sexta-feira, junho 01, 2012

Lisboa Maravilhosa e o sabor da cereja









Lisboa está maravilhosa, pelo menos desde ontem, dia em que começaram as festas da cidade.
Dou por mim a deambular por aí e a banzar-me. Lisboa sempre foi bela, mas agora então...
As cerejas do Fundão têm fama de ser as melhores, para além de serem cultivadas em extensão.
Estas meninas andaram a oferecer uma caixinha delas a cada pessoa que passava. Uma ou mais.
Lisboa saborosa, com sabor a cereja.


Só não deve ter sido muito bom para aquela carrinha que vende... cerejas. Talvez mesmo... cerejas do Fundão. Pelo menos de nome.


E já agora, a CP tem viagens para o Fundão, exatamente para o tempo das cerejas.


AQUI

quarta-feira, maio 30, 2012

Mentalidade contra a incompetência

Todos os dias nos deparamos neste país à beira-mar e à beira de um ataque de nervos, com a mais descarada das incompetência em toda a espécie de profissões. Será só a mim que acontee às vezes deparar-me com várias situações confrangedoras, todas no mesmo dia? de fazer perder a paciência a uma santa...

Mas os portuguesinhos, quando criticam, é toda a classe médica, todos os professores (incluindo todos os graus de ensino), todos os condutores da carris, etc.

Não passa pelas nossas pobres moleirinhas que devemos agradecer a alguns destes por serem bons ou mesmo ótimos, apesar de não ganharem nada com isso, nem ganharem mais do que os outros.

Começa  logo por haver pessoas que tiraram cursos superiores a copiar, a plagiar ou a comprar trabalhos feitos por encomenda e há mesmo quem se gabe disto. Estas pessoas não estão, obviamente, preparadas para a profissão que desempenham e, além disso, trabalham pouco (e mal) e faltam muito.

Até recentemente e mesmo agora, não é possível despedir esses trabalhadores, sobretudo se trabalham para o Estado. Com os últimos governos, aconteceu mesmo algo imprevisível: se essas pessoas são funcionárias públicas, com a nova avaliação, têm notas superiores às dos colegas. 

Estranho? Porquê? É fácil. Sendo o portuguesinho tão frágil e delicado, sente uma indestrutível necessidade de ser elogiado. Estas criaturas incompetentes, baldas e oportunistas, muito naturalmente tecem os mais generosos e rasgados elogios aos avaliadores, para, nas suas costas, lhes fazerem as críticas mais inconcebíveis.
Ter caráter? Isso já não se usa. Mas alguma vez se usou nesta terra? Basta ler a literatura antiga..

E tudo passa, assim, nesta massa acrítica e acéfala que é a sociedade portuguesa. 

Até nos darmos conta de que está tudo a correr mal e que já não vamos a tempo fazer nada.

domingo, maio 27, 2012

Ao longe, os barcos de flores


Pintura de Vladimir Kush: Arrival of the Flower Ship

Este verso de Camilo Pessanha é também o título de um blogue muito belo sobre poesia, que já aqui foi referido algumas vezes. 
A autora desse blogue acaba de falecer e é recordada com muita saudade pelos seus antigos alunos, atuais amigos. Dedicou-se a fazer o blogue quando se aposentou.
É um daqueles casos que toda a gente esquece quando critica os professores no geral, esquecendo que não são todos iguais.
Fica-nos o blogue, que é, pelo menos, uma bela antologia poética.

VER AQUI O BLOGUE


E já agora, aqui fica o poema de Camilo Pessanha.


AO LONGE OS BARCOS DE FLORES

Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
— Perdida voz que de entre as mais se exila,
— Festões de som dissimulando a hora.

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...


P.S.: Os barcos de flores eram barcos de "prazer" na China, com gueishas, decorados com muitas flores.

sexta-feira, maio 25, 2012

Homens e bichos. Às vezes, tudo OK.



Para quem gosta de animais... eu, por exemplo, gosto. Não me parece que devamos preocupar-nos mais com os bichos do que com os nossos semelhantes humanos. Muito menos me parece que o gostar de bichos possa ser um pretexto para não nos importarmos com os nossos semelhantes humanos. 

