sábado, dezembro 17, 2011

O Elevador de Santa Justa





A Susana Mendes Silva é uma artista plástica portuguesa, jovem, com obra exposta internacionalmente.
Resultante de um seu projeto artístico, mantém um blogue sobre o elevador de Santa Justa, no qual partilha impressões, sensações, emoções e recordações dos que passaram por ali, seja pelo hábito e pela necessidade, seja pelas circunstâncias das deambulações, turísticas e outras.


Santa Justa

Descobri este blogue recentemente e escrevi, de propósito, o texto que partilho agora, no Terra Imunda e no Santa Justa.

Vertigem
Sem pensar duas vezes, naquela bela tarde de verão, conduzi a minha irmã, de visita a Lisboa, pela estreita passagem que levava directamente ao cimo de elevador de Santa Justa. Pretendia surpreendê-la com mais uma das abruptas mudanças de perspectiva que a paisagem da cidade constantemente nos oferece.
Encontrámo-nos as duas, quase de repente, sobre o rendilhado de ferro que permitia ver à transparência o abismo que nos separava da rua do Ouro. Será do Ouro? A mim parecia-me ser... ou outra rua qualquer, lá muito ao fundo.
Subitamente, a minha irmã agarrou-se a mim num abraço constringente, a gemer e a contorcer-se. Perguntei-lhe o que tinha, mas ela não conseguia articular bem as palavras, enquanto, segurando-se com os braços pesadamente nos meus ombros, quase me arrastava para o chão.
- Que tens tu? Que se passa?
-Vertigens - acabei por ouvir a palavra balbuciada, tantas vezes dita por ela e tão temida.
Foi então que entendi os incompreensíveis e inúmeros relatos que ouvira desde criança, sempre que ela fazia alguma viagem. Chegada, na sua narração, ao cimo do miradouro, em vez de se entregar à descrição da esperada bela e exuberante paisagem, explodia em exclamações como estas:
- Foi horrível! Aquilo é medonho! Pensei que morria!
A minha irmã, mais velha sete anos do que eu, sempre me parecera uma mulher muito forte, até àquele momento das nossas vida e apesar dos inesperados relatos do medo que sentiu perante as mais belas paisagens que lhe foi dado vislumbrar. Quando eu era mais nova cheguei mesmo a perguntar-lhe por que razão havia sempre tanta gente fazendo filas para visitar sítios tão desagradáveis e assustadores, tremendos... Também nunca compreendi qual era a resposta a esta pergunta.
Arrastei-a com dificuldade até ao passadiço, pois as suas pernas pareciam feitas de cera mole, sem que os pés encontrassem a firmeza e a segurança dum chão onde pudessem fincar-se. Colocava-os de lado no pavimento, num completo descontrole motor. Pálida como a mesma cera e com os olhos, ora cerrados para não verem a distância, ora voltados na minha direcção, esgazeados e quase em branco.
Chegámos finalmente a um chão de terra, tosco, tendo ao lado do caminho uma grande pedra onde consegui sentá-la. Habituada à situação, no espaço de poucos minutos recuperou a compostura e a boa disposição, levantou-se muito bem e assim prosseguimos a nossa deambulação turística, pela cidade que escolhi para viver e que muito amo.
Quando vi o seu desafio de oferecermos as nossas recordações, ocorreu-me que o elevador nunca tinha tido para mim nenhum significado especial. Foi então que me lembrei disto. E de todo um passado a ouvir, à mesa enquanto jantávamos, nos dias comuns, incompreensíveis narrações de acontecimentos como este, escutadas por toda a família com muita atenção, num silêncio perplexo.




sexta-feira, dezembro 16, 2011

Prémios para os moribundos

Quem diz moribundos, diz monstros sagrados, claro. Como é o caso do recentemente atribuído a Eduardo Lourenço. Conheci em tempos uma jornalista e crítica literária de um conhecido e bom jornal que, após ter bebido alguns copos de whysky, confessou, ou talvez mesmo gabou-se (nem sempre é fácil distingir uma confissão de uma gabarolice, como demonstro claramente na minha peça de teatro a Ilha das Cruzes).
Volto ao princípio: a senhora acabou por me dizer que trabalhava na necrologia: a sua função era escrever elogios a mortos.
É chato. Sendo a matéria inconfessável, a senhora disse-me isto, por pensar que eu nunca  iria repetir as suas palavras Urbi et Orbi. Ainda nem existia Facebook e outras coisas do género...

- Você está moribundo? Que sorte! Candidate-se a melhor escritor, melhor filósofo, melhor... isto e aquilo...



Eduardo Lourenço é o Prémio Pessoa 2011

Pensando melhor, dá para entender que os melhores prémios sejam atribuídos aos moribundos: basta ver este caso, também tratado nos jornais de hoje

Jorge Sampaio reconhece que "não há alternativa ao capitalismo"

Para alguém tão bem conceituado como socialista de primeira água, é no mínimo chata esta declaração. Pois, quando as coisas correm mal, nada mais simples do que mudar de ideologia... prático, sem dor...
Estamos já tão habituados a estas pasmaceiras, que se tornou vulgar esta frase bombástica e inteligente:
"- Eu a mim, já nem me espanta, se vir um porco a voar."
Pois eu, a mim espanta-me. Muito! Tudo isto!

