quarta-feira, agosto 12, 2009

Amola Tesouras e Navalhas


Neste sufocante dia de Estio, oiço de repente um toque inconfundível: Fiiu, Fiririu, Fiiiiiiiiu (ou coisa assim).
- Ah! -digo eu, transportada, de repente, para outros tempos e outras paragens, tempos campestres da minha infância, tornados acessíveis, talvez pelo ócio e pela ar excessivamente quente.
- Será possível? Mas... é o "Amola Tesouras e Navalhas"!
Vou a correr atrás dele e aqui está!
- Posso tirar-lhe uma fotografia?
- Pode - diz, depois de pensar um bocado.
- Pensei que já não havia Amola Tesouras e Navalhas...
- Há! Há poucos, mas ainda há!
- E também conserta guarda-chuvas? ***
- É... conserto.


Mas quem é que, hoje em dia, quer consertar guarda-chuvas? Esta profissão é ainda do tempo em que tudo se reciclava. Consertava. Deitar fora uma coisa velha? Nunca! Considerava-se que as coisas velhas eram as melhores. (Ah, esqueci-me de perguntar os preços que pratica).
Ainda hoje muitos consideram que as coisas velhas são as melhores, pois vivemos numa sociedade que, em certos aspectos, se situa entre a fase arcaica, digamos rural, e a modernidade, como diz o filósofo José Gil.


Exemplo de coisas antigas e melhores: os automóveis antigos tinham uma chapa muito boa, duríssima, em aço ou mesmo em ferro. Único senão: em caso de acidente cortavam em dois, de forma fatal e inexorável, os acidentados, fossem eles passageiros ou infelizes e desprevenidos transeuntes, ao passo que as chapas modernas, fracas, amassam, encolhem e ficam próprias para deitar ao lixo... Enfim, não prestam.


*** Nota: guarda-chuvas, aqui em Lisboa diz-se chapéus, mas nunca me habituei. Chapéus? E então os outros chapéus?

terça-feira, agosto 11, 2009

Sopa de Beldroegas à Alentejana

Onde encontrar as beldroegas: nas lojas biológicas onde são caras ou nas bordas dos caminhos, onde são gratuitas.

Fazer uma sopa com batatas às rodelas, cebola às rodelas e dois dentes de alho inteiros.
Acrescentar as beldroegas e, quando estiver quase pronto, acrescentar ovos escalfados e queijo fresco.
Como acontece com muitas sopas alentejanas, esta é uma refeição completa, ou seja, não se come mais nada.

Li agora os pormenores, noutro blogue: faz-se um refogado com a cebola, deita-se tudo a cozer. No fim, põem-se no prato fatias de pão e cobrem-se com a sopa, os ovos e os queijos.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Gripe e beijinhos

- Olá minha querida amiga. Dê cá um beijinho! Há que tempos!
- Espere. Desculpe...
- O que é que foi agora?
- Bem, você não terá a gripe... aquela gripe... quero dizer...
- A gripe dos porcos?
- Sim.
- Ouça lá! Você está-me a chamar porca?
- Não , eu...
- Porca é você!
- Mas...
- E a sua mãe!
- Você está a chamar porca à minha mãe?
- Desapareça da minha frente, se não quer apanhar uma lambada! Sua lambisgóia!
- Sua fascista! Sua atrasada mental! E nunca gostei de si? Ouviu?!
- Malcriada! Agora é que você mostra o que sempre foi!
- Lambisgóia!

etc........

domingo, agosto 09, 2009

Natureza morta vivíssima


Pois aqui estão alguns produtos, muito explicados pela tal senhora, a dona da quinta biológica:
Os tomates amarelos são doces, o grande sabe a fruta, são espécies antigas, cujas sementes foram preservadas em França, onde as comprou. Parece que esses franceses que preservam sementes antigas e as vendem só para conhecedores têm sido perseguidos e acusados de tudo e mais alguma coisa.
De facto, a alimentação chamada entre nós biológica e pelos americanos orgânica "organic", (termos muitíssimo imprecisos), começa a fazer séria concorrência à agricultura normal, até pela atitude de grande paixão que move estas novas pessoas e que se nota claramente na atitude desta mulher. A paixão pelo dinheiro versus a paixão por algo muito maior e menos egoísta.
Há mesmo quem relacione esta consciência ecológica com o desenvolvimento da consciência universal, considerando que há hoje muitos pioneiros nesta matéria, uns mais e outros menos avançados.
E cá voltamos ao lado místico, sempre presente neste início do terceiro milénio.

