opiniões mais interessantes seriam, como habitualmente, as profecias da Maia.
Diria esta profetisa que, embora se tivesse tratado de acidente, mesmo assim o caso poderia voltar a acontecer.
Neste momento em que estamos a falar,( expressão americana), a referida comissão já teria chegado à conclusão de que se tratou, obviamente, de acidente.
Embora algumas pessoas tivessem a coragem de asseverar que os culpados foram sem dúvida os americanos, as opiniões mais interessantes seriam, como habitualmente, as profecias da Maia.
Diria esta profetisa que, embora se tivesse tratado de acidente, mesmo assim o caso poderia voltar a acontecer.
domingo, setembro 10, 2006
Regressar?
Já estou em Lisboa, mas isso não significa que já tenha regressado.
A mente nem sempre acompanha o corpo, e Lisboa é um lugar de viagens.
No ano passado, no Verão, comprei em Murano um passarinho muito bonito em vidro de Murano. Ainda não o desembrulhei, o que significa que ainda não regressei de Veneza.
Esta cidade diz-nos que é possível ser completamente diferente (das outras cidades) e ser, por isso mesmo, muito amada.
Quem compreender esta verdade, jamais regressará de Veneza.
sábado, setembro 09, 2006
Natacha
Vocês não acham que os psicólogos portugueses convidados pelas televisões para comentar o caso da Natacha só dizem idiotices?
Interpretam \ repetem o que ela disse e mandam bocas parvas.
O que ontem esteve na RTP, um tipo bonitinho, queimadinho da praia, que parecia muito queridinho, começou por dizer que o chocava a frieza dela e o facto de ela não olhar nos olhos. Os olhos de quem? Da câmara de filmar?
A jornalista respondeu que, aparentemente, a jovem fecha os olhos porque não aguenta a luz, mas ele insiste. Diz que ela, no futuro, vai sempre desconfiar de toda a gente e que nunca aprenderá a ser bonita e simpática. Eu acho que ela é muito bonita e muito simpática e também acho que foi um caso de hipocrisia demasiado evidente. O psicólogo não gosta de gente que fala alemão, ou não gosta de gente que não teve uma educação esmerada?
A televisão portuguesa está cada vez pior e o pior é que as pessoas consideram, também cada vez mais, que a televisão é sagrada.
Se disseram na televisão é porque é verdade, e pronto.
Se a notícia abre o telejornal é porque é importante, e pronto!
quarta-feira, setembro 06, 2006
Postar vídeos
Alguém me sabe dizer como se faz para postar vídeos?
Vocês andam todos muito calados! Pensam que eu não vos vejo no sitemeter???
Vocês andam todos muito calados! Pensam que eu não vos vejo no sitemeter???
Ex-votos
Objectos
Senhor dos Milagres
terça-feira, setembro 05, 2006
Psicopompos
Pois, como dizia...
Interesso-me às vezes pelas reminiscências pagãs do catolicismo, que são muitas, toleradas às vezes e mesmo incentivadas pelo clero católico, como é o caso da Iemanjá (vide meu outro blogue). De facto, Iemanjá é a Nossa Senhora dos Navegantes, com direito a missa e isso tudo, no dia da deusa.
Isto agora passa-se em Portugal, em Miramar, perto do Porto. É a capela do Senhor da Pedra.
Já existia como templo pagão antes do Cristianismo, devido à sua situação privilegiada em relação às pedras sagradas dos cultos antigos, como se verá nas fotos aqui mostradas.
Curiosamente, o paganismo mantém-se até hoje, nas práticas mágicas do que é designado por “amarração”.
Nos pilares da balaustrada, os bruxos e as bruxas amarram cordas e arames e o que mais inventem. Ao fazerem isso, de um lado fica o espírito do outro mundo que anda aqui a empecer e do outro fica o Senhor da Pedra, que, a pedido, enviará o espírito, “desterrado” ou mesmo “requintado” para o mar coalhado.
Se alguém me souber dar informações sobre esse mar, agradeço.
É claro que também podem amarrar para sempre um homem a uma mulher, muito mais raramente uma mulher a um homem (vejamos a história! (económica!)).
Como em muitos outros lugares do género, são também amarradas e sacrificadas galinhas.
Estas são mortas, para desempenharem o papel de psicopompo, ou seja, condutor das almas para o outro mundo, função que partilham com os cães.
Esta tradição também é muito comum na Bahia, como se constatará facilmente.
(Ver a propósito o Dicionário de Símbolos).
Vocês alguma vez imaginaram que este humilde e parvo bicho pudesse ser tão esperto?
Oh! Como o mundo é diverso e vário!
Isto agora passa-se em Portugal, em Miramar, perto do Porto. É a capela do Senhor da Pedra.
Já existia como templo pagão antes do Cristianismo, devido à sua situação privilegiada em relação às pedras sagradas dos cultos antigos, como se verá nas fotos aqui mostradas.
Curiosamente, o paganismo mantém-se até hoje, nas práticas mágicas do que é designado por “amarração”.
Nos pilares da balaustrada, os bruxos e as bruxas amarram cordas e arames e o que mais inventem. Ao fazerem isso, de um lado fica o espírito do outro mundo que anda aqui a empecer e do outro fica o Senhor da Pedra, que, a pedido, enviará o espírito, “desterrado” ou mesmo “requintado” para o mar coalhado.
Se alguém me souber dar informações sobre esse mar, agradeço.
É claro que também podem amarrar para sempre um homem a uma mulher, muito mais raramente uma mulher a um homem (vejamos a história! (económica!)).
Como em muitos outros lugares do género, são também amarradas e sacrificadas galinhas.
Estas são mortas, para desempenharem o papel de psicopompo, ou seja, condutor das almas para o outro mundo, função que partilham com os cães.
Esta tradição também é muito comum na Bahia, como se constatará facilmente.
(Ver a propósito o Dicionário de Símbolos).
Vocês alguma vez imaginaram que este humilde e parvo bicho pudesse ser tão esperto?
Oh! Como o mundo é diverso e vário!
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