E já agora, poderíamos também instituir o prémio: O Melhor Moribundo de 2011. Concorra!

Nadinha

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Lisbon by Night: Natal 2011





Nesta época natalícia de 2011, Lisboa prima pela discrição, no que às luzes diz respeito.
Mas não pela falta de bom gosto. O desenho de luzes deve ter sido feito por alguém muito bom. E deve ter custado muito caro.


Como vêem, a iluminação valoriza o claro-escuro, os brancos, os dourados e as sombras.
E aqui, no Terreiro do paço, salienta a iluminação natural dos navios no rio e as luzes da outra margem.
Parabéns, Câmara de Lisboa: demonstrou que é possível fazer algo de belo com muito menos dinheiro e muito menos espalhafato. Afinal, quando queremos criticar um enfeite excessivo e disparatado, dizemos:
- Parece uma árvore de Natal.


Nesta noite de Dezembro de 2011, Lisboa não parece uma árvore de Natal. Parece o que é: uma cidade civilizada, a despeito dos políticos, que têm corrompido esta terra e têm posto este país a saque. 



quarta-feira, dezembro 14, 2011

Natal em Lisboa




Um sono tranquilo...
Foi uma das coisas que mais me impressionou, negativamente, quando vim viver para Lisboa. Tantas pessoas a dormir na rua como nunca tinha visto em lado nenhum.
Agora entendo que uma cidade como Lisboa atrai tudo. Muitos ricos, muitos pobres, a riqueza e a miséria... 
Até mesmo aves exóticas.

Não é bom e é mau, mas neste aspeto, como em outros, Lisboa distingue-se pela positiva, enfim, por contraste com outras cidades, por exemplo, Paris. Não acreditam? Vejam!


Paris bane pedintes de zonas comerciais e locais turísticos

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Apagada e vil tristeza



Vários cidadãos pedem uma auditoria à dívida pública, o que vai dar origem a um encontro em Lisboa, no dia 17

VER AQUI

De facto, a Islândia está a levantar-se após a bancarrota, porque, entre outras coisas, responsabilizou e meteu na cadeia os responsáveis pela sua crise.

VER AQUI

E em Portugal, o que temos? As mais variadas suspeitas, contra tudo e contra todos, como acontece sempre que não há justiça, ou seja, nunca... sempre... enfim...

Nos últimos dias, a nossa inteligência tem sido insultada por declarações como esta: Sócrates terá dito que"Tivemos a coragem de aumentar os défices e a dívida"

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/socrates-em-2010-tivemos-a-coragem-de-aumentar-os-defices-e-a-divida=f693361#ixzz1gKiq2Mkv

ou «Sócrates gastou 13,5 milhões em carros», já em 2010 *

Perante esta miséria, os portugueses viram-se obrigados a votar num político sem expectativas, mas quer era a única alternativa ao regime.

Pedro Passos Coelho não tem uma única ideia positiva para o país: parece não conhecer palavras, para usar nos discursos, como: "ideal" "esperança" "bom", "belo", "positivo", sonho, luta,  etc....

Após ter subido as taxas moderadoras numa percentagem que pareceria impossível há poucos meses, o primeiro ministro, longe de apontar para um futuro promissor, declara o seguinte:

Passos Coelho diz que taxas moderadoras ainda podem crescer mais

* E assim se foram os subsídios de natal, de férias, os feriados...

Temos o hábito de pensar que as pessoas ignorantes "burras" são todas boas. Mas, mesmo que sejam, o mal que fazem é, frequentemente, irreparável.

A estupidez é o pior defeito que alguém pode ter e isto não tem nada a ver com inteligência ou com a falta dela!

* Para quando meter este tipo na cadeia? Estão lá muitos, por terem feito muito menos. Mesmo sem estarem inocentes! Quanto mais não seja, poderá ser condenado p
or negligência.


Como aquelas amas-secas que deixam cair os bebés. 

sábado, dezembro 10, 2011

Presépio no Museu de Arte Antiga





Temporariamente exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, este presépio de Santa Teresa de Carnide, faz parte do espólio do museu.



(Para ver mais presépios, clicar, ao fundo desta mensagem, na palavra Presépios. Aparecem todos seguidos, mas só depois deste)

quinta-feira, dezembro 08, 2011

A cobardia dos costumes brandos: ainda a ditadura


Barros Basto: o militar judeu que foi expulso do exército português em 1937 por praticar actos próprios da religião judaica.