Ah, já me esquecia: disse também que os imigrantes de Leste que cá vivem compram todos uma erva aromática chamada aneto, que tinha lá, para temperar o salmão e que os franceses metem azedas na cavidade da barriga dos peixes para assar...

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Feira Biológica do Príncipe Real



Têm vindo aqui muitas pessoas à procura deste tema.
Como estou a passar um dias de férias em Lisboa, dizem que o melhor mês para estar aqui é Agosto, que não tem gente, dei uma de turista e fui tirar fotografias para a Feira Biológica, já aqui muitas vezes referida.
Uma senhora que tem uma quinta, deu-se ao trabalho de me explicar mil coisas, só pelo prazer de compartilhar o conhecimento e o entusiasmo, não de certeza para vender 2 ou 3 Euros em frioleiras. Pois esse é um aspecto curioso desta feira e também do supermercado biológico: podemos trazer só um nadinha de cada coisa, para provar, umas folhitas disto, uma cebola...
Aqui vão as fotos.
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sexta-feira, agosto 07, 2009

Rouge Brésil - Pau Brasil

Acabo de descobrir com prazer e alegria que Mem de Sá, o terceiro e um dos principais governadores do Brasil, era irmão de Sá de Miranda, ambos filhos bastardos dum padre (cónego) que os deve ter protegido muito, mesmo assim.
Vi isto no blogue que tenho aqui nos favoritos, " Carreira da Índia". Fiquei também a saber que o seu filho Estácio de Sá morreu ao reconquistar parte do Brasil aos franceses, que tentavam conquistá-lo, na intenção, algo mística, de fazer uma França nos trópicos, com "protestantes".

Seria interessante estudar o assunto: algumas pessoas e alguns grupos de pessoas foram viver para as Américas, na intenção de construir um novo mundo místico, esperando realizar profecias bíblicas.

Enfim, tudo isto (quero dizer, a ocupação por franceses e reconquista pelos portugueses da zona que hoje é o Rio de Janeiro) está narrado num excelente romance de Jean-Christophe Rufin, que li em francês, designado por "Rouge Brésil" e que em português se intitula Pau Brasil. Mas esse Mem de Sá, que fiquei a conhecer através do romance, aparece muitíssimo desfavorecido, como se fosse um idiota, muito feio e bronco. É tal o exagero, que parece uma caricatura. Natural, vindo de um francês que gostaria que houvesse uma França dos trópicos, altamente idealista e mística, embora a ironia esteja presente em toda a obra, criticando sobretudo o líder francês.

Pois Sá de Miranda é também um dos meus poetas favoritos e colocarei um seu poema sobre a mudança no blogue Escrevedoiros, nesta data.


quinta-feira, agosto 06, 2009

Amoras e outras coisas

Uma minha amiga, "demasiado tímida" (ironia) para fazer aqui um comentário, respondeu por email aos posts precedentes.
Sendo uma adepta da agricultura biológica e da comida biológia, ficou banzada ao saber que existe em Lisboa um grande supermercado biológico. E tão perto da minha casa que vou lá muito e até já sabem o meu nome: não me chamam Nadinha... digo outro nome...
Aqui vai o contacto. Ainda que seja só por curiosidade, sempre se aprende alguma coisa.

http:/ www.brio.pt/

Ainda as amoras

Falando outro dia com uma senhora de idade, descobri que ela não conhecia uma tradição, que deve ser só do Norte, ali pela zona de Amarante e de que já falei aqui.
A ideia de que o diabo anda à solta no dia de São Bartolomeu e urina nas amoras, portanto elas não se podem comer depois desse dia.