 Parece-me que já estamos todos fartos desse humanismo animalesco. 

Mas ainda há coisas lindas no mundo, na relação entre gente comum e animais. Como esta, em que gente comum salvou um cardume de golfinhos. 

Os homens e as mulheres deste vídeo começaram por ter medo, bichos tão enormes... e acabaram por revelar uma grande delicadeza, tão grande delicadeza, conciliada com o medo, o que é mais raro. 

O medo impele-nos, às vezes, a sermos bruscos e descontrolados.
O amor pelos animais e por nós mesmos impele-nos, às vezes, à crueldade. À indiferença. Ao disparate.

terça-feira, maio 22, 2012

segunda-feira, maio 21, 2012

Amizade, coragem, cobardia, sistema político: tudo se relaciona?

Vejo no Facebook uma minha amiga muito jovem,  que se queixa de várias coisas, pois está a atravessar um mau momento. Problemas amorosos, problemas de trabalho.
Queixa-se de que as pessoas que estavam do seu lado, deixaram de estar e isso deixa-a perplexa e perdida.
Os amigo da mesma idade respondem que é nesta altura que se conhecem os verdadeiros amigos, porque esses estão e estarão sempre do nosso lado.

Mas isso não é verdade. Pois não? Respondo-lhe assim: "Umas pessoas por falta de caráter, outras por ambição ou medo, mudam. Outras não. Mas nem sempre isso tem uma relação connosco. É mais uma atitude genérica."

De facto, uma regra genérica é que as pessoas comuns não são muito corajosas. No estado em que estão as coisas, em termos laborais, essas pessoas não muito corajosas farão o que for melhor para elas, independentemente do que deveriam fazer pelos amigos. Confrontadas com isso, dirão que tiveram medo. E isso colocá-las-á no lugar das vítimas, lugar que os portugueses tanto amam.

Um dia, a Natália Correia disse-me, discutindo comigo e com outras pessoas, o seguinte:

- A menina precisa de estar muito atenta! Ouviu? Muito atenta! Porque a menina não é nada atenta! Ouviu? (pronunciava aténta, abria muito algumas vogais, por ter lutado contra  a sua pronúncia açoriana, que as fecha todas). 
- Precisa de observar bem as pessoas e estar muito aténta!
- Eu não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!

- Está a chamar-me burra? - Vociferou, de forma atroadora, como costumava fazer quando se zangava.
Fiquei tão aflita com esta pergunta, que respondi em voz baixa:
- Claro que não, por favor! Nunca me passaria pela cabeça chamar-lhe tal coisa. - A voz baixa significava ausência de agressividade e de veemência argumentativa, ao contrário do tom em que tinha proferido a frase "não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!"

Acusou-me, então, também em voz baixa, de, aparentemente lhe ter chamado burra em voz alta e de me ter desculpado em voz baixa. 
(Esta mulher tinha um lado teatral que nunca podia ser ignorado quando se falava com ela.)

Não me foi nada difícil ultrapassar este problema, foi só questão de dizer, em voz muito alta, que a admirava muito, muitíssimo, sobretudo a sua enorme inteligência, embora nem sempre concordasse com ela (o que era inteiramente verdade). Acabámos as duas a rir deste pequeno show improvisado. (Isto passava-se no seu Retaurante- Bar Botequim)

E continuámos a conversa em voz baixa.

A Natália passou pela ditadura salazarista. Alguém em quem confiávamos poderia ir fazer queixa de nós à PIDE. E também os empregados, os vizinhos, os companheiros de trabalho, não só aqueles com quem estávamos em conflito ou competição. No momento em que estávamos a falar, 1993, meses antes da sua morte repentina, nada disso existia. Concluí eu, então: "não preciso de estar muito atenta, porque não sou burra!" 


Mas os tempos que atualmente vivemos, são outros. O medo voltou. A delação voltou. Está a voltar quase tudo, embora não tudo, no sentido dramático.
Está a voltar a necessidade de ter coragem. Estão a voltar os amigos nos quais não podemos confiar. Embora nos amem muito. Mas não têm coragem de nos defender...