É assim que se manifesta a segregação racista e anti-semita em Portugal, por épocas de perseguição aos judeus na Europa. Como o Capitão Barros Basto tentou reinstaurar em Lisboa a prática da religião judaica, entretanto quase desaparecida do país, foi difamado, sob uma acusação falsamente moralista, relacionada com o facto de praticar a circuncisão em rapazes, tendo sido, por esse motivo, destituído das honras militares. Porque é assim que funcionam os brandos costumes: por consenso. Ninguém é perseguido por ser judeu ou judaizante, apenas por ser imoral ou "imoralizante". Como aconteceu com o filósofo grego Sócrates. A neta do militar judeu tem um blogue que pretende ser uma forma de luta pela sua reabilitação e pela reposição da justiça, comparando-o ao famoso caso de Dreyfus, que ocorreu em França. 


Este assunto é também importante para a escrita da nossa história recente.




Mais desenvolvimentos deste assunto em 29 Fevereiro 2012


VER AQUI

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Alcaçuz




Já ouviu falar do alcaçuz? Rebuçados de alcaçuz, etc...

É uma planta medicinal, o que quase será sinónimo de erva daninha. A raíz é dez vezes mais doce do que o açúcar.

Acaba de ser considerada a planta do ano, pelas suas virtudes medicinais extraordinárias, caso anunciado pela World Aild Fund

É bom para quase tudo, desde gripes até problemas de colesterol, mas tem efeitos secundários inconvenientes: retenção de líquidos e consequente aumento da tensão arterial. Que podem ser evitados, ao consumir o extrato, como se vê 


"O extrato, que existe no mercado, de desglicirrizado de alcaçuz (com teores de glicirrizina inferior a 1 por cento), mas com todos os outros constituintes, e cujo consumo evita os efeitos secundários assinalados, constituirá uma alternativa mais aconselhável em necessidade de toma continuada".

Também há rebuçados de alcaçuz, mais antigos até que os de açúcar e viciantes...

terça-feira, dezembro 06, 2011

Fomos debalde, de balde, ou até mesmo, fomos de balde debalde

Ttalvez poucas pessoas saibam o que quer dizer "debalde", assim tudo pegado e até pensarão muitas que seja "de balde", como "com um balde". Pelo menos, aquelas pessoas que dizem coisas como camufulam, subeterrado debaixo de água, panaceira universal, barbacu (english barbecue) e outras complicações linguísticas como : dói-me muito a minha asiática, é tudo derivado ao castrol [colesterol] e outros atropelos à língua de Camões e Pessoa, poetas insignes, que corariam de vergonha, se não estivessem já pálidos de furor pelas cretinices dos políticos e quejandos. É que gostavam de Portugal!



Como o heterónimo de Pessoa, Ricardo Reis, que diz assim, num dos seus poemas : "Passamos e agitamo-nos debalde". - Quer dizer que o homem passa no mundo em vão, inutilmente, sem fazer nada que seja importante para o mundo. E a sua agitação também é inútil. Não o fará grande, a não ser a seus olhos. Aos olhos dos deuses, aos olhos do universo, a passagem do homem na terra é um momento insignificante, que não irá alterar nada, como todos nós intuimos, ao olhar para o firmamento, numa noite de verão. Passamos debalde. E, se tivermos um balde na mão, então passaremos debalde de balde [na mão]. Ou até mesmo de balde [na mão] e debalde (inutilmente). Perceberam?  Beijinhos. Segue o poema de Ricardo Reis, na íntegra. Tadinho, tão deprimido e tão depressivo!


Antes de nós nos mesmos arvoredos
Passou o vento, quando havia vento,
E as folhas não falavam
De outro modo do que hoje.
Passamos e agitamo-nos debalde.
Não fazemos mais ruído no que existe
Do que as folhas das árvores
Ou os passos do vento.
Tentemos pois com abandono assíduo
Entregar nosso esforço à Natureza
E não querer mais vida
Que a das árvores verdes.
Inutilmente parecemos grandes.
Salvo nós nada pelo mundo fora
Nos saúda a grandeza
Nem sem querer nos serve.
Se aqui, à beira-mar, o meu indício
Na areia o mar com ondas três o apaga.
Que fará na alta praia
Em que o mar é o Tempo?

sábado, dezembro 03, 2011

Você disse... Justiça?!


Se você pretende cometer vários crimes perfeitos em Portugal, só precisa de desaparecer por uns tempos. Entretanto o crime prescreve e você volta a ficar inocente, como aquele que estripou três mulheres. Os processos até já foram destruídos.
Que explicação poderá haver para isto, estando vivo o homicida e inocente como um anjo?
Diferentemente acontece se você mata quem o quer roubar, como aconteceu aqui:


Mas a solução é a mesma: sumir por uns tempos até voltar a ser inocente.
Se o estripador não for este, como dizem alguns que não é, então, se encontrarem o outro, ele nem pode ser preso. Pode andar por aí, dar entrevistas, gabar-se do que fez, etc...
Valha-nos o Fado!
(Imagem retirada do blog brasileiro "Paradoxo Jovem")

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Abaixo a Independência de Portugal e a restauração da Independência