AQUI

Falo de Amarante, porque esta terra tem uma grande igreja que tem várias representações do Diabo e ouvi falar de qualquer coisa a respeito do assunto, que já esqueci.
Apesar de ter esquecido, tem a ver com o culto do Diabo. Satanismo? Creio que ouvi falar disto como investigação ao nível da cultura popular...

terça-feira, agosto 04, 2009

Amoras silvestres

Hoje, no supermercado biológico, estão em promoção as amoras silvestres.
100 gramas só custam 2 Euros, mais exactamente, 1 Euro e 99 cêntimos.
Oh que saudades das amoras silvestres inteiramente grátis e altamente biológicas que há por todo o lado menos aqui!
E pensar que as pessoas não lhes dão valor: nunca vi ninguém apanhar bastantes para levar para casa, para fazer compota, tartes...


Outra coisa que tem o supermercado é beldroegas. São boas e existem por toda a parte incuindo as ruas menos movimentadas de Lisboa. Isto para nem falar das urtigas. Os espinafres selvagens são melhores do que os outros, mas não existem assim em toda a parte.

Imaginem, há pessoas que passam fome e nem lhes passa pela cabeça comer estas coisas...
Nem as beldroegas selvagens nem os espinafres ou as urtigas tiveram químicos, claro.

Oh, como me apetece comer amoras quentes, aquecidas pelo Verão!

segunda-feira, agosto 03, 2009

Zu

- Olá! Como é que você se chama?
- .............
- O seu nome normal, quero dizer.
- Zu.
- Olá Zu.
- Olá. O que é que tu queres?
- Não quero nada, só estou a ver.
- Não queres nada? Para que é que vieste aqui?
- Para ver. Pode ser que escolha alguma coisa, depois.
- Essa tem uma tampa. Tira-se assim. Tem os dedos assim. Quer dizer que tem os olhos fechados assim.
- Ai sim? Pensei que era o Buda.
- Não, é uma chinesa.
- Ah! Uma deusa...
- Se ela tivesse os dedos assim, queria dizer que tinha os olhos abertos. Assim.
- Em que ano é que você anda a estudar?
- Na escola primária!
- Está a correr bem?
- A escola corre muito mal. Muito mal!
- Ai sim? Mas você fala bem português...
- Eu falo português mal.
- Porque é que a escola corre mal?
- Eu vomito a escola.
- Ai sim? E que mais?
- Dói barriga. Muiiiito! Assim. Aqui. Dói muito!
- Zu, você tem medo da sua professora?
- Eu tenho medo. Muiiiiiito! Eu tenho medo da professora. Muiiiiiito!
- Zu, então é por isso que lhe dói a barriga. E que vomita. É por ter muito medo da sua professora.
- Não!
- Sim!
- Porquê?
- Quando a gente tem muito medo, dói a barriga.
- E vomita?
- Se tiver muito medo, vomita.
- Ah!
- Zu, porque é que você tem tanto medo da sua professora?
- Ela bate. Ela levanta a saia e bate com a régua. Muito!
- Ah! Ela bate em todas as raparigas?
- Não. Só bate quando se portam mal.
- Ó Zu! Você porta-se mal?!!!
- Só às vezes.
- Às vezes o que é que você faz?
- Às vezes eu vomito a escola. E às vezes eu falo português mal.

Terra Imunda! Até enjoa andar aqui.

- Zu, qual é a sua escola?
- Alcântara.
- A sua mãe tem de ir falar com a sua professora. Tem de lhe dizer que não lhe bata. Ou mudá-la de escola. Diga-lhe isso, porque a sua mãe não percebe o que eu lhe digo. E para o ano vai correr bem, a escola.

[Escrito e postado dois anos depois, Setembro de 2011]: Não comprei nada. Procurei dar alguma coisa, mas não creio ter dado nada.
A Zu voltou para a China, foi viver com os avós. E como pode ser difícil, mesmo impossível, a educação na China! Agora a mãe já fala português e explica-me isto. Não se dava aqui em Portugal...