- A menina precisa de estar muito atenta! Ouviu? Muito atenta! 

domingo, maio 20, 2012

Calafona, seguidor (a) deste blogue

Calafona: tem andado doente? Nem pergunto se se fartou destes blogues... por parecer impossível, tal coisa.    
 :)
As melhoras. Beijinhos.




P.S.: Refiro-me a uma pessoa (serão várias?) que vive na Califórnia e que vem a estes meus blogues muitas vezes por dia, mas tem faltado. Ou então, mudou de fornecedor de Internet...

sábado, maio 19, 2012

Teatro em exibição: Vânia



A peça de Anton Tchekhov é muito expressiva da complexidade da natureza humana, da pequena diferença que pode existir, às vezes, entre o amor e o ódio, entre a admiração e a inveja, entre a emulação e o desprezo por si mesmo e pelo outro... da pequena diferença que pode existir entre um santo e um ser maléfico, cohabitando os dois, talvez, no mesmo homem: "O TioVânia", que vai da mesquinhez à abnegação e regressa ao mesmo em pouco tempo. 
Tudo isto adquire uma dimensão dramática através do conflito entre as personagens.
 A palavra tio foi retirada ao título, talvez devido às conotações que tem hoje este conceito de tios e tias...
Assisti à estreia da peça e a representação estava já muito amadurecida e sem falhas. Os atores são bons, a encenadora e dramaturga, Isabel Medina, apresenta-nos aqui um dos seus melhores trabalhos de sempre.
Recomenda-se.

sexta-feira, maio 18, 2012

Eu sei um ninho!!! Eu sei tantos ninhos!!!


Watch live video from Swallows Nest on Justin.tv

*** Ver nota

- Eu sei um ninho!!!

Esta era uma frase que resumia tudo. Eu sei onde está um ninho. Queres ver???
No blogue Escrevedoiros, conto uma minha pequena aventura infantil ao entrar em contacto com um ninho de carriça, passarinho pequenininho. VER AQUI.

Mas vivemos nos novos tempos. Agora, basta ligar a net e vemos logo um ninho em direto. Talvez na Alemanha da Merkel, na Jugoslávia, em sobral do Monte Agraço, em Castanheira de Pêra, enfim, onde houver uma webcam e um ligação à Internet. 

E aqui estão vários exemplos. Como links, por todo o mundo. Tem de todas as espécies, ou quase, em volta do planeta.

AQUI


- Eu sei muitos ninhos!!!




*** Esta andorinha ainda está chocar os ovos. Ainda hão-de vier a nascer à nossa vista e a voar pelo mundo.




Transcrevo aqui o texto que escrevi





Estava eu com o corpo todo suspenso.
As mãos arranhadas. Os joelhos esfolados.
Podia cair.

Os dedos das mãos metidos no buraco do muro, entre duas pedras.
Os dedos dos pés metidos no buraco do muro, entre duas pedras.
O corpo em precário equilíbrio, quase a cair.

Mas em mim só existiam os olhos: só via!
Um segundo antes de cair vi:
Três passarinhos minúsculos com os bicos abertos, cantavam.

Já antes tinha caído, é claro, mas ainda só tinha visto os ovos... do ninho

Douro litoral: socalcos: muros feitos de bocados de pedras: crianças felizes descobrem ninhos.

quinta-feira, maio 17, 2012

Feliz Dia da Espiga 2012





Que o próximo Verão nos traga abundância, alegria, calor e luz.

(Clicar nos links abaixo, para ver mais, em posts anteriores ou futuros, sobre os mesmos temas. Aparecerá este post e muitos outros, todos a seguir.)

Ainda Natália Correia



Acabo de colocar no meu blogue Escrevedoiros, este vídeo. Foi-me enviado por José Daniel Soares Ferreira, que o descobriu em vinil. Acrescento um texto sobre ele. Como O Terra Imunda tem muitos mais visistantes e mais alguns seguidores, coloco-o também aqui.