Num passado remoto que já deveria ter sido esquecido, D. Afonso Henriques e mais tarde d. João IV meteram na cabeça a ideia peregrina de que Portugal deveria ser um reino independente de Espanha.
Actualmente todos nós desejaríamos pertencer a Espanha, para ganharmos mais dinheiro e vivermos melhor, mas os espanhóis não nos querem.
- Ide para a vossa terra, "galegos ciganos"! - que é como nos chamam. - Fora do euro e da CEE!
Mas agora, com a extinção das comemorações da Independência, já pode ser que nos queiram.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Corrução? No problem

Temos de começar a não considerar a corrupção coisa normal: "se eu estivesse no lugar deles, fazia o mesmo" - costuma ser a desculpa.
Abaixo as desculpas.
Ver Aqui
Este problema parece ser agravado nos países católicos, o que não espanta ninguém, com a única excepção dos católicos.
Afirmei um dia, ao filho dum pastor inglês, que não entendia por que razão os anglo-saxões demitiam os ministros só por terem uma amante, Respondeu: claro que não entende, vocês acham normal que um padre abandone os filhos... 
Que não os reconheça, que os abandone, até mesmo à fome e à morte, sim...
Se pensamos que a igreja católica melhorou drásticamente, vejamos esta notícia: 

Igreja Católica alemã põe à venda a sua editora… pornográfica!

quarta-feira, novembro 30, 2011

Fil Arte Lisboa - continuação



Da última vez que postei aqui sobre este tema, prometi que voltaria. Substituí algumas fotos nos posts anteriores, estavam um nadinha tortas, ou assim, e acrescento algumas neste.
Voltei à Feira depois disso. Havia muito menos gente. Descobri obras que me tinham passado despercebidas. E que aqui vão. É questão de clicar nos links que vos interessarem, ao fundo da mensagem. Aparecem todos seguidos, no écran. [Ai, há gente que ainda não sabe ver blogues!].

Quanto à do tema central, Mabel Poblet, artista cubana, só não comprei, com pena minha, uma das suas peças, que me agradou muitíssimo, porque é feita de um material muito perecível. Películas de plástico... pregadas com pequenas taxas. E sem nada a tapar, que é a técnica utilizada por esta artista. Como sou um Nadinha trapalhona, não me vejo a espanar, espadanar, etc... a obra...  e a minha mulher a dias não será, talvez, a pessoa indicada para o fazer, acho eu...
Enfim, a peça era esta na imagem acima. A foto incluída é o auto retrato da autora.
(Nunca entendi como se conservam certas obras modernas contemporâneas. Muitas. Muitíssimas.)

Enfim, vejamos o que mais descobri de interessante. Não sei até que ponto os blogues têm o direito de postar fotos de obras, mas alguns artistas têm-me agradecido por as divulgar. É algo que fica na net. Que pode ser visto em todo o mundo... Se eu morresse agora, ninguém poderia alterar nada disto. Mas eu não estou morredoira. 
Felizmente. Acho eu. E podem pedir-me que apague. 


Enfim, este blogue vai fazer 6 anos em 1 de Janeiro. Postei muitas obras de arte, muitas críticas à situação política e outra, mas até agora não tive nenhum desentendimento com ninguém, além de ter recebido muitos agradecimentos. 


Um post como este pode não interessar hoje a ninguém e interessar amanhã a muita gente, etc...

segunda-feira, novembro 28, 2011

Feriados, Fado e Fátima

Já que vão acabar com alguns feriados, nada como instituir outros, que tenham mais significado para as pessoas. E alguns podem ficar logo à sexta-feira para sempre.
O dia do fado, por exemplo, podia ser a primeira ou última sexta feira de ... um mês qualquer. Um que não tenha feriados. É claro que algumas pessoas, como uma que conheci, farão ponte de segunda a quinta, mas esses...
O dia do Fado, à sexta, seria seguido pelo fim de semana do fado, com muitos espectáculos, populares e outros, acompanhados por comidas bem regadas de vinhos portugueses, atraindo grande quantidade de turistas.
E, claro, o 13 de Maio também poderia ser feriado.
Conheço muitas pessoas que vão sempre a Fátima no 13 de Maio, algumas mesmo a pé, outras não vão com muita pena...
Não sou suspeita: só fui a Fátima uma vez, há cerca de 10 anos.
Nem sou grande apreciadora de fado. Mas, ao menos, estes feriados seriam realmente, para muitos, a comemoração da data.
Já temos um feriado para um poeta, nada como termos um para uma canção. Parece que Portugal é mesmo o único país cujo dia nacional é o dia (da morte) de um poeta. O que é bonito.
Quanto a tirar os feriados só porque alguns fazem ponte, isso é ridículo: passam a  meter atestados médicos  por uma semana ou mais. Acho bem que acabem com alguns, já muito obsoletos e os substituam por outros. Mas 15 de Agosto, esse é importante: é o italiano Ferragosto.

Em 2007 escrevi neste blogue um post para gozar com o facto de que ninguém sabe o que se comemora a 1 de Dezembro. Não seria o caso, se fosse algo que dissesse respeito à vida normal das pessoas.