Qual terá sido a  avaliação desta professora, que espancava a Zu por, alegadamente, não falar corretamente português?? Imagino que boa, até deve ser mesmo a diretora! Com a tradição de autoritarismo que temos tido...

sábado, agosto 01, 2009

Sputnik, meu amor

Confesso que adiei indefinidamente a leitura deste livro do japonês Haruki Murakami, considerado um livro de culto e um autor de culto e confesso que o fiz por puro preconceito.
Esperava, num autor japonês, que falasse do Japão e Sputnik não tem nada a ver com o Japão.
Preconceito: acaso os meus livros falam de Portugal? Realmente não. Só o texto " A Ilha das Cruzes" que é uma comédia e que se refere ao Sec. XVIII.

Num planeta global, não devemos esperar exotismo. Não há exotismo.

Sputnik refere-se àquele satélite, o primeiro, que foi para o espaço, levando uma cadela, a Laika.
Genialmente, refere-se à solidão da cadela, olhando para o espaço sideral, o primeiro ser a vê-lo, mas sem observar coisa alguma, talvez sentindo a falta das pessoas... ou dos cães e das cadelas.

Este livro fala da solidão contemporânea. Não necessariamente uma coisa má, digamos que sobretudo, uma coisa nova. E muito familiar a todos nós.
Já aqui tenho falado da solidão, mas duvido que me tenham entendido. Não estava a lamentar ninguém... a solidão não me parece pior do que o excesso de companhia. Pelo contrário.

O narrador do livro é um professor primário japonês, a passar as férias de Agosto, prosaicamente, em Tóquio, a terra onde vive. Fazendo "amor" esporadicamente com mulheres que não têm significado para si. Apaixonado por uma incipiente mas muito vocacionada escritora literária, que parece ser autista, até ao momento em que se apaixona ela mesma por...
Uma mulher casada.

E o resto... Bem, felizmente, ainda não li.
Desejem-me momentos de agradável leitura. Bem merecemos, todos nós, depois de tanto "trash".
Tradução de Trash: os americanos inventaram o lixo em múltiplos aspectos, mas também inventaram a designação de coisas que não valem nada como sendo lixo: lixo televisivo, lixo literário, lixo espacial...
Já se tornou quase difícil distinguir o que é lixo do que é oiro puro. O lixo pode ser doirado...
Este livro é oiro puro. Leiam.

sexta-feira, julho 31, 2009

E quem corrige os exames de Português?


Esta pergunta deveria ser também tema de investigação jornalística. Senão, reparem:
Os exames de Português do 12º apresentam sempre incríveis oscilações, dado que a nota depende em grande parte de quem corrige. Como se avalia uma redacção sobre a liberdade ou sobre o consumismo? Um professor acha-a original, o outro absurda. Um acha-a banal e o outro interessante.
Há ainda o caso das vírgulas, por exemplo: alguns professores acrescentam vírgulas não obrigatórias e descontam por cada uma que falta. Se o texto é extenso, arrisca-se a perder muitos pontos, por erro de quem corrigiu.
Há ainda o caso da incompetência: quem disse que todos os professores são competentes? E que todos se esforçam por fazerem o trabalho bem feito? E por merecer o que ganham, seja muito ou pouco? Mas este assunto não está na moda.

Por estas e por outras, o exame de Português era até há dois anos corrigido por um júri de 2 pessoas, mas agora já não é.

Resultado: na mesma escola, alunos que costumam ter 18 têm 10 ou mesmo 8, até à letra M. A partir dessa letra, alunos que costumavam ter negativa tiveram 11 ou 12. Porquê? Porque os exames foram corrigidos por uma pessoa até à letra M e por outra a partir daí. Isto aconteceu em várias escolas. Daí que haja muitos mais pedidos de reapreciação a Português do que a qualquer outra disciplina e nalgumas escolas quase todos pedem.
Vejamos 2 alunos ou alunas da mesma turma: uma tinha 19 a Português, a outra tinha 8, notas dadas por vários testes, comparadas com outras notas a outras disciplinas, tudo perfeitamente legítimo. No exame, corrigido apenas por uma professora, ambas tiveram 12. Pior, a de 19 teve 10, a de 8 teve 11. Isto é vulgar e banal. Basta que a aluna boa se chame Andreia e a má Teresa, ou vice-versa, o que significa que os exames foram corrigidos por pessoas diferentes.

