sábado, janeiro 14, 2012

Naufrágios e heroísmo. Ou a falta dele





Não sei se já contei isto aqui, mas creio que não. 
No início de cada cruzeiro há uma simulação de acidente ou naufrágio, situação em que seria necessário abandonar o navio, o que assusta muita gente, por fazer lembrar o filme do Titanic. Por sua vez, os tripulantes têm vários treinos de simulação, para além deste, nomeadamente quando o navio está fundeado. Quanto às baleeiras salva-vidas, elas são removidas e içadas de cada vez que se utilizam como barcos de transporte.

Numa dessas simulações que são muito lentas e demoradas, no Princess Danae, uma criança comentou:
- Se isto fosse a sério, já tínhamos naufragado.
Um elemento da tripulação que estava a coordenar a situação, um homem já com bastante idade, respondeu:
- Se isto fosse a sério, eu já não estava aqui. - E começou a contar um episódio em que naufragou e só sobreviveu porque não esperou por ninguém.
A mãe da criança agradeceu a sinceridade... 

Como diz o filósofo José Gil, uma caraterística da mentalidade portuguesa é o burgessismo (qualidade do burgesso), que, de facto é muito bem aceite na sociedade portuguesa, provocando frequentemente um riso coletivo. Como foi o caso.

O programa humorístico em que Hermano José criticava isso mesmo, pessoas a rirem em coro de piadas sem graça, por serem ditas por alguém a quem queriam agradar, ou por serem apenas grosseiras, gerou demissões dos actores e a mais completa indiferença do público. Masoquisticamente, preferimos aceitar o "burgessismo" de forma acrítica.

É claro que reclamei desta declaração, até por ser sincera, porque a sinceridade não é uma qualidade "per si". E é claro que admiro os tripulantes deste navio, que ajudaram os passageiros, ao contrário do que disse o tipo referido, o criaturo.

E vi na RAI que uma tripulante, pelo menos uma, fugiu a nado. Para além do execrável comandante. Que só podia estar bêbado...

Quantas inconfessáveis cobardias, quantos não exaltados heroísmos. Sobretudo de alguns que morreram (refiro-me aos naufrágios em que muita gente morreu, incluindo os que deram o lugar a outros para os salvar)...





Naufrágio do Costa Concórdia


Imagem: Costa Victoria (o navio grande) fundeado ao largo da ilha grega de Santorini


Viajei no Costa Victoria, navio da Costa Cruzeiros, com partida de Veneza. Vi na televisão de Veneza, na véspera da viagem, que tinha havido uma tentativa da Al Qaeda para colocar uma bomba num desses navios, fundeados no porto, notícia que não circulou, talvez por motivos de segurança *.

Nunca tive tanto medo de navegar, nos vários cruzeiros que fiz, quando nos pediam que não aceitássemos presentes de estranhos, podia ser uma bomba, nunca aceitássemos embrulhos fechados, ao comprar qq coisa, deveríamos pedir que embrulhassem à nossa frente, etc. Há sempre um certo receio, claro,  num chão que bamboleia, mas sem motivo aparente.

Creio que nunca contei isso aqui, até porque ainda não tinha blogues, só há algumas fotos dessas viagens nos primeiros posts. E não haveria, ou eu não tinha, máquinas fotográficas digitais.



Como a viagem foi muito bela, beleza acentuada pelo sentido da aventura, de que o medo é o ingrediente e a especiaria principal, hei-de digitalizar e colocar aqui algumas fotos "analógicas". Não sendo saudosista, e muito menos saudosista de acontecimentos nefastos, creio não ter guardado os jornais de bordo, que faziam os referidos avisos. Hei-de contactar uma amiga que viajou comigo.



* - Soube, mais tarde, que várias tentativas da Al Kaeda de concretizar os muitos atentados bombistas ameaçados pela organização para serem levados a cabo em Itália, foram gorados pela colaboração da Máfia napolitana com a polícia. Atacar Itália? Só passando sobre o cadáver da Máfia.



VER AQUI imagens  do naufrágio.
VER AQUI a notícia no Jornal Público
Neste blogue, tenho um post sobre um naufrágio ocorrido há 100 anos, com um navio indo de Itália para o Brasil, o Sírius. VER AQUI



sexta-feira, janeiro 13, 2012

Medicina Rústica

Ando a ler, com grande prazer, um livro muito interessante. Medicina Rústica. O autor, brasileiro, Alceu Maynard Araújo publicou-o em 1961, tendo-se tornado uma obra de referência essencial da medicina popular brasileira.
Muito bem escrito, revela todo um universo folclórico interessante, variado e rico, embora se restrinja a uma pequena região, com um nome estrambólico, pelo menos para nós: Piaçabuçu. Esta terra, com cerca de 2000 habitantes, era sede do município, mas toda a região foi observada.
Não demonstra ainda muito respeito por estas tradições, antes simpatia e grande curiosidade, na intenção de contribuir para que a medicina "verdadeira" possa vir a utilizar alguma erva ou outro produto, por se comprovar que faz bem.
Indica que esta Medicina Rústica tem influências africanas e por isso também da medicina árabe, influências portuguesas e indígenas. Mas é sobretudo composta por rituais mágicos e por amuletos que se usam, ou como profilaxia, ou como cura. Não se chamam amuletos, mas sim bentinhos, mochilinhas, etc... por exemplo, saquinhos com orações impressas, dentes de jacarés, presas de aranha, etc... destacando-se objectos relacionados com o Padre Cícero (Meu Padrim Cirço), desde farrapos de batina até rosários ou água benzidos num local relacionado com ele.
Algumas das rezas e benzeduras só podem ser feitas por algumas pessoas, que só as podem ensinar aos discípulos em determinados dias do ano, como Sexta-Feira Santa, Natal e, curiosamente, 25 de Março. Esta data misteriosa talvez esteja relacionada com o padre Cirço.
Há também termos e expressões muito giros, como estes: "Outras vezes é a "benzinheira" a pessoa que tem força para mandar o quebranto para as "areias gordas do mar sagrado". O curador de cobras torna a pessoa imune ao veneno da cobra, ou cura-a de uma picada de serpente.