Ver aqui:  Feriado de quê?

sábado, novembro 26, 2011

Fil Arte Lisboa






Também muitas pessoas, incluindo eu, apreciaram a obra desta autora espanhola, que vai do fantástico ao fantasmático, ao mitilógico, à crítica irónica. Descubro sempre um autor novo que me agrada, agora foi esta. Amanhã tiro fotos melhores. 
Na Galeria Trindade, simpática Galeria do Porto.

Fil Arte Lisboa 2011




Ou talvez esta chame mais a atenção, por ser enorme, estar logo à entrada e, aparentemente, estar ainda inacabada. Em construção. Permanente?
De Pedro Zamith, intitulada"Urbicanda".
Apetece dizer assim: - "Chegue-se para lá! Dê-me um pincel! Também quero pintar a parede!" (A manta?)



Esta, sobre a condição feminina, também tem muita graça, acentuada pelo título, que segue em imagem.  
De facto, como havemos de nos vestir, nós, as mulheres, se não há grande coisa por onde escolher? Acabamos por andar todas de igual. Fardadas, digamos assim. Camufladas?

Fil Arte Lisboa 2011



Há muitas sobre a condição feminina, como esta de Cecília Paredes. O nome da autora será simmbólico? :)

Fil Arte Lisboa 2011









Ou estes, de Fátima Mendonça, também sobre a condição feminina, em que a mulher se disfarça, metaforicamente, de vários animais. Como  a pintora explica, em princípio de página.
Havi asempre muita gente a ver isto.

Fil Arte Lisboa 2011







A Fil Arte Lisboa tem sempre uma ou outra obra que chama particularmente a atenção. Este ano não teve nenhuma muito extravagante, mas havia sempre muita gente a ver esta, de Mabel Poblet.
Olhando de longe, parece feita de mosaicos, mas vendo de perto, constata-se que é constituída por pequenas películas fotográficas, com esta foto.
Pormenor: é o retrato da mulher do fotógrafo Alberto Korda, muito conhecido pelo famoso retrato de Che Guevara. É constituído  por retratos do próprio fotógrafo...


Mabel Poblet tem 25 anos e uma carreira ascensional.

quinta-feira, novembro 24, 2011

Mulher condenada a 12 anos de prisão por ter sido violada

Uma mulher do Afeganistão, entre muitas outras na mesma situação, foi condenada a 12 anos de prisão por ter sido violada. A filha que resultou do acto encontra-se presa com a mãe. A afegã, de nome Gulnaz, tem duas hipóteses à escolha: ou cumpre a pena, ou casa com o agressor. Neste último caso, pode vir a ser morta pela sua própria família que desonrou, ou pela família do futuro marido, que também "desonrou"... 


Em que mundo vivemos?


VER AQUI


quarta-feira, novembro 23, 2011

Lisboa na publicidade



Vejam que lindo este anúncio do Audi 5 sobre Lisboa.
Podemos considerá-lo uma homenagem à cidade.
Também existe sobre outras cidades do mundo.

sábado, novembro 19, 2011

Adicionar aos favoritos

Existe esta página, que vale a pena conhecer e adicionar aos favoritos.
Tem a capa de todas as revistas e a primeira de todos os jornais que se publicam em Portugal. 
http://www.jornaiserevistas.com/

quarta-feira, novembro 16, 2011

Mudança de mentalidades: precisa-se

Talvez possamos considerar, se há destino e se a determinação existe, que toda esta corrupção política denunciada e entendida, serve para se realizar uma mudança de mentalidades. De futuro, não aceitaremos o mal. Este mal.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Austeridade do OE, escandalosa injustiça

Cito aqui um artigo de opinião do economista António Amaro de Matos, 14 Novembro 2011, in
 Jornal de Negócios


"[...]Ao limitar ao sector público a medida relativa aos subsídios de férias e/ou de Natal repete-se uma injustiça que já vinha do governo anterior com a redução de 5%, ainda vigente. Descriminam-se novamente funcionários e reformados, com o pretexto de que se estão compensando privilégios. Argumento só válido para pessoal não qualificado, aliás os menos atingidos. 

Claro que, com a nova medida, contribui-se para reduzir o défice pela via “virtuosa” da redução da despesa. E como reduções salariais aplicadas a trabalhadores do sector privado não reduziriam a despesa pública, estes foram poupados, poupando-se, de caminho, os descontentes. 

Mas perdeu-se uma oportunidade para dar um impulso muito significativo, talvez decisivo, à competitividade da economia portuguesa. Ao mesmo tempo que se originou uma séria iniquidade. Seguindo-se pela via fiscal, porque não penso possível no sector privado reduzir unilateralmente salários ou pensões (será possível no Estado e no SEE?), seria possível fazer a mesma redução salarial também no sector privado. Seriam cerca de 2,5 mil milhões, já considerada a quebra de IRS, a abater à receita da TSU.
 