Poderão ler mais




quarta-feira, maio 16, 2012

Ninho de falcões em direto e online


Portugal e o que se come. Aparentemente, tudo




Aqui está. Tem sido falado este programa sobre comida tradicional portuguesa feito por este Anthony Bourdain, que ainda não está disponível na televisão portuguesa, incluindo a que nos chega por cabo.

Entrevista, entre outros, António Lobo Antunes, cujas declarações vão ao ponto de me surpreender...

Pena não ter legendas em português.

Existem também dois outros programas sobre as comidas portuguesas: sobre o Porto e sobre os Açores. Tudo disponível no Youtube, pelo menos até ver.


sábado, maio 12, 2012

Nada é mais universal do que o regional


"Nada é mais universal do que o regional" como diz Cecília Meireles. 


Aqui está uma foto após o pôr-do-sol, princípio da noite, com o planeta Vénus, "Étoile du berger". Com uma torre de telecomunicações e umas casinhas iluminadas.

Bem, a foto foi tirada, confortavelmente, da minha janela. Em Lisboa. Das minhas janelas de Lisboa.


Muitas vezes, sentando-me em frente desta paisagem, julgo estar na Grécia, contemplando o Monte Parnaso, ou em qualquer outro lugar da terra, contemplando outros montes.

Mas é aqui que gosto de estar.

sábado, maio 05, 2012

Lisboa anoitece para uma bela noite de luar







Lisboa anoitece, numa bela noite de luar





Como exponho com mais pormenor no Blogue Escrevedoiros, esta lua dá origem a Festivais da Lua em diferentes países do Oriente. Comemora-se o nascimento (aniversário) de Buda e a sua iluminação. 

Amar o próximo, ou amar os gatos?



Embora isto seja verdade*, não é menos verdade o inverso. Que algumas pessoas não sabem ser boas para ninguém. Adoram animais... mas eu não gostaria de ser adorada por elas, se fosse um animal.  E muito menos se fosse um ser humano. Não é esse, afinal, o drama de muita gente?
Frequentemente, a paixão / mania por animais esconde a hostilidade para com o semelhante humano. Ideia contida na frase: "Quanto mais conheço os homens, mais gosto de cães." 

O amor não pode ser uma negação nem um refúgio, o amor é inclusivo. O amor não é sentimento de posse.

Gostar, só por si, não é virtude nem dom... pode ser carência. Amamos porque somos incompletos.

(Dando um exemplo: pessoas que não têm condições, nem vida para terem animais, têm vários. E o mesmo se aplica para pais e filhos...)

Pessoalmente, adoro gatos, mas não gostaria de estar presa à casa e a Lisboa por ter um ser vivo dependente de mim. Mas se o gato morresse à fome, não tinha importância nenhuma, claro... no problem.

Insustentável leveza...

Nota * Referimo-nos à frase de Schopenhauer, na foto "a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom ser humano".


(Foto de Facebook.com / humor inteligente)

sexta-feira, maio 04, 2012

Rir? Rir de quê? Da crise? Ah! A crise é engraçada?

Li recentemento, esqueço onde, que os portugueses começam a deixar de sorrir quando se fala da crise.
 Acho bem que os portugueses comecem a começar a deixar de achar graça ao que não tem graça nenhuma. O ridículo pode ser cómico, ou não. Às vezes nem sequer é risível, quanto mais cómico! O ridículo é frequentemente  lamentável, sem chegar a ser trágico. E nem dramático.

A indignação deve substituir, para sempre, estes sorrisos amarelos ou dúbios, irónicos ou cínicos, acho que nunca ninguém percebeu bem estas nuances...

Vamos rir de coisas engraçadas, "tá"? Ou boas.
De situações que despertam a maravilhosa cumplicidade de rir às gargalhadas, entre pessoas que nem se conhecem...
Afinal...
Somos todos irmãos!

quinta-feira, maio 03, 2012

Duas plantinhas: apelo mudamente ensurdecedor






Hoje choveu muito em Lisboa. Ao passar numa rua residencial dum bairro popular (Campo de Ourique), no passeio por baixo duma varanda, encontro estas duas plantinhas. Com raiz cada uma e deitadas no chão. E ouvi que elas me disseram:
- Nadinha, por favor, leva-nos para a tua casa, planta-nos num vasinho com um nadinha de terra e um nadinha de água.  Que ainda agora estávamos naquele vaso ali em cima na varanda, muito juntinhas a outras como nós e agora estamos aqui. PLEEEEASE!!!
A minha gestora de conta, a Telma,  deu-me um nadinha de papel para eu as embrulhar, não antes de  eu lhe ter sujado o gabinete um nadinha, com as raízes e com o pó, com  a terra...