quinta-feira, janeiro 12, 2012

O fundo do fundo do fundo do poço

Com a criatura denominada José Pinto e auto-denominada José Sócrates, chegámos a acreditar que tínhamos batido no fundo do poço. Esta metáfora significaq ue, após bater no fundo, voltaremos à superfície e à luz, qual Jonas saído do ventre da baleia, a qual deixa de ser terrível animal inimigo, para se transformar no mais fiel aliado, ou mesmo na companhia de transportes marítimos de cruzeiro, qual luxuosa Costa Cruzeiros.

Acabamos de constatar que o fundo do poço ainda não está próximo, embora continuemos a descer vertiginosamente, com este Passos Coelho e amigalhaços, incluindo a Ferreira Leite, uma das criaturas que afundou o ensino, tendo mesmo protagonizado um dos piores momentos da que passou a chamar-se geração rasca. Foi quando alguns estudantes tiraram a roupa interior e exibiram as partes pudendas à Sra. D. Manuela Ferreira Leite, ministra, com algumas palavras escritas nessas mesmas partes pudendas, que alguma cabeça bem pensante exclamou nos jornais: 


- Isto é uma geração rasca.

Esses mesmos ex-estudantes da geração rasca, que devem estar desempregados, na sua maioria, hão-de lamentar não terem repetido o gesto na semana passada, ou que os "maiores" (palavra espanhola para dizer velhos) não tenham feito a mesma coisa, imitando os jovens rasca que talvez tenham criticado.
Pois a Sra. Manuela, filha ou neta de famosos políticos da primeira República, acaba de declarar que, a partir dos 70 anos, os doentes deveriam pagar a hemodiálise. Sabendo nós que se morre, se não se fizer hemodiálise, resta a situação: que morram os pobres.

Mas os pobres somos todos nós, quando os ricos são os políticos e os financeiros e os políticos financeiros como o Catroga. Os ricos não são os que têm muito dinheiro, os ricos são aqueles que ficaram com o dinheiro que falta no país, são os que ficaram com os impostos de milhares de pessoas... são escandalosamente ricos, quais Reis Salomões num país que aboliu as monarquias há séculos.

E eu até entendo. Uma minha jovem amiga, ainda hoje jovem, que se curou dum cancro grave há vários anos, informou-me que gastou, em tratamentos, os impostos que pagará toda a vida, mais os impostos que eu e outras pessoas pagaremos toda a vida. Fiquei assustada. 

A pergunta seguinte é: e as pessoas de 70 anos, 80, 90, algumas já em vida quase vegetativa, também têm direito a esses tratamentos gratuitos? Ainda hoje não sei a resposta a esta pergunta... mas... esperemos que os médicos saibam decidir esta e muitas outras questões... 
Saber, não sabem... basta ver os atestados falsos que têm andado a passar a todo o mundo, por aí. Que uma política levantasse a questão, vá que não vá, que tenha equacionado a questão nestes termos...
Perguntem-me como deve esta questão ser tratada... não faço a menor ideia. Mas não me compete a mim fazer estas ideias e sim a políticos assessorados a peso de oiro por especialistas em todas a s matérias, com diplomas comprados a presuntos e passados aos domingos.


Há um vídeo muito engraçado sobre as gaffes da dita criatura. É de morrer a rir. Ou de viver a rir. Aí vai.






sábado, janeiro 07, 2012

Carne de vitela assada com castanhas e cogumelos: "Outono Doirado"

Da primeira vez que fiz uma assado, a minha irmã perguntou-me:
- O quê? já te meteste em assados?


De facto, numa das primeiras vezes que cozinhei, há milénios, toda a gente olhou para a comida de modo desconfiado, a perguntar-se o que seria aquela coisa. O meu pai, bom viajante,  serviu-se, comeu à vontade e disse:
- Sabe-se que é de comer, come-se!


Mais tarde, na mesma época, fiz um novo cozinhado: até já dava para entender que era para comer, ainda que eu não tivesse dado essa informação, mas a quantidade era tão reduzida que o meu pai, viajante como era, declarou:
- Come-se pão!


A razão destas minhas aventuras culinárias algo hieroglíficas era ter morrido recentemente a minha mãe, cozinheira "de mão cheia", mas que nunca me ensinou a cozinhar. (Também não teve muito tempo para o fazer, morreu nova).
- As mulheres são umas escravas da cozinha. Eu não te quero assim. Estuda. Se não souberes cozinhar, hás-de descobrir uma maneira de comer sem cozinhar. Não te cases. Não tenhas filhos! Vive a tua vida:  estuda e viaja.


E assim fiz. Com uns pais tão breves e tão simpáticos, ficou quase arruinada a minha já pouca vocação culinária e doméstica.


Resumindo rapidamente, pouco cozinhei desde essas primeiras experiências hieroglíficas, eu diria mesmo, criativas.


Agora ando a inventar cozinhados. O resultado foi ter passado de pessoa magra e esquelética para abonada criatura, abundante de carnes, amante do garfo, sem serem já visíveis os ossos, apesar do desporto.