Ao mesmo tempo, mantinham-se as relações pré-existentes de níveis de poder aquisitivo entre classes de profissionais, conforme a sua área de actuação, pública ou privada, contribuindo para a aceitação e estabilidade social.

No sector público, podia obter-se a mesma redução “virtuosa” da despesa proposta no projecto de OE, consignando a receita obtida a outras despesas do Estado, por exemplo, à CGA. 

Desvalorizo o efeito na economia da redução dos consumos das famílias. Trata-se de um ajustamento que em grande parte será para ficar. Os consumos vinham sendo artificialmente empolados por facilidades de crédito, o qual, já se sabe, não é possível manter.

E quanto às comparações fáceis com a Grécia, que a comunicação social tem promovido entusiasmadamente, preferiria que ensaiássemos comparações com a Irlanda, que suportou corajosamente medidas duríssimas, viu o PIB descer 15% e está já a crescer."

A injustiça aludida no começo, que julgo escandalosa, especialmente se lhe estiver associada a consideração suspeitada de que o sector público não é base eleitoral dos partidos no Governo*, o que já vi insinuado, acresce a outras também difíceis de explicar. Por exemplo, quanto à chamada aos sacrifícios dos cidadãos com maiores rendimentos, especialmente dos que são objecto de taxas liberatórias. Comunicadas pelos bancos sem referência a titulares dos rendimentos. Sem que o Estado se preocupe por não ter sequer conhecimento de quem lhe paga esses impostos e a que rendimentos correspondem."


* Saliento, eu, Nadinha, esta suspeita de que ninguém tinha ouvido falar: Parece, de facto, consensual que os Governos socialistas meteram na função pública muitas pessoas, que serão potenciais votantes do PS. Por isso, este governo sacrifica-os.

Então e os outros? Os que sempre foram contra essa caricatura chamada Sócrates? E as pessoas honestas e decentes? Estão em desuso? Pois.

domingo, novembro 13, 2011

POORCOS (PIIGS) e outros hominídeos, ou Tio Patinhas versus Patacôncio

"Foi bonita a festa, pá". Da demissão do Berlusconi. E talvez da demisão do Papaqualquer coisa, substituído por um Papaoutracoisa.
Mas ambos foram substituídos por gente afecta aos mercados e aos bancos. Por escravos da finança. Gente de plástico.
Ou seja, "andamos de cavalo para burro", ou, pior ainda, de cavalo para hominídio dos mercados.
O grupo a que nos orgulhamos de pertencer, PIIGS, tradução POORCOS,* está na vanguarda do desastre.
O importante é que os bancos continuem a ter dinheiro, os muitos ricos a continuarem muito ricos, os remediados a tornarem-se pobres, os pobres a serem miseráveis.
Mas para que querem eles tanto dinheiro? Parece a rivalidade do Tio Patinhas versus Patacôncio. 
O que o Tio Patinhas tem, na sua caixa forte e sem qualquer utilidade para os outros, serve só para lhe dar prazer. Um dos seus prazeres é ter mais do que o Patacôncio. Guardado dentro do cofre.

Vamos ver aqui um vídeo que talvez nos esclareça sobre a situação que vivemos.


*PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - Spain em inglês) - traduzido: POORCOS

sábado, novembro 12, 2011

Também há boas notícias

Aung San Suu Kyi, líder política da Birmânia que este presa vinte anos, apesar de ter ganho, entretanto o Nobel da Paz, agora em liberdade, vai provavelmente, participar nas próximas eleições.

Pertence-lhe a frase

"Use a sua liberdade para promover a nossa"

Este blogue muitas vezes se referiu a este problema, como se pode ver aqui, por exemplo

Ou clicando no nome, por baixo desta mensagem.

quinta-feira, novembro 10, 2011

Livros Ultra-Light

Fui hoje comprar a revista Sábado a uma banca de jornais. Por aí, tudo normal. Uma outra cliente da banca dos jornais ofereceu-me 3 livros, no valor de 6 Euros e 40. Tinha-os comprado para a sua mulher-a-dias, a qual não os quis por já os ter repetidos. Poisou-os em cima dos jornais, eu fui logo "cheirá-los", ofereceu-mos.


São livros ultra-light, tão light que nem se encontram nas livrarias. Creio que correspondem às fotonovelas que se liam antes do 25 de Abril. Ou aos da Corin Tellado, mas mais marginais.


Comecei a ler um: a rapariga encontrou na praia um mocetão bronzeado, muito másculo, etc, apaixonaram-se um pelo outro... Começa assim, não me parece que acabe mal...


Como leitora compulsiva de tudo quanto seja legível em todas as línguas que eu conheça, mal posso esperar para me atirar à leitura. Depois conto. Se me lembrar de contar.