Outra pergunta legítima: o que é que acontece a estas pessoas que corrigem mal, perguntar-se-á? Se as notas que deram forem alteradas de forma substancial?
Resposta: nem sequer são informadas disso e ainda podem oferecer-se para fazer reapreciações, que são bem pagas.
Quanto aos estudantes, se querem ver o seu exame reapreciado, deverão pagar 15 Euros e sujeitarem-se a que a nota baixe, em vez de subir. O que pode acontecer porque...
Se o professor subir a nota 2 ou mais valores, o teste será reapreciado por uma terceira pessoa. Terceira pessoa a chatear... Se baixar, mesmo que seja mais de 2 valores, não é necessária outra opinião.
Mas parece que ninguém se toma destas dores... nem de outras.

Este post comenta esta notícia do Público



quinta-feira, julho 30, 2009

Gripe suína de 1976

O medo da gripe suína, que afeta todo o mundo neste momento, foi sentido nos Estados Unidos há 33 anos. Em 1976, o então presidente Gerald R. Ford determinou a vacinação em massa da população como forma de evitar a doença, medida que resultou em um fim trágico: uma pessoa morreu pela gripe --e ao menos 25 por terem tomado a vacina.

Clicar em cima deste texto


Também recebi este mail, não sei qual é a sua origem, mas faz sentido, pelo menos em parte.

Que interesses económicos se movem por detrás da gripe porcina??? No mundo, a cada ano morrem milhões de pessoas vitimas da Malária, que se podia prevenir com um simples mosquiteiro. Os noticiários, disto nada falam! No mundo, por ano morrem 2 milhões de crianças com diarreia que sepoderia evitar com um simples soro que custa 25 cêntimos. Os noticiários disto nada falam! Sarampo, pneumonia e enfermidades curáveis com vacinas baratas,provocam a morte de 10 milhões de pessoas a cada ano. Os noticiários disto nada falam! Mas há cerca de 10 anos, quando apareceu a famosa gripe das aves… …os noticiários mundiais inundaram-se de noticias… Uma epidemia, a mais perigosa de todas…Uma Pandemia! Só se falava da terrífica enfermidade das aves. Não obstante, a gripe das aves apenas causou a morte de 250 pessoas,em 10 anos…25 mortos por ano. A gripe comum, mata por ano meio milhão de pessoas no mundo. Meio milhão contra 25. Um momento, um momento. Então, porque se armou tanto escândalo com a gripe das aves? Porque atrás desses frangos havia um “galo”, um galo de crista grande. A farmacêutica transnacional Roche com o seu famoso Tamiflú vendeu milhões de doses aos países asiáticos. Ainda que o Tamiflú seja de duvidosa eficácia, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a sua população. Com a gripe das aves, a Roche e a Relenza, as duas maiores empresas farmacêuticas que vendem os antivirais, obtiveram milhões de dólares de lucro. Antes com os frangos e agora com os porcos. Sim, agora começou a psicose da gripe porcina. E todos os noticiários do mundo só falam disso… Já não se fala da crise económica nem dos torturados em Guantánamo… Só a gripe porcina, a gripe dos porcos… E eu pergunto-me: se atrás dos frangos havia um “galo”… atrás dos porcos… não haverá um “grande porco”? A empresa norte-americana Gilead Sciences tem a patente do Tamiflú.O principal accionista desta empresa é nada menos que um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, secretario da defesa de George Bush, artífice da guerra contra Iraque…