E aí vai a minha mais recente criação "Outono Dourado", para parafrasear um poema de Fernando Pessoa. Os que vinham à procura da receita, já desistiram há várias linhas azuis de lerem isto, mas, aí vai. Aí vai... 




Carne de vitela assada com castanhas e cogumelos: "Outono Doirado"


Compra-se, no Pingo Doce (Ai, não, em qualquer outro lugar, excepto no Pingo Doce) um naco de lombo de vitela (que não encolhe ao ser assada, a acreditar no que disse o rapaz de luvas de malha de ferro que ma vendeu e que me fez recordar os cavaleiros medievais, mas que apenas usa a malha de ferro por ser obrigatória pela ASAE, que nesse tempo, ainda não existia. 
No Pingo Doce, de Janeiro a  Janeiro, não, foi em Janeiro, mas nunca mais lá vou, por razões políticas que todos os portugueses conhecem, abaixo o Pingo Doce!!!!).


Numa assadeira de cristal, aliás, de Pirex, por enquanto, ou assim, coloca-se para aí um copo de vinho branco, umas colheres, duas ou três, de óleo vegetal, para não ter muita gordura, sal e quatro dentes de alho en camicia (com pele). Coloca-se em cima a carne e rega-se esta com um pouco de vinagre balsâmico, polvilhando-se depois com pimenta preta (do reino) moída. Este preparado fica de um dia para o outro, creio que se chama a marinar, e talvez mesmo se chame em vinha de alhos. Mas não me perguntem esses detalhes.


No dia seguinte, coloca-se no forno, com castanhas, deitando um nadinha de sal sobre as castanhas. Nunca consegui que as batatas ficassem assadas, ficam sempre meias cruas, mas, se vocês conseguirem, isto pode ser feito com batatas. 
Ao fim de 25 minutos, abre-se o forno, tira-se a assadeira, volta-se a carne ao contrário, viram-se ligeiramente também as castanhas, ou as batatas (talvez batatas às rodelas estreitas resolvam o problema), e colocam-se cogumelos por cima. Não se mergulham no molho, apenas se pousam por cima. Fica no forno mais uns 20 minutos, no total, entre 45 minutos e 55 minutos.


Perguntem-me qual é a melhor parte deste assado.
- Ó Nadinha, qual é a melhor parte deste assado? 
- São os cogumelos.



P.S.: Se vocês tiverem feito, como recomenda a minha médica naturista, um jejum de 24 horas, ou seja, ficarem sem comer desde hora do almoço de um dia até ao almoço do dia seguinte, isto sabe tão bem como se fosse a comida dos anjos e, além disso, não engorda.
Nadinha



quinta-feira, janeiro 05, 2012

La Befana



Os italianos têm uma personagem parecida com o Pai Natal, mas com muito mais ligação ao Verdadeiro Natal... é La Befana.

Era uma velhinha muito velha, muito feia e muito rota, que andava a limpar e a varrer a casa. Os Reis Magos, passando pela sua terra e por ela, perguntaram-lhe o caminho apara Belém, mas ela não sabia. Então, contaram-lhe que iam ver o Menino Jesus e perguntaram-lhe se queria ir com eles.
La Befana disse que não, mas depois ficou a pensar, a pensar, decidiu ir e montou na vassoura, levando um saco de doces para o Menino Jesus.
Como não conseguiu encontrá-lo, resolveu dar um doce para cada criança, metendo-o dentro das meias (naquele tempo ainda não havia o conceito de bactérias dentro das meias e assim...)

E na noite de 5 para 6 de Janeiro, noite de Reis, lá anda ela...


(N.B.: Bruta, em italiano quer dizer feia)

terça-feira, janeiro 03, 2012

Presépio da Estrela e Basílica da Estrela III









E Agora, o Presépio



Alguns leitores do blogue pediram-me que fosse à Basílica da Estrela, em Lisboa, ver para eles (ou seja, fotografar e colocar aqui, para eles) o presépio.

Primeiro, a própria basílica da Estrela, vista do Jardim da Estrela.
Depois, o interior. Por detrás do túmulo da Rainha Dona Maria I, há uma porta escondida, que dá acesso ao presépio, mas só às vezes. Só na época natalícia.
Clicar em baixo, no link (ou tag) Presépio da Estrela


(Para ver mais presépios, clicar, ao fundo desta mensagem, na palavra Presépios. Aparecem todos seguidos, mas só depois deste)

Presépio da Estrela e Basílica da Estrela II




(Túmulo da Rainha Dona Maria I, fundadora da Basílica da Estrela)


Alguns leitores do blogue pediram-me que fosse à Basílica da Estrela, em Lisboa, ver para eles (ou seja, fotografar e colocar aqui, para eles) o presépio.

Primeiro, a própria basílica da Estrela, vista do Jardim da Estrela.
Depois, o interior. Por detrás do túmulo da Rainha Dona Maria I, há uma porta escondida, que dá acesso ao presépio, mas só às vezes. Só na época natalícia.
Clicar em baixo, no link (ou tag) Presépio da Estrela

Presépio da Estrela e Basílica da Estrela I








Alguns leitores do blogue pediram-me que fosse à Basílica da Estrela, em Lisboa, ver para eles (ou seja, fotografar e colocar aqui, para eles) o presépio. Não esquecer que muitos vivem no Brasil e noutros países, nunca vieram a Portugal. Fui, mas as fotos ficaram tão tremidas, que voltei lá e ainda não estão muito bem, mas...

Primeiro, a própria basílica da Estrela, vista do Jardim da Estrela.

