sábado, abril 14, 2012

Filme: O Exótico Hotel Marigold





Vi ontem, em antestreia, um ótimo filme, como há tempos não via nenhum.


A acção decorre na Índia, aonde foram parar várias pessoas da terceira idade, desiludidas com o seu status no país de origem e, aparentemente iludidas pelo sonho de um rapaz indiano e lunático, de fazer um hotel para a terceira idade, transformando para isso um estabelecimento hoteleiro que herdou, degradado e falido.
O filme é extremamente engraçado, sem ser um filme cómico e mostra-nos como, num novo mundo e numa nova era em que vivemos, a idade tem muito que se lhe diga.

Titanic: e depois? Uma herdeira da companhia de navegação, uma freira clarissa...









Não poderia este blogue, que tanto ama os mares, deixar passar, sem o referir, o centenário do naufrágio do Titanic.

O Titanic, que naufragou faz hoje cem anos, pertencia à companhia de navegação White Star Lines.

A herdeira dessa companhia, filha adotiva do principal proprietário, chamava-se Amy Pollard (Amy Elizabeth Rosalie Imrie), e era oriunda da Guiana Inglesa.

Apesar da fortuna que herdou, entrou para a irmandade católica das Clarissas descalças, uma ordem contemplativa que faz voto de pobreza. Morreu em 1944, após uma vida de abnegação, tendo doado o dinheiro para a construção de igrejas e capelas, como a de Santa Maria dos anjos, em Liverpool, cidade que hoje a venera. Para além de muitas obras de caridade que financiou e da doação da mansão familiar para ser transformada em convento (franciscano) das Clarissas, o primeiro nos Estados Unidos.


terça-feira, abril 10, 2012

O ovo místico






O milagre da vida realiza-se todos os dias. O ovo que se transforma em ser. O ser que se transforma em ovo. E tudo recomeça.

António Lobo Antunes: crónica de arrasar



Nação valente e imortal

Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida. Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento. Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos. Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.


Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade. O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles. Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão. O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal. Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito. Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver

- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram.
Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito. Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis. Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair. Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar. Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho. Agradeçam a Linha Branca. Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar. Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos. Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender, o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa. Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.
Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar? O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.



António Lobo Antunes, in Revista Visão

domingo, abril 08, 2012

Páscoa no Norte (de Portugal)






Visita Pascal, tradição muito bonita, que já se perdeu em muitos lugares.


Mas os tempos modernos começam a querer recuperar modos antigos de vida.

sexta-feira, abril 06, 2012

Sexta Feira Santa



Imagem de Senhor dos Passos exposta numa Igreja, beijada nos pés e na testa por mulheres devotas.






Igreja matriz de Castelo de Paiva.

Páscoa no Norte

Imagens do Norte de Portugal, Abril de 2012







 
Banha de cobra e flores para plantar à venda numa feira
Mulheres de preto

terça-feira, abril 03, 2012

Quem tem sorte, envelhece: a idade no tempo





Não creio que seja um ditado popular, antes uma citação de autor desconhecido, ou talvez um lugar comum dos nossos tempos: "Quem tem sorte, envelhece."
Ocorre-me sempre, por analogia com esta, uma a frase de Nero Woolf (personagem dos policiais de Rex Stout), referindo-se a uma jovem, que morreu logo a seguir, assassinada: "não compreendo como é que uma pessoa tão estúpida é capaz de sobreviver!"

Vem isto a propósito desta notícia do Expresso, referindo que uma alemã de 86 anos foi notícia pela sua brilhante participação numa competição desportiva de ginástica, como se vê no vídeo e 



Estes episódios só nos parecem estranhos se esquecermos outros do mesmo género, fazendo parte dos tempos atuais.

Como a da nadadora de 61 anos que tentou, recentemente, bater o seu próprio recorde de natação, também referido neste blogue e


Há poucos dias, ouvi criticar umas velhinhas de cabelos vermelhos e cor de rosa e comentei, um pouco a brincar, que eu também gostaria de usar o cabelo assim, ou azul, quando o tivesse todo branco. Constatei que um dos terrores das minhas amigas e conhecidas é o de fazerem isso, ou seja, de perderem a noção do ridículo e da idade. 
Qual noção da idade? Qual é a noção correta da idade? Não é algo que está em mudança, como tudo no mundo?

domingo, abril 01, 2012

No Louvre




Ó filho! Está a olhar para onde?

Esta maravilhosa obra de Antonio Canova, tal como qualquer outra escultura, pode ser fotografada, observada e vista de muitos ângulos e de muitas mais perspetivas... mas a daquele visitante nunca me tinha ocorrido. É uma das minhas obras preferidas, que já está nos dois blogues: "Psyché reanimada pelo beijo do Amor, Antonio Canova, 1796"(“Psyché ranimée par le baiser de l’Amour”)

Haverá pessoas que vão ao Louvre e não vêem isto, por lhes parecer indispensável ficar na fila e no meio da multidão para poderem ver a Mona Lisa... 
Acho que ninguém entende a preferência pela Mona Lisa entre todas as obras ali expostas, digo eu...
Os ignorantes não preferem a Mona Lisa e os outros também não.