quarta-feira, julho 29, 2009

Romances best-sellers esquecidos

Continuando o post anterior, são de facto vários os escritores e mesmo as escritoras que foram autores de best-sellers a meados do século XX e que, algumas décadas depois, foram já inteiramente esquecidos.
Ouviram falar da escritora portuguesa Virgília Vitorino? Ainda são muitos os que sabem ou souberam de cor os seus poemas, mas são muitos mais aqueles que nunca ouviram falar de tal personagem.
E o livro famosíssimo "John o Chauffer Russo"? Li-o, assim que ouvi falar dele, comprado num alfarrabista, isto já há uns anos. O autor é Max du Veuzit.
Pessoalmente não tenho memória destes escritores, apenas sei que foram uma coqueluche do seu tempo, uma nacional e a outro internacional.
De quem me lembro bem é do Lobsang Rampa. Muita gente ainda tem a obra completa deste autor, que se dizia tibetano mas era um inglês que nunca tinha ido sequer, ao Tibete. Afirmava, logo no início, que o livro era verdadeiro e finalmente, para explicar todas estas incongruências, disse que tinha sido todas aquelas personagens em encarnações anteriores.
A própria mulher, senhora qualquer coisa Rampa, chegou a publicar uns livros sobre gatos, sobre as reencarnações do seu gato, livro que também foi best-seller.


Parece que estamos sempre no mesmo ponto.


Pessoalmente, estou a reler pela eneésima vez um livro da Pearl Buck "Mulheres": Não é o meu preferido, mas não posso ler sempre "Terra Bendita" e "Os Filhos de Wang Lung (Estes último livro é a continuação do primeiro referido). De certa forma, é um dos poucos escritores que ganhou o prémio Nobel da Literatura e que o mereceu.
Seguramente, Winston Churchill não foi um dos outros, apesar de o ter ganho com a sua autobiografia. Para só dar um exemplo. Há neste momento um movimento na Internet contra a sua atribuição ao dramaturgo italiano Dario Fo, para dar outro exemplo.

terça-feira, julho 28, 2009

Romances Pink

Morreu recentemente Corin Tellado, a autora mais lida em Espanha a seguir a Cervantes e à Bíblia. A sua morte passou quase despercebida, pois os seus romances cor-de-rosa já não são lidos, as pessoas têm mesmo vergonha de os ter e as bibliotecas deitam-nos ao "lixo" (reciclagem) aos milhares para desentupir as estantes, até porque estão estragados e mesmo apodrecidos de terem sido lidos tanta vez.


Vem isto a propósito de 2 best-sellers que li recentemente, um deles promovido planetariamente pela Oprah, juntamente com tachos e panelas e sem nenhum lucro para ela, claro.
Chama-se esse "Comer, Orar, Amar".
Conta a história verídica duma americana que resolveu divorciar-se e se sentiu muito culpada por isso. Ficou tão infeliz que resolveu passar a vida a viajar para esquecer.
Em Itália fica um pouco melhor de tanto comer massa, no Oriente, sobretudo na Índia e depois na Indonésia, sente-se muito melhor devido às experiências místicas que decidiu viver, tudo muito "new age" e na Indonésia, no fim do livro, acaba por se sentir fantástica, devido a um rapagão que conheceu e com o qual descreve um relacionamento tórrido à americana. Resta acrescentar que este homem seria dum nível sócio-económico muito inferior, sobretudo porque, nos Estados Unidos, seria imigrante, asiático e não-branco. Acabou tudo muito bem, ele ficou na terra dele, ela foi para a dela e encontram-se muitas vezes.


Segundo livro "O Quarto Mágico". Este livro oferece um saquinho vermelho com chá de alfazema e com fitinhas.


É uma história muito complicada, passada numa terreola da América do Norte (Estados Unidos), com toda aquela mentalidade hiper-moralista, tendo à mistura fantasmas que falam e interagem com todo o mundo.
Donde se concui que os bons e desinteressados têm sempre sucesso, ao contrário dos maus e interesseiros que são sempre castigados. Como todos nós sabemos, de resto.
Os rapagões dão murros uns nos outros, à americana, as raparigas sentem-se protegidas. Tal como no romance de que falei antes e nos de Corin Tellado, os rapagões pobres são desinteressados, bons e belos.
Neste último, por exemplo, o carteiro entra no enorme Cadillac da namorada e diz-lhe qualquer coisa assim: "Este carro não é mau. Chega-te para lá, que eu conduzo." A jovem sente-se muito agradecida, claro, embora se surpreenda que um rapaz que nem tem automóvel só ache que o Cadillac não é mau.
Neste interim, a mãe da rapariga, uma viúva riquíssima e cheia de manias chiques, reapaixona-se pelo taxista da cidade (mais aldeola que cidade) e são todos muito felizes.