Depois, o interior. Por detrás do túmulo da Rainha Dona Maria I, há uma porta escondida, que dá acesso ao presépio, mas só às vezes. Só na época natalícia.
Clicar em baixo, no link (ou tag) Presépio da Estrela

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Começar o ano a mudar

Olá! Ontem não consegui colocar no Facebook o post que se refere ao aniversário do Terra Imunda. Por alguma falha técnica, continuo a não conseguir, quem quiser que vá ver.

A melhor maneira de começar o ano é começar a mudar, sobretudo a mudar o nosso pensamento, que é o que determina tudo o resto. O modo como penso fará este ano muito bom ou muito mau... para mim.


Apresento duas hipóteses novas de encarar a situação de crise que vivemos: o ponto de vista de uma figura da União Europeia, não consensual, um alemão afirmando que:

"Os portugueses é que estão a pagar aos alemães", "A Alemanha pede emprestado de graça e depois empresta-vos, com um bom lucro, não é?"


A outra hipótese é o movimento Zeitgeist, a palavra é alemã retirada de Hegel, significa "o espírito do tempo". Propõe que se viva de acordo com a natureza e com o humano, não de acordo com os mercados, o lucro, os bancos, esse sistema que agora nos levou à beira do colapso. Manter o mesmo sistema e esperar resultados diferentes? Ingenuidade? Mas esta palavra, ingenuidade, parece pouco adequada para o que se passa na sociedade internacional e no mundo, atualmente.


Então, se tiverem paciência, leiam e vejam, clicando nos links. E também aqui, neste vídeo do Zeitgeist, intitulado: "A vida é uma escolha entre o medo e o amor. E no seguinte, de Krishnamurti. Se não tiverem preconceitos contra todos os indianos, nem lhes chamarem "Monhés" e outras doçuras.






domingo, janeiro 01, 2012

Aniversário do Terra Imunda




O Terra Imunda faz hoje seis anos. Ou seis aninhos, como queiram.
A maior parte dos blogues que se criam não dura três meses, este veio para lavar e durar.
Tem "fregueses" assíduos, fregueses não muito assíduos mas regulares, outros esporádicos... trata vários temas.
O tema principal é o que está errado na terra, daí o título, que descobri depois ser uma expressão muito frequente na Bíblia (ver net)... para o que me encanta, criei o Escrevedoiros, mas acabo por colocar aqui quase tudo.

Ambos seguem a minha disposição, mais alegre e jocosa, mais sensata e contemplativa... não, não pensem que é da idade. Sou naturalmente alegre e bem disposta e isto não muda com o tempo. Tenho uma veia humorística e isto também não muda com o tempo. Não sou nada académica, embora tenha uma longa formação académica (creio que 9 anos). Tudo depende de vários factores, mas o político tem predominado nos últimos tempos. 

O factor político tem-se tornado obsessivo na vida das pessoas: começa no acender de uma lâmpada, ou duas, ou três... Ah! A EDP foi comprada pelos chineses... continua nas deslocações, ah, hoje há greve de transportes, na alimentação, ah, o petróleo subiu, por isso está tudo mais caro... ah o arroz... o arroz subiu por causa de várias causas e também por causa dos bio-combustíveis... ah, a minha reforma vai ser cinco anos mais tarde e muito menor do que a dos meus colegas, ah, o subsídio de desemprego... 

Acho difícil alguém manter-se alheado da política, até porque cada vez somos mais vezes chamados a agir, a intervir, mas  a sociedade portuguesa parece paralisada num  medo herdado das ditaduras. Têm medo? Que chato! Então vamos deixar que nos comam as papas na cabeça... e cada vez vamos ter mais medo, cada vez vai haver mais papas a serem comidas nas nossas cabeças.

Enfim, Não sejamos pessimistas. Vem aí o ano do Dragão (começa a 23 de Janeiro). Mas, para nós, todos os anos têm sido o ano do Dragom, que vence sempre os campeonatos (refiro-me ao Futebol Clube do Porto, o Dragom) , portanto, tudo ótimo (sem P, por causa do acordo, mais um caso político. Ah! agora escreve-se de outra maneira!)

É preciso que nos adaptemos às mudanças, mas não a todas. Há muitas que não devemos aceitar.
E já agora: alguns dos meus amigos têm ouvido falar deste blogue Terra Imunda na rádio, na RDP Antena 1. Em dias e horas diferentes, um programa em que falam de blogues. Nunca ouvi.
Se alguém ouvir, agradeço que escreva isso aqui. 

Beijinhos a todos os que, estando presentes de forma visível, me ajudaram a construir e a manter este blogue durante seis anos.


CLICAR PARA VER O PRIMEIRO POST DESTE BLOGUE


P.S.: Por engano, num post anterior, eu disse que o blogue ia fazer 7 anos. Alguém mo fez notar, de forma subliminar. Já alterei.

sábado, dezembro 31, 2011

FELIZ 2012





As correntes fluem, invisivelmente. Constantemente.
As correntes marítimas são muito poderosas, mas não se vêem à superfície, a não ser por pequenas sombras.
A água vai correndo tranquilamente, dos regatos para os riachos, dos riachos para os rios, dos rios para os oceanos.

Em 2011 as correntes submarinas foram ondas de transformação. 

Houve acontecimentos muito importantes: a Primavera árabe, a libertação da líder birmanesa e Nobel da Paz Aung Suu Kyi, a eleição da presidenta Dilma Roussef, a eleição de uma primeira ministra na Jamaica, país de que nem se fala, mas que existe, a queda de ditadores e de políticos burlões, Sócrates, Berlusconny, a procura da autenticidade.

