O papa Bento XVI resolveu homenagear, ontem e hoje, o povo cigano, dizendo-o vítima de discriminação e recordando que os ciganos foram também internados nos campos de concentração nazi, juntamente com os judeus.
Houve uma enorme peregrinação de ciganos de todo o mundo a Roma, ontem, e foi hoje celebrada uma missa numa igreja especial: uma igreja ao ar livre, em forma de circo romano, para que os ciganos não se sintam encurralados entre quatro paredes e dedicada ao Beato, na própria cidade de Roma.
Beato Zeferino, "El Pélé" foi mártir, tendo sido perseguido e morto em Espanha, onde vivia. Para homenagear o povo cigano, o Papa proferiu as seguintes palavras:
“Vocês estão na Igreja! Vocês são uma parte muito amada do Povo de Deus peregrino e recordam-nos que “não temos aqui em baixo uma cidade permanente, antes buscamos a cidade futura”.
Esta homenagem parece-me particularmente importante, pois encontramos o mais entranhado racismo em pessoas que parecem ser muito civilizadas e até "amorosas". Quando menos se espera, uma senhora delicada e amável, católica praticante (ou não), sai-se com uma frase como esta, para comentar um programa televisivo sobre tribos: "aqueles pretos horrorosos". (Como ouvi há poucos dias.)
Mas o próprio Papa é vítima de preconceitos, pois há pessoas que consideram nazis todos os alemães, pensando ainda que estão a ser generosas e igualitárias ao formularem este pensamento. E talvez os alemães decentes sejam obrigados a pensar, mais e mais vezes do que nós, no horror que foi o nazismo. Que aconteceu aqui. Na Europa. No século passado.
Aqui na Europa, onde o racismo e a xenofobia ainda se manifestam claramente "entre amigos e iguais", embora se proclame o pioneirismo da igualdade de direitos como valor "universal" porque foi daqui para o mundo.
Repito mais uma vez: gosto deste Papa. Acho-o muito melhor do que o anterior, pois não sou papista e não gosto de Papas.
E é tão longo caminho a percorrer! A caminho da "cidade futura"! Também chamada Jerusalém Celeste, entre outros nomes. Talvez os ciganos vão à frente, na sua deambulação. Pelo menos, procuram essa cidade.
Onde nos encontraremos um dia.
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(P.S.: A Igreja, redonda e ao ar livre, fica No Santuário de Nª Sª do Amor Divino.)