(Imagem da net, sistema moderno, foto com movimento. Creio que o movimento não dura muito, a certa altura transformar-se-á em fotografia estática.)

Para onde vamos?


Este blogue disse sempre de Sócrates e das suas maravilhosas sinistras o que Maomé nunca disse do toucinho. E nunca publicou fotos das ditas criaturas. Muitos desses posts foram apagados posteriormente, por só fazerem sentido no momento em que foram escritos (isto não é um jornal nem um blogue político).

Não venham agora dizer que todos tivemos culpa da situação a que chegámos. Muitos tiveram culpa e sobretudo teve culpa a mentalidade partidocrática.
Os de esquerda não podiam votar no psd, porque o dito Sócrates era de esquerda (não era?!) não podiam votar nos pequenos partidos porque eram pequenos e nunca irão ser médios ou grandes porque agora são pequenos, os do psd e do cds também não podem votar na dita esquerda nem nos pequenos partidos...

- Solução? 
- Nenhuma!

Deveríamos ter aprendido quando Maria de Lurdes Pintasilgo se candidatou a Presidente da República: todos consideravam que era a melhor candidata (ou antes, o melhor candidato), mas votaram nos candidatos dos partidos e ganhou Mário Soares. Que nos colocou, com outros, nesta senda descendente. 

E por este andar, para onde vamos?


VER AQUI REPORTAGEM 

E como se não bastasse, ainda mais esta:


Bruxelas admite fim dos subsídios de férias e de Natal



sábado, março 31, 2012

Parigi, o cara, noi lasceremo...


(Ampliar a Foto)


Título da foto registada com direitos de autor: "The painting and the model and the other"


Paris, Place du Tertre, Março 2012


Ao ir passar uns dias a Paris, não esperava encontrar em efígie a pessoa que parece estar retratada na pintura... A última pessoa que queria ver. Sabendo, embora, que está em Paris.


Já tinha sido informada (quase sem acreditar) de que, se pedisse que me fizessem um retrato ou caricatura, o resultado poderia não ter nada a ver com o original... mas nunca receei que fosse tão diferente. Coitado do rapaz!


(Desconfio de que esta foto me vai fugir das mãos, mas está registada... Ao abrigo dos direitos de autor. Se a partilharem, por favor, linkem o blog Terra Imunda)


Nadinha  

quinta-feira, março 29, 2012

Diário de Bordo

Apesar de eu estar em Paris, não tenho postado neste blogue, porque estoua  fazer outro, apenas durante o tempo desta viagem.
SE quiserem, podem acompanhar por aqui.

http://rainhaemparis.blogspot.pt/

Talvez faça depois o usual Diário de Bordo.

terça-feira, março 27, 2012

Versailles






Ao rever, agora, estes maravilhosos jardins, recordo vagamente um romance que li: O Jardineiro do Rei.
Sobre o jardineiro-chefe deste palácio, que fez a estrutura do jardim.

sábado, março 24, 2012

A partir de amanhã haverá uma surpresa para os seguidores habituais dos blogues da Nadinha

quinta-feira, março 22, 2012

A novíssima moral da crise e as prostitutas de luxo espanholas


Até aqui, a classe média, média-baixa, média-média e outros médias, sabia e entendia que os políticos eram corruptos e que andavam a vender o país em parcelas económicas aos amigos e a eles próprios, através de testas de ferro, mas, como as classes média, média-média  e média-assim-assim passavam bons fins de semana a viajar, iam de férias para o estrangeiro, comiam bem, que se lixassem as questões abstratas, como essas das políticas. Ou culturais ou outras matérias do abstracionismo. 

Barriguinha cheia e bronzeada, portanto, tudo bem.

Agora, embora ainda não se fale no assunto, muitas dessas pessoas estão sem emprego e sem casa. Para além da vergonha de já não serem "ricos", nem terem já automóveis de luxo, o que terão feito às mobílias e outras posses, ao voltarem para casa da mãe, quando houver mãe?

Podemos acrescentar o pormenor inacreditável: ao perderem a casa, o banco vende a propriedade ao desbarato em leilões feitos à pressa, pouco concorridos, e o lucro da venda não chega para pagar o montante emprestado. Então, a pessoa que ficou desalojada e sem a propriedade que andou a pagar durante vários anos, continua a pagar a dívida.

Os bancos não perdem nada, o capital não perde nada e o capital é, frequentemente no nosso país, Portugal, constituído por antigos ou recentes corruptos. Num caso e no outro, pessoas ligadas ao poder (Salazar, "democracia", Sócrates, etc.).

Vai continuar tudo assim? Talvez não.

Há indícios de uma nova moral. Os jornais voltam a levantar suspeitas sobre os governos de Sócrates, que parecem agora ser menos ignoradas do que antes, fala-se muito dos privilégios das PPP, versus a perda de direitos "adquiridos" do cidadão, que deveria ser o centro da própria Democracia e que o é cada vez menos...