Talvez fosse necessária uma crise para nos apercebermos dos erros que temos cometido: o consumismo, a hipocrisia política, o corrermos atrás de oiros falsos...
Mas o tempo é de evolução. De progresso espiritual para a humanidade. De retrocesso ou paragem em aspectos que sempre falharam...
Um tempo de "indícios de oiro".

FELIZ 2012


É o que desejo e prenuncio aos seguidores e leitores do blogue (amigos do blogue) e aos amigos do Facebook.
Beijinhos.
Graciete Nobre











sexta-feira, dezembro 30, 2011

O Tempo humano: a expandir-se...

Numa mensagem de fim de ano, nada me parece mais adequado do que reflectir sobre o tempo humano. E sobre os homens, bons e maus, úteis à humanidade ou perniciosos, como parecem ser os que dominam o mundo actualmente.
Mas os momentos de transição, ou de transformação, são necessários. Em vez de dizer o que penso, vou dar a palavra a uma pessoa que fala do tempo e do cérebro.
Rita Levi Montalcini, 102 anos, Prémio Nobel da Medicina e que não quer reformar-se, pois trabalhava ainda quando deu uma das últimas entrevistas e afirmava nunca tencionar reformar-se. Escreveu o livro a Clépsidra da Vida. Existe a continuação desta entrevista no Youtube.
A frase que sobressai aqui é esta: "Só penso no futuro:"

Lamento não encontrar tradução em legendas, mas este tempo é também o do cosmopolitismo e da  polyglossia.



O Tempo humano: a expandir-se... mas a expansão pode trazer felicidade ou depressão... Precisamos, só, de aprender a viver. 

Reformas necessárias... mas porquê todas ao mesmo tempo?

Sim, basta pensar um pouco: conheço pessoas que nunca na vida trabalharam, mas que receberam sempre, até à reforma, porque eram funcionários públicos: atestados médicos, psiquiátricos, etc... semi-verdadeiros e sobretudo falsos, dando nomes diferentes e gregos à preguiça.

Sim: conheci um rapaz no Porto que pagava 50 Euros por um pequeno apartamento e tinha uma grande vivenda, numa zona nobre do Porto, alugada por 5 Euros. Neste momento, se não tiverem mudado de casa, ele talvez pague 100 euros pelo apartamento e talvez receba 10 ou 15 da renda da grande vivenda.

Sim: tudo isto é disparatado e inconcebível. Mas mudar tudo ao mesmo tempo?
Foi preciso vir cá a Troika para mudar tudo isto, mas o FMI já cá tinha estado antes... não viu? Não disse?

Agora, diminuir os vencimentos, aumentar exponencialmente as rendas, os tratamentos médicos, os impostos... tudo ao mesmo tempo...

Esta gente que nos governa será normal? Será honesta, será decente, será inteligente, será perspicaz, será culta? Por que razão os deixamos governar?

Ver este vídeo




O anterior primeiro ministro não conseguiu fazer uma licenciatura, o actual conseguiu mas... aos 37 anos! E nós, que damos tanta importância aos senhores doutores... não nos importa como conseguiram o diplomazito? Quanto tempo levaram a adquiri-lo? 

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Quantos amigos tens? 1289. E amigos íntimos? Só 47

Há muitos anos atrás, talvez dez, uns sete anos antes de existir o Facebook, ano 7 A.F., mas alguns anos após a existência de Internet, para aí ano 5 D.I., uma mulher, não digo amiga, pelas razões que vocês verão...
Enfim, essa pessoa, que atravessava uma crise existencial, perguntou-me:

- Quantos amigos tens?

Após a primeira fase de hesitação e perplexidade pela pergunta, eu, Nadinha, que sou Carneiro de signo e de ascendente, o que me leva a considerar amigas de infância as pessoas que conheci anteontem, respondi sem reflectir muito:

- Talvez aí uns 40 ou 50...
- O quê? Que dizes? Ninguém tem 40 nem 50 amigos! Que absurdo. E entre 40 e 50 vão dez!!! Mais dez menos dez é igual?
- Bem, então, se calhar não tenho nenhum, porque não estou a ver...

A minha dúvida fazia sentido. Tendo mudado várias vezes de terra, ainda que dentro de Portugal, tinha perdido o contacto com muitos amigos, (lembrem-se que o tempo era A.F.), e arranjar novos era, por assim dizer, impossível, nesta Lisboa provinciana. Que só ficou menos provinciana D.F..
Dado o imobilismo da sociedade portuguesa, em que os emigrantes não contam porque desapareceram, em que as pessoas moram na mesma casa, a casa onde já nasceram e morreram os próprios pais, com a mesma direcção toda a vida, quando, em Lisboa, eu dizia a uma pessoa que a considerava amiga, ela respondia invariavelmente:

- Amigos são pessoas que nos deram provas, nos últimos 10 anos... provas de amizade... os outros, são conhecidos.
- Ah!
- Então, não tenho nenhum amigo. Os amigos que nos deram provas, nos últimos 10 anos, também deixam de ser amigos se, num problema urgente, não nos acudirem... e eu, que andei por aí, não acudi a ninguém, nem fui acudida... 

Agora, com o Facebook, tudo mudou e tornou-se normal este tipo de resposta:
- Quantos amigos tens? 
- 1289. Claro!
- E amigos íntimos? 
- Só 47.
O último número é determinado pelo próprio Facebook. Quando partilhamos uma mensagem de Natal ou Ano Novo, com imagem, identificando vários amigos na "foto", não podemos identificar mais de quarenta e tal: os amigos íntimos.