O vasinho tinha uma terra seca e dura, mas, com as pazinhas e um nadinha de água....
Assim pudesse eu levar para minha casa todas as criaturas que mo pedem de forma muda e ensurdecedora!
Ensurdecedoramente silenciosa! 
Cenas dos próximos capítulos: fotos das plantinhas já nascidas. (Tê-las-ia metido só em água, se não parecessem catos, que pedem pouca água. Quase todas as outras plantas medram e desenvolvem-se num vaso só com água.)

Eu não sou pugilista!

- Eu não sou pugilista!
- Ai o Senhor não é pugilista?
- Não.
- Mas então, o Senhor já foi pugilista?
- Eu, não.
- E gostava de ser?
- Eu não. Eu não sou mesmo nada pugilista! Entende a menina? 
-Ah!

Este diálogo passava-se há alguns anos, dentro de um táxi lisboeta, entre a Nadinha e um taxista. Intrigada por estas misteriosas afirmações, a Nadinha, que se dirigia, no táxi, a caminho de um local identificado com ideias e pessoas feministas e tendo explicado isto ao taxista, estando já um nadinha baralhada com esta do pugilismo, acaba por lhe perguntar:
- Mas afinal, porque é que o senhor me diz que não é, nunca foi e nem quer ser pugilista?
- Então, menina, eu estou-lhe a dizer que não sou pugilista dessas mulheres femininistas! 

- AH!!! Não é apologista do feminismo?
- Eu, não. 

Esta portuguesa língua de Camões!  Que já era tão complicada no tempo do grande épico...



Pessoas que nos inspiram

Numa homenagem póstuma a Miguel Portas, foi fácil de concluir que, afinal, ainda há políticos que despertam a admiração, o respeito e a simpatia dos portugueses. Mesmo descontando o nosso gosto mórbido por mortos e moribundos, há um fundo de verdade no facto de toda a gente ter partilhado no Facebook páginas e mensagens sobre ele. E nunca foi considerado corrupto ou incoerente ou populista, apesar do irmão que tem e de certas atitudes do Bloco de Esquerda.

Surpreende qualquer um ler o blogue da mãe de Miguel Portas, Helena Sacadura Cabral, ambos descendentes do aviador Sacadura Cabral. (Estas pessoas são muito conhecidas em Portugal, mas este blogue tem leitores em vários países).

Esta mulher é, a partir de hoje, e para mim, alguém que me merece respeito e admiração, alguém que me inspira. 

O blogue chama-se Fio de Prumo

A pergunta que deixo é já antiga e é sempre a mesma: por que razão os portugueses só votam no PSD e no PS, apesar de já ninguém acreditar nestes dois partidos e apesar de acreditar em pessoas de partidos minoritários?

quarta-feira, maio 02, 2012

Mas também há boas notícias, afinal





Aung San Suu Kiyy, após 15 anos de cativeiro político, assumiu um mandato como deputada da Birmânia e fê-lo como se prestasse um grande favor ao governo ditatorial do país, cedendo um pouco, depois de ameaçar não ceder, num volte-face que só consegue quem tem a paciência de um Job e a determinação tranquila de um Ghandi.
E mais: foi-lhe atribuído e Prémio Nobel da Paz em 1991, mas não o pôde receber até hoje, por ser prisioneira política e por estar impossibilitada de sair do país.
Assim, o primeiro país que vai visitar é a Noruega, para receber, simbolicamente, esse prémio.
É uma mulher invencível, mas é também um sinal dos tempos. Para além de ser giríssima. (Mas, em 15  anos de prisão domiciliária, pouco mais poderia fazer do que pôr-se bonita e coquette, digo eu.)