Todos estes livros se lêm muito bem e depressa, até por nos quererem fazer acreditar que o mundo é exctamente como deveria ser. O amor resolve tudo, o dinheiro não importa mas está sempre do lado dos bons e do amor.


Curioso este repescar do tópico romântico (sec. XIX) da união amorosa entre pessoas de classes diferentes. É estranho porque hoje em dia, através da educação e do desenvolvimento económico, há um cero nivelamento e as pessoas tendem a esquecer estas diferenças. A não ser as pessoas que gostam de ler as revistas cor-de-rosa e os romances que antigamente se chamavam cor-de-rosa e eram lidos às escondidas por esse motivo e que agora se chamam pink (traduzido: cor-de-rosa) e que toda a gente lê.
Como mais de metade da nossa população não é capaz de ler uma história a uma criança, ou se ler, a criança não a percebe por ser muito mal lida, ainda bem que há livros simples e fáceis...

segunda-feira, julho 27, 2009

Até ao fim da existência

Esta frase "até ao fim da existência", parece bastante bombástica e filosófica, mas engana muito.
Vemo-la em cartazes publicitários que dizem assim:

- Esta promoção é válida só até ao fim da existência.

Se entrarmos na loja e perguntarmos:
- Então esta promoção é válida até ao fim dos tempos, ou seja, para sempre?
Ou, se V. for muito religioso e for até ao ponto de perguntar:
Então esta promoção é válida até ao juízo final, ao Apocalipse, ao 2º Advento, etc...?

Invariavelmente respondem assim:

- Ó Nadinha, não seja ingénua! Isto quer dizer até ao fim do stock, que, em português, se chama existência! Deve acabar já amanhã.
- Mas eu pensei... então amanhã já é o fim da existência?
- Ó Nadinha, não seja filosófica. Não faça filosofias caras! Ou então ponha-as em promoção até ao fim da existência. Para serem filosofias baratas.

sexta-feira, julho 24, 2009

Gripe A - Não é Esquisito?

Estávamos todos exactamente à espera de um pretexto qualquer para que fosse proibido, ou pelo menos desaconselhado e considerado suspeito, abraçar e beijar os amigos.
E também benzermo-nos com água-benta ou mesmo tomar uma hóstia da maneira normal (não é que eu faça estas últimas coisas, mas...).
Sejamos razoáveis e sensatos: é muito bom as pessoas aprenderem que lavar as mãos, lavar mesmo a sério, pode salvar vidas, ou pelo menos livrar-nos a nós e a outros, de doenças.
Isto não é evidente: as pessoas dizem que os "antigos" vivem muito mais tempo, até aos 100, esquecendo que é por haver mais cuidados de higiene e de saúde que vivemos, todos nós, mais tempo. Que poderemos nós viver até aos 100 anos (não os antigos, cuja esperança de vida chegou a andar pelos 30 e tal anos). Há pessoas que, ao mesmo tempo, sabem isto e afirmam o contrário, o que também é esquisito, como se a cultura pertencesse a um donmínio do conhecimento que não é o da realidade.

Mas esta questão da gripe A é muito estranha: sempre houve gripes, esta cura-se como as outras...

Vou referir aqui uma opinião de um jornalista americano, que me enviaram por mail. Existem vídeos deste homem no youtube, em Inglês, se alguém quiser, procure. Aqui vai a citação.

Uma maneira fácil de reduzir a população mundial, deixando acreditar que tudo é feito para seu bem.

- Propor vacinas e tratamentos que, não só são ineficazes contra vírus em constante mutação, mas que também prejudicam gravemente a saúde das populações.
- Criaram o problema (vírus) nos laboratórios militares dos E.U.A e sugerem soluções (vacinas).