Claro que o Facebook traz para aqui o conceito americano, de pessoas que mudam constantemente de terra e que estão constantemente a estabelecer novas ligações...

Sinal dos Tempos? Sei lá! Este tema sempre me irritou...

Nadinha


terça-feira, dezembro 27, 2011

Justiça deve dez milhões por não ter desocupado cadeia de Lisboa

Justiça deve dez milhões por não ter desocupado cadeia de Lisboa.

Chato!

Vendemos a cadeia ao coelhone da Parpública, grande figura política, que também comprou as escolas públicas, mas agora não podemos pagar as rendas: solução: desalojar os prisioneiros, claro.

O caso das escolas é mais grave: primeiro, porque são mais, segundo, porque não é moderno desalojar os estudantes.

Negócios do Sócrates, que continua em liberdade total, maior do que a de qualquer outra pessoa, embora, muito prudentemente, afastado do país e da Asae, única entidade que funciona. Até funciona demais, contrariamente às outras instituições da, assim chamada, Justiça!

"Os amigos são para as ocasiões", "a ocasião faz o ladrão".

domingo, dezembro 25, 2011

Natal




"Barragem do Seixo". Também faz lembrar um postal de Natal.

Natal
















Posted by Picasa

Esta terra chama-se Seixo, como se vê lendo a placa de lousa, onde algum engraçado apagou uma letra.
E faz lembrar um presépio, ainda muito intocada que está.

sábado, dezembro 24, 2011




Queridos amigos, reais, virtuais, seguidores dos blogues, leitores dos blogues e outros a inventar:

Desejo-vos, para a noite e o dia de Natal, que sintam dentro de vocês sentimentos e sensações como: amor, afecto, amizade, alegria, prazer de viver... tudo coisas que não são afectadas pela crise e até pelo contrário, a não ser que a crise esteja dentro de nós. Que a crise nos una, em vez de nos separar. 

Para o novo ano 2012: o ano novo é sempre um mistério, mas não tanto como este: desde as profecias escatológicas às que preconizam um mundo melhor, passando pelas previsões económicas, tudo é previsto, tudo é incerto. Mas todos eles se enganam às vezes. Muitas vezes. Desejo a todos nós, que tenhamos coragem. Coragem para enfrentar o que der e vier:
 o apocalipse, a ruína, a felicidade ou a fortuna.

Feliz  Natal
Feliz e Variado Ano de 2012

(imagem da Internet)

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Ver Passar os Comboios

Os maquinistas da CP desejam feliz natal a quem vai ficar a ver passar os comboios. Não confundir com ficar a ver navios.
Como eu. Adoro ver navios, mas não gosto de "ver passar os comboios" e ficar em terra.
É claro que não me parece bem não lutar. Mas os sindicatos estão a viver a agonia dos moribundos: não, não é esta a solução.
Não é mesmo! Uma hipótese é a CP perder clientes, outra hipótese, muito pior, é as pessoas não viajarem.

Afinal, tudo se resolve em 2012

Parece que vem aí um cometa maravilhoso - enorme, grande, feio e assustador, que vai embater na terra e matar muita gente em 2012.
Sendo assim, não vale a pena estarmos a preocupar-nos com o Passos Coelho, nem com a Troika, nem com nada.
Com efeito, (estas expressões ficam bem - sendo assim, com efeito), os funcionários públicos vão ficar reduzidos para metade, os reformados para muito menos de metade, (incluindo os da PT), não vai ser necessário emigrar, etc...
Ainda não pensei bem nas outras consequências muito positivas para Portugal, aceito sugestões.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Christmass Again

Olá ledores, leitores, seguidores, etc... deste blogue.
Como presente de Natal, aí vão muitos screensavers. Para quase todos os gostos. Os que têm um tom nocturno são os melhores, porque poupam energia. Beijinhos.

 
 Digam assim: obrigada, Nadinha

terça-feira, dezembro 20, 2011

M' ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M' AVERGONHO ...

"M 'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO" ... (Sá de Miranda) 


Vem esta frase de Sá de Miranda a propósito da notícia hoje divulgada nos jornais:


Submarinos: gestores alemães condenados por suborno

Na Alemanha são condenados por terem pago suborno a portugueses, em Portugal, tudo bem. Quando sabemos que a crise é originada, sobretudo, pela corrupção...


E é então assim: "espanto-me às vezes , outras envergonho-me" - Sá de Miranda, poeta português do Sec. XVI
Talvez porque no século XVI já era assim, em Portugal: país digno de espanto às vezes, pelo muito que fez, digno de vergonha outras muitas vezes, por estas e por outras.


Não menos dignos de vergonha são estes casos, relatados no blogue amigo
Triplo V
Enfim: Terra Imunda!

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Querido líder: que Terra Imunda!







"Kim Jong-il, líder norte-coreano, morreu durante uma viagem de combóio por fadiga física".

As primeiras frases que os norte-coreanos aprendiam a dizer em crianças, era : 

-"Obrigado, querido líder".
Quando visitava um templo budista, considerava-se que tinha ido lá para ensinar budismo aos monges, os quais lhe agradeciam (eram obrigados a agradecer). Acontecia o mesmo quando ia a qualquer lugar - nos hospitais ensinava medicina aos médicos, que lhe agradeciam, etc.

Que horror! Nem na ficção se inventou um ditador mais nojento do que este.
Vemos aqui norte-coreanos a chorarem histericamente a morte do querido líder. Porque são obrigados a fazê-lo, ao frio e à neve.

Terra Imunda!