Como quando li duma assentada todos os livros da irmã Lúcia, oferecidos também por alguém que os recebeu e não os quis.
Ou uma caixa de sapatos cheia de cartas e de postais recebidos por uma freira que, mudando de terra, não poderia fazer-se acompanhar de nada, mas não os queria deitar fora... ofereceu-os a alguém que mos deu. Comoveu-me a delicadeza das emoções e das ofertas de comida entre freiras, porque as outras oferendas não se podem guardar...
Parece-me que fiz justiça às cartas, que nem podiam ser guardadas, nem ir para o lixo. Hei-de voltar a lê-las.

terça-feira, novembro 08, 2011

Acordo ortográfico: Conversor Ortográfico Lince e corrector automático Microsoft

Se você tem textos em português antigo, o mesmo que dizer, em português actual, que em breve se tornará antigo, pode convertê-los rapidamente em português moderno.
Basta importar da net o


Conversor Ortográfico Lince (clicar por cima).


Depois, é colocar lá o textos "antigos". O conversor altera a ortografia do texto todo, sem alterar a formatação.


Se pretende fazer correcção ortográfica com o novo acordo, é importar da net e do Microsoft a actualização.


Por exemplo, AQUI


P.S.: Se isto foi útil para vocês, escrevam assim, aqui: "Obrigado/a Nadinha!"
P.S.2: Constato que muita gente veio aqui, levou e nem disse "Obrigado/a Nadinha!" Nem "Água Vai!".

Acordo ortográfico

Existe na net um bom guia do acordo ortográfico.

Uma linguista, amiga da Nadinha, diz que está muito bom.

A tendência vai no sentido de acabar com, ou pelo menos reduzir, os acentos e os hífenes. Só o saber isto, já ajuda a entender o resto. E acabar de vez com as consoantes que não se pronunciam: há as que se pronunciam aqui e não no Brasil e vice-versa.
A regra, um pouco estrambólica é: se em Portugal se pronuncia, os portugueses são obrigados a escrever, mesmo que não seja obrigatório no Brasil, mesmo se for proibido para os brasileiros. 
Ninguém é perfeito, e os acordos também não o são...
Exemplo: a palavra facto em Portugal, fato no Brasil.

Curiosidade engraçada: a palavra Egito passa escrever-se assim e, por esse motivo, não pode ser pronunciada Egipto. Esta pronúncia era um pouco afetada, talvez pronúncia de tia. 

Ao obrigar todo o mundo a dizer assim, faz uma alteração fonética da língua portuguesa.

Aparentemente, e ao contrário do que se afirma nos princípios gerais e metodológicos, também se fazem alterações na morfologia e na semântica. Assim, se Maio e Primavera se escrevem agora com letra minúscula, imitando o francês, também é verdade que se está a estabelecer uma diferença de grau dentro dos nomes (antigos substantivos) próprios: passa a haver pelo menos dois tipos de nomes próprios: os que se escrevem com letra maiúscula e os outros. 
Esta distinção é baseada em que critérios? Só pode ser em critérios semânticos...


(P.S.: Se isto foi útil para vocês, escrevam assim, aqui: "Obrigado/a Nadinha!")
Vieram cá muitas pessoas ver isto e não escreveram "Obrigado/a Nadinha!", nem "Água Vai". 

segunda-feira, novembro 07, 2011

Quadrilha

Ninguém sabe de Duarte Lima? Estranho... talvez ande a estudar filosofia com o Sócrates.

Esta gente gostava tanto de se exibir, como é que desaparece assim, de repente?

domingo, novembro 06, 2011

OLÁ, JANITO. WELLCOME.

"Retalhos da Vida de" uma Setôra I

Uma amiga minha é professora, como vocês sabem, e conta-me às vezes algumas histórias, incluindo esta, de quando trabalhou no Algarve. Vou iniciar a série "Retalhos da Vida de" uma Setôra, que inclui episódios já narrados, neste blogue, mas com link para eles.. 

Eu tinha uma turma do ensino secundário, com opção de Desporto. Quase todos os alunos eram jogadores da Torralta, ganhavam bem, viviam em grupo, às 6 da manhã já andavam a correr e a saltar, às 8 e meia estavam na minha aula cheios de speed, enquanto eu morria de sono da noitada da véspera...
A Torralta obrigava-os a estudar, mas não a ter resultados. Podiam chumbar todos os anos, que tudo bem.

Havia duas raparigas na turma, muito aplicadas e sossegadas, que não tinham nada a ver com os outros e um moço pouco atlético, mas filho de uma advogada e política local, o pior de todos e que me ameaçava com a mãe e com as leis da mãe. As raparigas estavam à frente e eu tentava dar aulas para elas as duas, enquanto os outros se riam, se divertiam, etc...

Tudo corria horrendamente mal, até que eu tive uma queda de tensão e de glicémia, o que me acontece muito. Fiquei pálida, com os olhos descentrados, sentei-me.
- O que é que a setôra tem?
Pela primeira vez, ficaram todos calados a olhar para mim. Disse-lhes que não era grave. Mas que eu poderia desmaiar. 
- Bem, se eu desmaiar, não se assustem, estas duas meninas (as tais) ficam aqui, uma de cada lado da minha cadeira, para não me deixarem cair ao chão. Alguém que me vá buscar um café com muito açúcar. E deixem-me em paz, não chateiem. Daí a pouco, fico bem.