Isto permite obter vários resultados:
1 - reduzir a população mundial devido à superlotação,
2 - controle populacional pela injecção, através das vacinas, do chip RFID micronizados ao estado de grãos em pó
3 - o enriquecimento de Laboratórios farmacêuticos

Autor: Jornalista dos E.U.A Alex Jones

Isto continua por aí fora, deve ser a teoria da conspiração, ou não.

terça-feira, julho 21, 2009

Sugestão de férias no mar

Como todos vocês sabem, não gosto de praia, mas sou passada dos carretos pelo mar e por tudo o que sejam navegações.

Este ano há um cruzeiro da Pullmantur, chamado Jóias do Atlântico, que parte de Lisboa, num navio óptimo. Vai muita gente. Não é demasiado caro, dada a qualidade. Não digo que seja barato. Eu vou e uma pessoa, visistante deste blogue, também vai, a 16 de Agosto.

Aquilo é como passarmos uma semana numa pequena aldeia, morando em casas separadas: encontramo-nos quando queremos, separamo-nos quando queremos. Ou em Marrocos, ou em Lanzarote. Mas se houver algo que desejem esconder de todo o mundo, é melhor não irem.

Se quiserem ir, já sabem, é escolher essa data. Talvez haja promoções last minut. E lá vamos pelo mar fora.

Digo isto aqui, porque às vezes há pessoas que não vão a lado nenhum por não encontrarem companhia: a companhia existe mas quer ir para outro sítio, a companhia existe mas é uma praga, a companhia nem existe, são todos umas pragas... nos cruzeiros vê-se muita gente sozinha.
Enfim, quando chegarem lá, procurem a Nadinha, ou enviem uma mensagem para aqui. Nos navios há Internet quando estão perto da terra.
Enfim, até hoje ainda não me apareceu aqui nenhum doido insuportável... apareceram só malucos simpáticos... LOL

segunda-feira, julho 20, 2009

Cidadãos (de Lisboa)

Recebi uma curiosa mensagem sms, perguntando-me se me quero candidatar à minha junta de freguesia, aqui em Lisboa, como cidadã por Lisboa. LOL! Morri a rir, claro.

Os cidadãos do partido PS devem estar a morrer de inveja: com poucos meses ou semanas de militância, os cidadãos já se podem candidatar a cargos elegíveis? Em juntas tão grandes como a minha?

Então e nós ? Quero dizer: então e eles?

Continuando um post anterior

No post anterior, anterior às fotografias também, conto um episódio que nos aconteceu, a mim e à Isabel por causa do seu filho deficiente. Ela leu e gostou, por isso posso, como prometi, contar outro episódio destes.


Iam os dois num ferry-boat de Lisboa para o Barreiro, muito sossegados, quando o João se ergueu e puxou pelo cabelo duma senhora que ia sentada na fila da frente.

A mulher levantou-se em gritos estertóricos, como se a estivessem a matar.
A Isabel pediu desculpa e explicou a situação. Resposta:
-Este rapaz devia estar preso! Não pode andar por aqui à solta! É um perigo!
A Isabel tentou explicar que o filho não é perigo nenhum, que não tem de estar preso...
- Eu só queria que alguém lhe puxasse pelo cabelo a si, para você ver como é bom!
A Isabel lá tentou responder a isto, sem grande eficácia argumentativa...

- Eu vou-lhe puxar pelo cabelo a si, para você ver o que é bom! Ouviu?

Habituadíssima a que o filho lhe faça o mesmo, com frequência, a pobre mãe submeteu-se a esta exigência que não lhe pareceu grave. Sorridente, levantou-se e disse:

- Está bem, então puxe!

Ia a mulher para fazer o gosto ao dedo, quando todos os passageiros do navio, até aí estupefactos mas calados, decidiram reagir ao mesmo tempo, defendendo a mãe e o filho, o que obrigou a outra a remeter-se à sua insignificância.

A Isabel acha que este episódio caracteriza bem a nossa sociedade e o modo como reage à deficiência.