E há uma notícia muito engraçada sobre a situação espanhola, em muitos aspetos semelhante à portuguesa: 

quarta-feira, março 21, 2012

A Longa vida de Mariana Ucria


A propósito do post anterior, em que se vê que em Marrocos, hoje mesmo, as jovens violadas são obrigadas a casar com os violadores, como castigo para eles, ocorreu-me um livro de que gosto muito, da escritora italiana Dacia Maraini, o primeiro romance que li em italiano, sem entender muitas coisas. Mas é engraçado não entender tudo, dá um certo mistério ao ato de ler e ao enredo.

O livro narra a longa vida de uma duquesa siciliana do Sec. XVIII, também obrigada a casar com um tio que a violara em criança. É surda-muda, pode supôr-se que o seu handicap foi provocado pelo trauma, visto que não teria podido falar sobre o assunto.
Comunica por escrito com quem souber ler, nessa época já muita gente, mas as mensagens são muito curtas e rápidas, mesmo em momentos fulcrais e em informações decisivas da sua vida, como quando a mãe a informa de que vai casar com o tio, sem qualquer preâmbulo.
Este é para mim o aspeto mais apaixonante do livro, o tratar as possibilidades e as limitações da escrita, o que o torna também muito moderno, pois passa-se algo de semelhante com as nossas atuais mensagens de SMS e de Chat.



A escritora, aristrocrata siciliana, que viveu no Japão em criança, durante a 2ª Guerra Mundial e foi casada com o truculento escritor Alberto Moravia, tem outros livros muito bonitos, mas só este traduzido para português de Portugal, por ser a sua obra-prima, até agora.


La Lunga vita di Marianna Ucria, Editora Rizzoli

Até custa a crer

ASSINE A PETIÇÃO ONLINE




  "Amina Filali, 16 anos, estuprada, espancada e forçada a se casar com seu estuprador, se suicidou -- a única forma que ela encontrou de escapar dessa armadilha montada pelo seu estuprador e pela lei. Se agirmos agora, podemos impedir essa tragédia indescritível de acontecer com mais alguém. 


O artigo 475 do código penal do Marrocos permite que um estuprador escape da acusação e de uma longa sentença de prisão ao se casar com a sua vítima, se ela for menor de idade. Desde 2006, o governo prometeu derrubar esse artigo e aprovar uma legislação que proibisse a violência contra mulheres, mas isso não aconteceu."




Clicar por cima do primeiro parágrafo, para ler mais e assinara a petição.

segunda-feira, março 19, 2012

Escravos atuais





Já aqui mencionei este tema, mas nunca é demais referi-lo e alertar para ele.
Encontram-se hoje verdadeiros escravos na Mauritânia, o último país a abolir a escravatura (1981) e a criminalizar o ato de possuir uma pessoa (2007). são arrepiantes os relatos, levando-nos a imaginar e a compreender como é desumano o poder. Qualquer poder torna os homens desumanos.


LER RECENTE REPORTAGEM DA CNN sobre o assunto.


E que linda que é esta mulher, apesar de lhe terem matado a filha pequenina e de não lhe terem permitido sepultá-la... 

domingo, março 18, 2012

Natália

Natália Correia


A falta que faz esta mulher!
Não que fosse uma política muito ativa ou muito coerente, mas porque dizia o que ninguém tem coragem de dizer.
Num dos debates sobre o aborto, a criatura escolhida para ser contra, por um dos partidos, era um deputado cuja esposa tinha uma clínica de abortos, clandestina, claro.
A Natália ameaçou-o de denunciar esse facto e o tipo teve de ser substituído à última hora. Isto foi na época em que os políticos portugueses eram ainda, ou pelo menos pareciam, idealistas.
Não denunciou o deputado, mas acabou a fazer um poema satírico sobre um outro, pelo mesmo motivo e a declamá-lo na assembleia.


E como escritora...


Conheci-a bem. Falava bem. Escrevia bem. Tinha uma coragem que quase ninguém tem. Era amorosa.


Fez anteontem 19 anos que morreu.


Vou em breve publicar no Kindle a tese que escrevi sobre ela, iniciada em vida de Natália, terminada depois. 

sábado, março 17, 2012

O Ministro das Ministras ou: a montanha pariu um rato: mais um rato.

Nuno Crato notabilizou-se por ter feito uma oposição feroz e credível às ministras de Sócrates. Tornou-se conhecido por parecer que tinha soluções basicamente diferentes e mesmo oposta às das ministras designadas como "sinistras" e à política de Sócrates para a "educação". Mas a montanha pariu um rato.
Nuno Crato limita-se a fazer ligeiras alterações aos decretos, leis, decretos-lei, despachos e memorandos das senhoras ministras que tanto combateu.
É destes políticos que é feita a nossa atual política portuguesa. E é por isso que não saímos do abismo.


A montanha pariu um rato. Mais um.