Precisamos de políticos com ideias, ideais e coragem, capazes de transformar a realidade ou de morrer a tentar

Seguramente, não precisamos nada de profetas da desgraça.
Vem isto a propósito das mais recentes declarações catastrofistas do actual primeiro ministro, Passos Coelho. 
Transformado num profeta da desgraça, tem-nos atazanado os ouvidos com previsões medonhas, muito realistas, de facto. 
Mas, se quiséssemos ouvir esse tipo de afirmações, poderíamos ir à bruxa, a qual corre o risco de ficar sem clientes devido à crise... pelo que deve andar com visões negras do futuro ... próprio e alheio.

Jorge Sampaio diz que não há alternativa ao capitalismo, passos Coelho manda-nos emigrar.
É para isto que servem os políticos?

domingo, dezembro 18, 2011

Portugal não precisa dos Portugueses? Só de ucranianos, africanos e chineses?

O primeiro Ministro aconselha os professores portugueses a emigrarem. É caso para os professores portugueses perguntarem, como numa antiga telenovela brasileira:
- Qui mais irá mi acontêcerrrrr?
Um outro ministro aconselhou já os jovens a emigrarem.
Ficamos cá com os reformados, os ucranianos e os africanos, estes últimos a ganharem metade e a não pagarem impostos nem segurança social. Para não falar nos indianos e nos chineses.
E a terem carradas de filhos, para aumentarem a população.
Este primeiro ministro parece ser mais um imenso equívoco. Como o anterior.



O cosmopolitismo até me parece bem, mas correr com os portugueses para fora de Portugal é que não cabe na cabeça de ninguém. Muito menos quando se anuncia a extinção de muitos lugares para o ensino da língua portuguesa no estrangeiro.
E pior ainda quando vemos esta outra notícia, no Expresso


Ou esta, ainda pior

Saem 9 milhões por dia para os Paraísos Fiscais


Já agora, vejam este artigo, ainda que posterior, em que a União Europeia desaconselha a emigração dos jovens qualificados.



sábado, dezembro 17, 2011

O Elevador de Santa Justa





A Susana Mendes Silva é uma artista plástica portuguesa, jovem, com obra exposta internacionalmente.
Resultante de um seu projeto artístico, mantém um blogue sobre o elevador de Santa Justa, no qual partilha impressões, sensações, emoções e recordações dos que passaram por ali, seja pelo hábito e pela necessidade, seja pelas circunstâncias das deambulações, turísticas e outras.


Santa Justa

Descobri este blogue recentemente e escrevi, de propósito, o texto que partilho agora, no Terra Imunda e no Santa Justa.

Vertigem
Sem pensar duas vezes, naquela bela tarde de verão, conduzi a minha irmã, de visita a Lisboa, pela estreita passagem que levava directamente ao cimo de elevador de Santa Justa. Pretendia surpreendê-la com mais uma das abruptas mudanças de perspectiva que a paisagem da cidade constantemente nos oferece.
Encontrámo-nos as duas, quase de repente, sobre o rendilhado de ferro que permitia ver à transparência o abismo que nos separava da rua do Ouro. Será do Ouro? A mim parecia-me ser... ou outra rua qualquer, lá muito ao fundo.
Subitamente, a minha irmã agarrou-se a mim num abraço constringente, a gemer e a contorcer-se. Perguntei-lhe o que tinha, mas ela não conseguia articular bem as palavras, enquanto, segurando-se com os braços pesadamente nos meus ombros, quase me arrastava para o chão.
- Que tens tu? Que se passa?
-Vertigens - acabei por ouvir a palavra balbuciada, tantas vezes dita por ela e tão temida.
Foi então que entendi os incompreensíveis e inúmeros relatos que ouvira desde criança, sempre que ela fazia alguma viagem. Chegada, na sua narração, ao cimo do miradouro, em vez de se entregar à descrição da esperada bela e exuberante paisagem, explodia em exclamações como estas:
- Foi horrível! Aquilo é medonho! Pensei que morria!
A minha irmã, mais velha sete anos do que eu, sempre me parecera uma mulher muito forte, até àquele momento das nossas vida e apesar dos inesperados relatos do medo que sentiu perante as mais belas paisagens que lhe foi dado vislumbrar. Quando eu era mais nova cheguei mesmo a perguntar-lhe por que razão havia sempre tanta gente fazendo filas para visitar sítios tão desagradáveis e assustadores, tremendos... Também nunca compreendi qual era a resposta a esta pergunta.
Arrastei-a com dificuldade até ao passadiço, pois as suas pernas pareciam feitas de cera mole, sem que os pés encontrassem a firmeza e a segurança dum chão onde pudessem fincar-se. Colocava-os de lado no pavimento, num completo descontrole motor. Pálida como a mesma cera e com os olhos, ora cerrados para não verem a distância, ora voltados na minha direcção, esgazeados e quase em branco.
Chegámos finalmente a um chão de terra, tosco, tendo ao lado do caminho uma grande pedra onde consegui sentá-la. Habituada à situação, no espaço de poucos minutos recuperou a compostura e a boa disposição, levantou-se muito bem e assim prosseguimos a nossa deambulação turística, pela cidade que escolhi para viver e que muito amo.
Quando vi o seu desafio de oferecermos as nossas recordações, ocorreu-me que o elevador nunca tinha tido para mim nenhum significado especial. Foi então que me lembrei disto. E de todo um passado a ouvir, à mesa enquanto jantávamos, nos dias comuns, incompreensíveis narrações de acontecimentos como este, escutadas por toda a família com muita atenção, num silêncio perplexo.