Este blogue tem inumeros posts sobre esta mulher, que muito admiro e que nos inspira, incluindo links para petições online, pedindo a sua libertação. Basta clicar nas tags abaixo com o nome Aung San Suu Kiyy. Aparece este post e muitos outros a seguir, sobre esta mulher. alguns do tempo em que parecia imposssível a actual situação.

1º de Maio, dia do consumo desenfreado









Fui ontem ver e fotografar a manif da UGT, aproveitando para ir também à feira do livro, ou vice-versa. Surpreendeu-me por ser tão pequena. Apesar dos percalços laborais e sindicais, nada me fazia esperar uma tão grande ausência de manifestantes, numa altura em que existem cada vez mais razões para protestar. Este molhito de gente que se vê na 3ª foto era já a concentração final e nas duas primeiras ainda tentei apanhar o máximo de pessoas, mas é como vêem.Concluí que estaria tudo na CGTP. Claro.Uma amiga que mora perto da Fonte Luminosa diz-me que a da CGTP é tão pequena, que até os automóveis circulam normalmente.Afinal, estava tudo enfiado no Pingo Doce a fazer compras.Pode??? Não é um atentado à democracia? E os trabalhadores, para não fazerem greve, receberam nesse dia o triplo. E até mereciam bem mais, pelo que tiveram que aturar.Diz-me um rapaz que veio cá fazer uma reparação:- "Fui lá com a minha avó! Por causa dela, claro. Ela ganha 360 Euros de reforma... comprámos 400 euros de mercadoria e pagámos 200. Valeu a pena! Mas nós só fomos para o Pingo Doce depois de a minha avó ter ouvido dizer que estava tudo numa bandalheira. - Vamos lá também, rapaz!"Passaram 8 horas na fila para pagar e diz ele que a pior confusão era na área das garrafas de whisky e outras bebidas caras. As pessoas disputavam-nas, bebiam-nas lá, saíam com elas sem pagar... Enfim, era um kafarnaum.Perguntei-lhe se comeu e bebeu produtos sem os pagar. Claro que sim.Este rapaz vai perder a casa que comprou recentemente e ainda vai ser obrigado a pagar a TV cabo pelo período de 1 ou 2 anos...Que vidas! É esta gente que pode ser manipulada por uns e por outros.Mas parece que se vai seguir agora a ofensiva do Colombo e do Minipreço.Aguardemos as cenas dos próximos capítulos. Até pode ser que fiquemos a ganhar qualquer coisa... em termos de dinheiro, quero dizer. Fernando Pessoa e Camões talvez não concordassem com esta minha ideia de "ganhar"...

segunda-feira, abril 30, 2012

Abacaxis maduros e galinhas velhas

Ao fazer compras num qualquer supermercado, constatam-se dois efeitos secundários da crise e, claro, da falta de previsão das compras.
Há uns meses seria impossível comprar abacaxi maduro, comia-se verde ou deixava-se amadurecer em casa. Como existe menos gente a comprar, estão agora maduríssimos, quase a apodrecer em toda a parte. A propósito, não se devem colocar no frigorífico, porque o frio estraga-os. 
Também com os frangos aconteceu o mesmo: amadureceram pelo mesmo motivo e, em vez dum frango* tenrinho, compra-se agora uma galinha velha, sendo que a longevidade das galinhas aumentou.
E o seu conforto também vai aumentar, senão vejamos: foi recentemente noticiado que ia haver um abate de 3 milhões de galinhas (aqui não se fala em frangos) portuguesas porque os aviários não tinham gaiolas suficientemente grandes. Perante o espanto de abater as galinhas para melhorar as suas condições de vida, é considerada a hipótese de não as matarem, mas vão ter direito a melhores condições de espaço.
Ao contrário dos portugueses. Que cada vez têm menos espaço e menos condições.



"Frango escrito assim, no masculino, embora seja franga, claro."