Saíram quase todos, as doces mocinhas ficaram ao meu lado, simpáticas e atentas. Não tardou muito, regressaram todos os rapazes. Cada um deles trazia um café quase compacto de tantas carradas de açúcar que lhe tinham deitado. Colocavam o café em cima da mesa e sentavam-se no seu lugar, a olhar para mim, muito atentos, com uma expressão muito preocupada. Como não aguentei aquela atenção inusitada, pedi-lhes que me levassem para a pastelaria mais próxima, onde todos me chamavam a "doutora do Cimbalino". Cimbalino era o termo que se usava no Norte do país (Portugal) para designar o café expresso, a máquina tinha a marca italiana La Cimbali. E ali fiquei até à aula seguinte, que fui dar. Nunca faltei a uma aula sem um forte motivo.

Um motivo muito forte, nessa época, foi que me sentia sozinha, desadaptada e esquisita. No Carnaval, meti um atestado quinta e sexta feira, para o ir passar ao Porto. Ou talvez mesmo à minha terra, não me lembro bem. Creio que já contei neste blogue a aventura do atestado, passado por um médico que nunca cheguei a ver e pela sua simpática esposa. Chamado Liberto Espinha. Deve estar neste blogue, mas não está indexado, como quase todos os primeiros posts.

Cenas dos próximos capítulos: "Os aluno miam..."

sábado, novembro 05, 2011

BURRO MÓRBIDO

BURRO MÓRBIDO

Ao escutar esta expressão na televisão e sem estar muito atenta, (não ligo muito à televisão), sou, obviamente, levada a pensar:

- O quê? BURROS MÓRBIDOS? Isso é coisa que não falta neste país, a começar por um tipo que nem conseguiu tirar um curso, (a não ser aos domingos), mas que conseguiu dar cabo da nossa economia, da nossas política, da nossa moral e que, estranhamente, está em liberdade. Não uma liberdade provisória, mas uma estranha liberdade de fazer tudo o que lhe apetece, incluindo gastar o erário publico dum país, apesar de ser um BURRO MÓRBIDO, etc...

Como sou um pouco distraída ou desatenta ( quanto não prestamos atenção a uma coisa é porque estamos a prestar atenção a outra) dou-me conta, de repente, de que estou a ver, sem lhe prestar atenção,  a Televisão Italiana. 

Um programa de Culinária. A RAI Uno tem programas giríssimos de culinária e gastronomia que aconselho vivamente, como por exemplo, "La prova del Cuoco" Sábado de manhã, ou mesmo "Linea Verde" Domingo de manhã, ambos ao fim da manhã.

Bem, desculpem, acho que me enganei. Percebi mal.
BURRO MÓRBIDO, em italiano, quer dizer manteiga (burro) mole (morbido)

É quase como a expresão italiana TASCA SINISTRA. Adivinhem o que quer dizer. Resposta: bolso (Tasca) esquerdo (Sinistro/a).

P.S.: (PS?): Nunca me passaria pela cabeça, sequer, chamar burros mórbidos ao que votaram no BURRO MÓRBIDO e que o reelegeram.

sexta-feira, novembro 04, 2011

Civismo, Civilização, versus Medo

Alguns estudantes e turmas inteiras de alunos reflectem a sociedade portuguesa no seu pior.
Todos nós tivemos professores horríveis, uns que não sabiam nada, outros, ou os mesmos, que tinham um temperamento insuportável. Ainda os há, se bem que mais moderados nos danos que podem causar... pois já quase não existe a agressão física.
Os alunos que refiro, portam-se muitíssimo bem com professores horríveis e muitíssimo mal com os outros. Como consequência, os professores mais simpáticos e que mais seguem a pedagogia correcta, são os mais martirizados. Os que nada entendem disso nem querem entender, esses estão sempre bem. Reinam pelo terror.

Não é isso o que acontece, em geral, na sociedade portuguesa? Passa-se o sinal vermelho e o risco contínuo, conduz-se com excesso de velocidade e sob o efeito do álcool, mas, sob o efeito do medo, somos exemplares.

Há muitos anos atrás (provavelmente ainda agora), acontecia muito o seguinte:
Um tipo que ia a conduzir via um parente ou um amigo e fingia que o ia atropelar. Guinava para cima dele e, quando estava quase a colidir, guinava para outro lado ou metia travões a fundo. Esta manobra era de alto risco. Por isso aconteceu muitas vezes matarem os filhos, os pais, as esposas, as namoradas e os amigos. 
Sem culpa nenhuma! Coitadinhos! Estavam só a brincar...

Por essa altura, numa longa viagem em Marrocos, constatamos que o motorista fazia esta brincadeira sempre que encontrava grupos na beira da estrada (o que era raro). Mas quase todos fugiam a sete pés, mal viam aproximar-se uma viatura...