sexta-feira, dezembro 16, 2011

Prémios para os moribundos

Quem diz moribundos, diz monstros sagrados, claro. Como é o caso do recentemente atribuído a Eduardo Lourenço. Conheci em tempos uma jornalista e crítica literária de um conhecido e bom jornal que, após ter bebido alguns copos de whysky, confessou, ou talvez mesmo gabou-se (nem sempre é fácil distingir uma confissão de uma gabarolice, como demonstro claramente na minha peça de teatro a Ilha das Cruzes).
Volto ao princípio: a senhora acabou por me dizer que trabalhava na necrologia: a sua função era escrever elogios a mortos.
É chato. Sendo a matéria inconfessável, a senhora disse-me isto, por pensar que eu nunca  iria repetir as suas palavras Urbi et Orbi. Ainda nem existia Facebook e outras coisas do género...

- Você está moribundo? Que sorte! Candidate-se a melhor escritor, melhor filósofo, melhor... isto e aquilo...



Eduardo Lourenço é o Prémio Pessoa 2011

Pensando melhor, dá para entender que os melhores prémios sejam atribuídos aos moribundos: basta ver este caso, também tratado nos jornais de hoje

Jorge Sampaio reconhece que "não há alternativa ao capitalismo"

Para alguém tão bem conceituado como socialista de primeira água, é no mínimo chata esta declaração. Pois, quando as coisas correm mal, nada mais simples do que mudar de ideologia... prático, sem dor...
Estamos já tão habituados a estas pasmaceiras, que se tornou vulgar esta frase bombástica e inteligente:
"- Eu a mim, já nem me espanta, se vir um porco a voar."
Pois eu, a mim espanta-me. Muito! Tudo isto!

E já agora, poderíamos também instituir o prémio: O Melhor Moribundo de 2011. Concorra!

Nadinha

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Lisbon by Night: Natal 2011





Nesta época natalícia de 2011, Lisboa prima pela discrição, no que às luzes diz respeito.
Mas não pela falta de bom gosto. O desenho de luzes deve ter sido feito por alguém muito bom. E deve ter custado muito caro.


Como vêem, a iluminação valoriza o claro-escuro, os brancos, os dourados e as sombras.
E aqui, no Terreiro do paço, salienta a iluminação natural dos navios no rio e as luzes da outra margem.
Parabéns, Câmara de Lisboa: demonstrou que é possível fazer algo de belo com muito menos dinheiro e muito menos espalhafato. Afinal, quando queremos criticar um enfeite excessivo e disparatado, dizemos:
- Parece uma árvore de Natal.


Nesta noite de Dezembro de 2011, Lisboa não parece uma árvore de Natal. Parece o que é: uma cidade civilizada, a despeito dos políticos, que têm corrompido esta terra e têm posto este país a saque. 



quarta-feira, dezembro 14, 2011

Natal em Lisboa




Um sono tranquilo...
Foi uma das coisas que mais me impressionou, negativamente, quando vim viver para Lisboa. Tantas pessoas a dormir na rua como nunca tinha visto em lado nenhum.
Agora entendo que uma cidade como Lisboa atrai tudo. Muitos ricos, muitos pobres, a riqueza e a miséria... 
Até mesmo aves exóticas.

Não é bom e é mau, mas neste aspeto, como em outros, Lisboa distingue-se pela positiva, enfim, por contraste com outras cidades, por exemplo, Paris. Não acreditam? Vejam!


Paris bane pedintes de zonas comerciais e locais turísticos

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Apagada e vil tristeza



Vários cidadãos pedem uma auditoria à dívida pública, o que vai dar origem a um encontro em Lisboa, no dia 17

VER AQUI

De facto, a Islândia está a levantar-se após a bancarrota, porque, entre outras coisas, responsabilizou e meteu na cadeia os responsáveis pela sua crise.

VER AQUI

E em Portugal, o que temos? As mais variadas suspeitas, contra tudo e contra todos, como acontece sempre que não há justiça, ou seja, nunca... sempre... enfim...

Nos últimos dias, a nossa inteligência tem sido insultada por declarações como esta: Sócrates terá dito que"Tivemos a coragem de aumentar os défices e a dívida"

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/socrates-em-2010-tivemos-a-coragem-de-aumentar-os-defices-e-a-divida=f693361#ixzz1gKiq2Mkv

ou «Sócrates gastou 13,5 milhões em carros», já em 2010 *

Perante esta miséria, os portugueses viram-se obrigados a votar num político sem expectativas, mas quer era a única alternativa ao regime.

Pedro Passos Coelho não tem uma única ideia positiva para o país: parece não conhecer palavras, para usar nos discursos, como: "ideal" "esperança" "bom", "belo", "positivo", sonho, luta,  etc....

Após ter subido as taxas moderadoras numa percentagem que pareceria impossível há poucos meses, o primeiro ministro, longe de apontar para um futuro promissor, declara o seguinte:

Passos Coelho diz que taxas moderadoras ainda podem crescer mais

* E assim se foram os subsídios de natal, de férias, os feriados...

Temos o hábito de pensar que as pessoas ignorantes "burras" são todas boas. Mas, mesmo que sejam, o mal que fazem é, frequentemente, irreparável.

A estupidez é o pior defeito que alguém pode ter e isto não tem nada a ver com inteligência ou com a falta dela!

* Para quando meter este tipo na cadeia? Estão lá muitos, por terem feito muito menos. Mesmo sem estarem inocentes! Quanto mais não seja, poderá ser condenado p
or negligência.


Como aquelas amas-secas que deixam cair os bebés.