Post Scriptum (não confundir com PS): Em países do Oriente, quando se procede ao abate de tantos animais, é feita uma cerimónia religiosa. Aqui estes animais são tratados como lixo, enquanto outros o são como príncipes.

domingo, abril 29, 2012

Donos de Portugal




Aqui fica um vídeo, demonstrando que o grande capital português e as "grandes famílias" foram promovidos pelo salazarismo.
Por aqui já podemos entender a preferência dessas famílias e apaniguados por Salazar. E por um catolicismo arcaico e obsoleto.
Mas... e as crianças, senhor? Porque é que também defendem Salazar e esse catolicismo salazarento?
Demonstra também que essas empresas dependiam da repressão política. Mas nunca pagaram por isso, pois não???

quinta-feira, abril 26, 2012

870 000 fotografias de Nova Iorque






Serão, em breve, colocadas online 870 000 fotografias de Nova Iorque, mostrando a cidade em diferentes fases da sua história.
Muito interessante.

quarta-feira, abril 25, 2012

Ps a favor do enriquecimento ilícito: apagada e vil tristeza

Todos os partidos se juntaram recentemente contra o PS, para criminalizarem o enriquecimento ilícito.
Porque será que o PS não quer?
Neste interim, Soares resolve acusar o atual governo da situação de crise que vivemos, propondo, implicitamente, o PS como salvação.
Desde quando é que a salvação é a própria doença?

E lá tivemos um triste 25 de Abril, sombrio e lépido, o único dia de chuva fria e intensa, nos últimos tempos.

Filme português Tabu: quem é o meu vizinho?

Fui ver este filme, Tabu, que é uma seca razoável a preto e branco, com a moda do preto e do branco numa paisagem africana que deve ser muito colorida, mas que imaginamos a preto e branco por ouvirmos falar e por ter ficado registada em vídeos sem cor, nessa época colonial.

Tem alguma graça, às vezes, e sobretudo a graça de podermos imaginar que a velhinha que é a nossa vizinha do lado talvez seja uma criatura aventurosa que teve uma fazenda em África, ou mesmo uma antiga passionara e assassina...
E o velhinho do lar de velhinhos talvez tenha sido um mata-corações, caçador de leões e de jacarés em África... ao ponto de uma mulher cometer um crime por ele.

Ele há cousas!!! 

Sempre que as personagens se deslocam, vão acompanhadas de vários negros que fazem tudo, com toda a submissão. Provavelmente reflete a realidade da época, mas faz impressão.

terça-feira, abril 24, 2012

Les paradis artificiels / les enfers artificiels







Os paraísos artificiais, Les Paradis Artificiels, título de um livro de Baudelaire, (homem que vivia muito à frente da sua época), os paraísos artificiais são também, no mínimo, infernos artificiais.


Vejamos o caso da Disneyland, que só conheci recentemente e por motivos alheios à minha escolha.


A criatura que desempenha o papel de Minnie é todos os dias aclamada mais do que uma vez por milhares de pessoas, mas nenhuma olha para ela. Só para a máscara.
Que inferno será sentir os olhos da multidão postos em nós, sorrindo, meigos, doces, admirativos, mas  sem nos verem...
E ouvir o patrão, ou alguém do género, criticar:
- Tu não és engraçado / a
- Tu já faltaste duas vezes neste mês. Tu pensas que eu ando a roubar?!


A Minnie não pode vacilar, the show must go on...


- Ouve, eu já não suporto aquele gajo! Salta-me para a espinha, eu até cedo, mas depois ele quer o quê? O quê?! - diz a Minnie, ainda vestida com as vestes da dita.


- Eu estou estafada de andar aqui a dançar, cheia de speed, toda a gente me diz adeus, dançam comigo... e depois, quando saio daqui, ninguém me conhece!
- Fora daqui! já foste substituída!
- Substituída? Eu sou a Minnie... como me podem substituir a mim? A mim?
- A outra Minnie já lá vai. Atrasaste-te. Rua!


Disneyland, lugar onde os adultos vão brincar como crianças... para poderem esquecer e para poderem deixar passar as fraudes, as corrupções, as rebaldarias, que nos fazem cada vez mais pobres e cada vez mais idiotas. 

domingo, abril 22, 2012

Adieu, Mercozy! Aufwiedersehen!


O segundo candidato da esquerda apelou a uma campanha activa contra Sarkozy e a favor do socialista François Hollande.
A declaração provocou lágrimas de alegria a Ségolène Royal, a anterior opositora de Sarko. Também a Le Pen esteve contra ele...


Só é assustadora a ascensão da extrema direita, mas, "enquanto o pau vai e vem, descansam as costas", como diz o povo.


Sempre Mulher


Quarta classificada, mas com as cores da corrida









Realizou-se hoje a Corrida Sempre Mulher, destinada às mulheres e tendo por causa a combater, o cancro da mama.
Foi uma festa, como habitualmente, com a diferença que desta vez foi pelo centro de Lisboa: Restauradores, Avenida da Liberdade, Marquês, Saldanha, virar, Marquês, Avenida da Liberdade, Restauradores. Talvez para chamar a atenção dos e das lisboetas, que muito protestaram pelo corte do trânsito.
É uma corrida fácil, só 5 km que podem ser feitos a caminhar, mas com a alegria própria das mulheres quando se juntam. Neste caso, teve a pequena dificuldade de parte do percurso ser a subir: a Avenida da Liberdade.
Muitos italianos me perguntaram o que era aquilo, ao verem-me artilhada com a Tshirt, o dorsal e tudo o mais.
É que, em Itália, o 25 de Abril também é feriado, também é dia da libertação e os italianos não estão a fazer tantas poupanças assim... apesar da crise.
Os turistas ficavam todos encantados com esta vivência alegre e colorida do centro da cidade, pode ser que levem a ideia para a terra deles.
A corrida serve para incentivara as mulheres a praticarem desporto, ainda considerado coisa de homens e sobretudo, de homens sentados no sofá a ver futebol na televisão.
A parte competitiva sai primeiro.
A mulher que ganhou a corrida demorou quase 15 minutos a fazer o percurso de 5 kms, quando chegou, ainda algumas de nós mal tínhamos cruzado a linha da partida. Não pude fotografá-la. Corria tanto, que ninguém a via.
Ficam aqui as fotos das 2ª, 3ª e 4ª.
E do ambiente, num dia sombrio mas ameno. A primeira vez que apanhei alguma chuva.
Na primeira vez que se corre, cometem-se alguns erros, como levar uma blusa pollar (demasiado quente) ou mesmo guarda-chuva. LOL.
O melhor mesmo é levar uns blusões impermeáveis que, dobrados, cabem na palma da mão. Ou dentro da mochilinha.



Sem pressa de chegar ao destino e cortar a meta, o importante é sentir as ótimas energias e curtir o percurso. Se formos muito depressa, acaba logo.

(Fotografias de telemóvel Blackberry, para não ir carregada com a máquina fotográfica)

sábado, abril 21, 2012

Braga ou Cabul?

É com perplexidade que se lê esta notícia sobre o hospital de Braga, que proíbe o pessoal de se vestir como quiser, impondo regras só vistas no Afeganistão sob os talibãs.
Desde que Sócrates deu um poder absoluto a gente medíocre como ele, na direção dos serviços públicos, não paramos de nos espantar com a vocação inquisitorial de tanta gente.
Mas isto tem um lado moderno: vem da América, como de costume, e chama-se dresscode
Só importamos da América o que não presta, com tanta coisa boa que lá há: hamburgers, coca-cola, dresscode, falsa moral, Disneyland, etc... 

VER AQUI

Nunca vivi em Braga, mas conheci pessoas que são de lá e que se queixam da religiosidade excessiva. 


Acabei de colocar no blogue Escrevedoiros, a propósito do filme Dos homens e dos Deuses este pensamento de Pascal: 


"Nunca fazemos o mal tão plenamente e tão alegremente como quando o fazemos por convicção religiosa".


Ou, no original:


“Jamais on ne fait le mal si pleinement et si gaiement que quand on le fait par conviction religieuse”. (Blaise Pascal)







Mas têm o cuidado de dizer que " este código de conduta só é aplicável no local de trabalho."

Ou seja, na cidade de Braga, ainda é permitido circular de cabelos flamejantes, unhas de gel e de barba por fazer, isto no caso dos homens.

quinta-feira, abril 19, 2012